A Oxford Street estava
cercada por policiais, que impediam a multidão de curiosos de se
aproximarem do corpo, coberto por um pano preto no meio da rua.
Sob os olhares de
admiração, Holmes caminhou até a vítima olhando atentamente para
o chão, buscando alguma pista.
Lestrade levantou o
pano e vimos o corpo decapitado, que parecia ser uma senhora de idade
avançada. As vestes eram simples e não havia nenhuma joia. Embaixo
de suas unhas havia muita terra.
O corpo estava de
bruços no solo e parecia ter sido jogado ali.
- Pela rigidez do
corpo, ela foi morta esta noite. – comentei.
- Há vários
hematomas; ela deve ter lutado com o assassino. – observou
Holmes, olhando o corpo com sua lupa.
- Não encontramos
nenhuma testemunha e não sabemos como este corpo veio parar aqui.
Não faço ideia por onde começar a investigar. – resmungou
Lestrade.
- Pelas vestes e pela
terra em sua unha, trata-se de uma camponesa. Os camponeses vieram
para a cidade para trabalhar nas indústrias, então você deve
orientar seus policiais a procurarem por uma senhora desaparecida
pelos arredores das fábricas. Corte um bom pedaço da barra do
vestido dela e distribua recortes para ajudá-los na investigação.
– sugeriu Holmes.
Holmes retirou um
canivete e um lenço de seu casaco. Com o canivete, segurou a mão da
senhora assassinada e raspou a terra que havia debaixo das unhas
sobre o lenço.
Na rua não encontramos nenhuma pista e o corpo foi levado ao necrotério.
Meu amigo e eu tomamos
um coche e fomos a um dos bairros mais nobres de Londres, onde ele
era proprietário de uma enorme casa, na qual possuía um excelente
laboratório.
Enquanto a governanta
me servia chá, Holmes analisava atentamente o material que havia
colhido das unhas da vítima em seu microscópio.
- Esta terra é muito
boa, está repleta de fertilizante. Também encontrei vestígios de
uma erva em baixo da unha dela, além de carvão e pele humana; ela
arranhou o assassino. – comentou Holmes, animado com o novo caso.
- Se tem carvão, então
você estava certo em relação a ela morar nas proximidades de uma
fábrica. – observei.
Holmes foi até sua
estante e pegou um gigantesco livro sobre ervas.
- Esta erva também não
será difícil de ser identificada; sua cor é amarela. – disse
ele, folhando o livro.
A governanta trouxe o
almoço, do qual me servi sozinho. Holmes não interrompia uma
pesquisa enquanto não descobrisse o que procurava.
À tarde fui para o meu
consultório, deixando meu amigo entretido em sua investigação.
Quando retornei à noite para o nosso apartamento, nem sinal dele.
“Ele não vai
desgrudar daquele livro e do microscópio enquanto não descobrir a
tal erva”, pensei.
Na manhã do dia
seguinte, estava na sala lendo o jornal quando ele entrou com cara de
quem passou a noite em claro.
- Descobri a erva,
Watson! Se chama flor dente de leão e é muito usada para fins
medicinais. No livro estava escrito que ela é excelente no
tratamento de doenças hepáticas, serve com anti-inflamatório e
desintoxicante. – contou-me ele.
- Interessante Holmes,
embora eu não receite ervas para meus pacientes. – eu não entendi
no que aquela informação poderia ajudar.
Nossa criada anunciou a
visita de Lestrade, que entrou trazendo consigo um pequeno
acompanhante.
- Bom dia, rapazes.
Apareceu outro corpo decapitado, desta vez em frente à Trafalgar
Square. O corpo de hoje é de um homem e temos uma testemunha; este
moleque viu quando foi jogado. – o inspetor mostrou a criança que
segurava pela gola da camisa.
- Isso não é um
menino Lestrade; é um “projeto de senhorita”. – observou meu
amigo, com ironia.
- Nossa, um "poste que
fala"! – retrucou a menina, que não gostou da forma como foi
chamada.
Holmes assustou-se com
o atrevimento da pequena, que aparentava não ter mais que oito anos.
A menina trajava roupas masculinas, com calça e suspensório. Seu
cabelo, na altura do queixo, parecia ter sido cortado por uma faca,
de tão mal cortado.
- Debaixo de tanta
sujeira e com estas roupas, como poderia adivinhar que fosse uma
menina? E como uma senhorita pode se vestir desta maneira? Mas o que
importa é que ela viu quando o corpo foi jogado na rua. Ande menina,
conte novamente o que você viu. – ordenou Lestrade à criança.
- Só se prometer que
vai me soltar! – retrucou a pequena.
- Pois bem! Comece a
contar! – insistiu o inspetor.
- Eu estava sentada ao
lado de “um leão” na praça, ontem à noite, quando passou uma
carruagem grande e nova, com cavalos pretos. O cocheiro era um homem
de capa preta, de chapéu e com um lenço preto no rosto e tinha
alguma coisa grande do lado dele. Ele jogou a coisa na rua e eu vi
que era uma pessoa sem a cabeça. Eu gritei de susto e o homem parou
a carruagem na rua e saiu correndo atrás de mim. Eu corri sem olhar
para trás, até que vi que ele não estava mais me seguindo. –
contou a criança.
- E o que uma senhorita
como você fazia à noite na praça, vestida como um menino? –
estranhei.
- Não é da sua conta!
– respondeu-me mal criada.
- Ela disse que não
tem família, mas eu vou descobrir a verdade. Como pode uma menina
vestir calças! Holmes, a descrição do assassino que ela fez ajuda
em alguma coisa? – perguntou o inspetor.
- Sim, uma carruagem
grande e nova só pode pertencer a alguém rico. Ou estava sendo
conduzida pelo próprio proprietário ou por um cocheiro particular.
Vamos até a praça investigar a nova vítima. – respondeu meu
amigo.
- Vão vocês dois. Preciso descobrir quem é esta senhorita antes de perdê-la pelas
ruas. – avisou-nos Lestrade.
O cenário da praça
não era diferente da Oxfort Street no dia anterior; policiais e
curiosos por todos os lados e um corpo coberto por um pano preto.
Holmes e eu nos
aproximamos da nova vítima e levantamos o pano. Era o corpo de um
homem muito bem vestido; no dedo de sua mão havia um belo anel de
ouro e em seu bolso, um fino relógio.
- Estranho! Primeiro
uma senhora simples, agora um homem da classe alta! Que ligação
pode haver entre eles? Ou será que o assassino mata qualquer um que
tenha a má sorte de lhe cruzar o caminho? – especulei.
- Duvido muito, Watson.
Este tipo de crueldade não é comum; é praticado somente por
psicopatas e eles são seletivos em relação a suas vítimas.
Preciso descobrir a relação entre a pobre senhora e este coitado. –
respondeu meu amigo, analisando o corpo com sua lupa.
Desta vez, não havia
hematomas, mas novamente não havia nenhuma pista que pudesse identificar a vítima.
- Em se tratando de um
homem rico, não vai demorar muito para a polícia descobrir quem é. – conclui Holmes.
Meu amigo seguiu para o
necrotério para acompanhar a análise dos legistas e eu precisei ir
para o meu consultório.
Passei todo o dia
pensando no caso. Quando consegui terminar meu trabalho, corri para o
apartamento, onde encontrei Holmes e Gregson de saída.
- Chegou bem na hora Watson! Gregson veio me avisar que o homem morto hoje já foi identificado. A família foi a policia reclamar seu desaparecimento e reconheceu suas roupas. O filho da vítima quer falar comigo e estamos indo para a casa dele. - informou meu amigo.
- Vou com vocês! Não vejo a hora de pegarmos este criminoso. - disse-lhe.
- Chegou bem na hora Watson! Gregson veio me avisar que o homem morto hoje já foi identificado. A família foi a policia reclamar seu desaparecimento e reconheceu suas roupas. O filho da vítima quer falar comigo e estamos indo para a casa dele. - informou meu amigo.
- Vou com vocês! Não vejo a hora de pegarmos este criminoso. - disse-lhe.
Na rua, pensei que
íamos chamar um coche, mas Holmes nos levou até uma bonita
carruagem que estava parada em frente ao nosso prédio.
- Entrem. Eu vou conduzir. - avisou-nos.
- Uma carruagem? - estranhei.
- Dedução brilhante Watson! Comprei hoje. Pretendo fazer rondas noturnas atrás do assassino. – contou-nos Holmes.
- Tem certeza que sabe controlar estes cavalos Holmes? - perguntou Gregson.
- E há alguma coisa que eu não faça com perfeição Gregson? - confrontou meu amigo.
- Não, Holmes. Até a sua modéstia é perfeita! - ironizou o inspetor.
- Modéstia é coisa de hipócritas! Entrem logo. – ordenou Holmes, sem paciência.
- Entrem. Eu vou conduzir. - avisou-nos.
- Uma carruagem? - estranhei.
- Dedução brilhante Watson! Comprei hoje. Pretendo fazer rondas noturnas atrás do assassino. – contou-nos Holmes.
- Tem certeza que sabe controlar estes cavalos Holmes? - perguntou Gregson.
- E há alguma coisa que eu não faça com perfeição Gregson? - confrontou meu amigo.
- Não, Holmes. Até a sua modéstia é perfeita! - ironizou o inspetor.
- Modéstia é coisa de hipócritas! Entrem logo. – ordenou Holmes, sem paciência.
A mansão em Kensington
era tipicamente uma casa aristocrata vitoriana, com uma frente
simples e o seu interior amplo e escuro; as paredes eram repletas de
tapeçarias e quadros e os móveis pesados, com estatuetas e
enfeites espalhados por toda a decoração.
Fomos conduzidos por um
criado a um escritório, onde havia nas paredes símbolos
astrológicos e cabalísticos. Holmes observou todos os objetos
atentamente.
Um homem de uns
quarenta anos de idade, muito elegante e abatido, entrou nos
cumprimentando com sobriedade.
- Senhor Holmes, o conheço por sua fama e agradeço ter atendido meu chamado. Sou o Senhor Ian Heston, filho de Senhor Terence Paul Heston. – apresentou-se o homem.
- Sinto muito por seu pai, Senhor Heston. – cumprimentou-o Holmes.
- Quero contratá-lo para descobrir o assassino. Não conseguirei dormir enquanto este monstro estiver impune. - disse-nos o filho.
- Senhor Holmes, o conheço por sua fama e agradeço ter atendido meu chamado. Sou o Senhor Ian Heston, filho de Senhor Terence Paul Heston. – apresentou-se o homem.
- Sinto muito por seu pai, Senhor Heston. – cumprimentou-o Holmes.
- Quero contratá-lo para descobrir o assassino. Não conseguirei dormir enquanto este monstro estiver impune. - disse-nos o filho.
Após as demais
apresentações, nos acomodamos nos sofás do ambiente.
- Minha família é
tradicional nesta cidade. Meu pai é proprietário de uma indústria
bem sucedida de armações de aço. Ele era uma excelente pessoa,
frequentava os melhores lugares de Londres e não tinha inimigos. –
contou-nos o Senhor Heston.
- Seu pai fazia parte
de uma sociedade oculta? Suponho pelos símbolos nas paredes. A
estrela de seis pontas, os hexagramas e esta cruz ansata sobre a mesa
pertencem a qual ordem? – perguntou meu amigo.
- Os homens de minha
família pertencem à Ordem Hermética da Aurora Dourada. É uma
sociedade que pratica ensinamentos ligados à magia com fim de
aprimoramento pessoal. Posso-lhe garantir que, em nossa Ordem, só há
pessoas da melhor índole.
- Pelo jeito, o senhor
não tem nenhum suspeito para nos indicar! – resmungou o inspetor.
- Minha família está
chocada com o que aconteceu a meu pai. Nosso círculo é frequentado
somente por pessoas muito respeitadas e meu pai era muito querido por
todos. Não há nada que possa ter motivado esta atrocidade. –
respondeu o filho.
- Uma camponesa de
idade avançada foi assassinada ontem, nas mesmas condições de seu
pai. Seria ela uma criada ou conhecida de sua família? –
questionou Gregson.
- Não, nossos criados
estão conosco há anos, são de confiança e estão todos vivos.
Entre os funcionários de nossa indústria não há senhoras de idade
avançada. – esclareceu Senhor Heston.
- Hoje é um dia
difícil para a sua família e não vamos mais tomar o seu tempo. Se
o senhor se lembrar de algo que possa nos ajudar, nos procure. Até
mais Senhor Heston. – despediu-se Holmes se levantando.
- Estarei à sua
disposição e mantenha me informado sobre o que descobrir. – pediu
o filho.
Após as despedidas,
regressamos a Baker Street.
- Holmes, por favor,
nos diga que já tem alguma ideia sobre o que está acontecendo neste
caso. – disse Gregson, entrando conosco em nosso apartamento.
- Ainda não tenho
fatos suficientes. – respondeu meu amigo.
- E a criança que viu
o assassino na praça, onde ela está? – perguntei ao inspetor.
- Foi entregue ao pai.
Descobrimos que ela é uma trombadinha que pratica roubos na
Trafalgar Square. Sua mãe morreu e ela havia fugido de casa. –
respondeu.
Após jantarmos os três
juntos, o inspetor foi para casa e Holmes saiu para sua ronda
noturna.
No dia seguinte, no
café da manhã, me contou que não tinha visto nada de estranho
durante a noite.
Trabalhei em meu
consultório durante todo o dia e só no final da tarde fiquei
sabendo que nenhum outro corpo havia aparecido.
“O assassino não agiu esta noite. Será que vai parar com estes crimes?”, pensei.
“O assassino não agiu esta noite. Será que vai parar com estes crimes?”, pensei.
À noite, me ofereci
para ir com Holmes em sua vigia noturna; era sexta-feira e eu não
trabalharia no dia seguinte.
No passeio sob a
neblina pelas ruas dos bairros nobres, aproveitamos para relembrar
diversos casos que investigamos juntos. Embora a cidade estivesse
tranquila, cruzamos com várias carruagens pelo caminho, mas nenhuma
que nos levantasse suspeitas.
Ao passarmos pela
Trafalgar Square, notei que, ao lado do pedestal de uma das estátuas
de leão da praça, uma criança parecia dormir.
- É a menina que viu a
carruagem do assassino. – apontei-a para Holmes.
- Como um pai pode
permitir uma filha nesta situação? – disse meu amigo
inconformado.
- Infelizmente, uma boa
parte das famílias de baixa renda não cuidam de suas crianças como
deveriam. – respondi.
- Meu Deus! – Holmes
parecia ter visto algo a mais ali.
Observei melhor e,
mesmo estando bem longe, também vi uma sombra surgir por detrás do
“leão”. Era um homem de capuz e capa preta. A menina não teve
tempo de reagir e foi agarrada pelo homem.
- Pare! – gritei,
apontando minha arma para o homem.
Holmes bateu forte a
rédea dos cavalos e os guiou para dentro da praça, em direção ao
suspeito que saiu correndo pelo lado oposto com a criança se
debatendo em seu ombro.
O homem conseguiu subir
em um cavalo antes que o alcançássemos e saiu em disparada.
Quando estávamos perto
dele, tentei fazer mira, mas não pude atirar porque a menina, no
ombro do assassino, cobria-lhe as costas e, na velocidade em que
corríamos, eu não tinha controle suficiente para acertá-lo.
O assassino em seu
cavalo conseguia se locomover com muito mais facilidade pelas ruas do
que a nossa carruagem, que tinha que se desviar de outras carruagens.
Mesmo assim, conseguimos uma boa aproximação dele e nos foi
possível ver o pequeno rosto desesperado de medo da criança.
- Watson, segure as rédeas! - pediu meu amigo.
- Watson, segure as rédeas! - pediu meu amigo.
Ao me passar a
condução, Holmes foi se equilibrando na carruagem como se quisesse
chegar até os cavalos na frente. Sua intenção era pular sobre o
assassino quando conseguíssemos chegar ao lado dele.
Na perseguição,
passamos por muitas ruas em alta velocidade e era difícil contornar
as esquinas. Algumas vezes, a carruagem parecia que ia virar no chão.
Holmes usou de toda sua
habilidade para pular sobre um dos cavalos da nossa carruagem e já
se preparava para avançar sobre o assassino, do qual estávamos bem
próximos, quando, ao virarmos em uma esquina, senti uma batida que
me atirou no portão de uma casa do outro lado da rua.
O cavalo do assassino
empinou, mas ele conseguiu controlá-lo e escapar da colisão.
Já a nossa carruagem
capotou com um coche, indo todos os cavalos ao chão e os ocupantes
arremessados pela rua.
O cocheiro caiu próximo
a mim e, pelo sangue em seu rosto, havia batido feio sua cabeça. De
dentro do seu coche de aluguel, um homem gritava assustado.
O acidente foi muito
rápido. Vi Holmes caído do outro lado da rua e, após alguns
segundos se recuperando da queda, ele se levantou e saiu correndo atrás do cavalo do assassino.
Olhei para os nossos
cavalos que tentavam se levantar e calculei que não daria tempo de
desatrelá-los para continuar a perseguição. Sai correndo atrás de
Holmes também a pé.
Corremos como loucos
atrás do assassino até que seu cavalo desapareceu de nossa vista na
neblina e não conseguimos mais identificar para onde havia ido.
Holmes, sem fôlego,
sentou-se no meio da rua, desolado olhando para o chão.
Senti o mesmo pavor que
ele e também acabei sentando-me no chão, completamente sem ar. Em
minha mente, eu só conseguia pensar no que o assassino faria com a menina.
Finalmente meu amigo me
encarou e eu conhecia bem o seu olhar; ele não sabia o que fazer.
Levantamos e retornamos
para o local do acidente, onde o cocheiro nos recebeu aos gritos.
- Foram eles, foram eles!
- Foram eles, foram eles!
Ouvimos o apito de um
bobbie vindo em nossa direção.
- Vocês estão presos; se identifiquem! - ordenou o bobbie.
- Eu sou Doutor John Watson e este é o Senhor Sherlock Holmes. – nos apresentei.
- Vocês estão presos; se identifiquem! - ordenou o bobbie.
- Eu sou Doutor John Watson e este é o Senhor Sherlock Holmes. – nos apresentei.
O bobbie de boca aperta
deixou seu apito cair.
- Desculpe-me Senhor Holmes, mas terá que me acompanhar para esclarecimentos. - recuperou-se o bobbie, procurando demonstrar respeito por meu amigo.
- Desculpe-me Senhor Holmes, mas terá que me acompanhar para esclarecimentos. - recuperou-se o bobbie, procurando demonstrar respeito por meu amigo.
Ofereci-me como médico
para cuidar do cocheiro e de seu passageiro, mas ambos recusaram
muito bravos.
Na sede da policia
metropolitana, tivemos que pedir para que Lestrade fosse chamado para
intervir em nossa prisão. Mesmo com Holmes pagando todos os
prejuízos, o cocheiro não era um de seus admiradores e insistiu em
nos acusar de tentativa de homicídio.
Holmes e eu nos
olhávamos apreensivos, não pela prisão, mas pela impotência em
não poder salvar a criança. Meu amigo andava de um lado para o
outro, olhando para o chão com a mão na cintura, enquanto eu,
sentado em uma cadeira, rezava pedindo a Deus que protegesse a menina
daquele monstro.
Lestrade chegou e eu
lhe contei o ocorrido. Após passar um bom tempo conversando com o
cocheiro, ele conseguiu convencê-lo a retirar a queixa contra nós.
Com a carruagem toda
danificada, Holmes e eu levamos os cavalos para sua mansão, onde
havia uma cocheira.
Já era manhã quando
retornamos ao nosso apartamento. Após o banho, meu amigo se jogou no
sofá em uma tristeza profunda. Nem eu e nem ele conseguimos comer ou
dormir.
- A culpa foi minha! Eu não consegui evitar a colisão. - disse-lhe angustiado.
- Não seja tolo, foi um acidente! Não tínhamos como evitar. - retrucou-me.
- Não consigo nem pensar no que aquela criança deve estar passando nas mãos daquele monstro! Se é que ainda está viva! - sentia muito oprimido.
- A culpa foi minha! Eu não consegui evitar a colisão. - disse-lhe angustiado.
- Não seja tolo, foi um acidente! Não tínhamos como evitar. - retrucou-me.
- Não consigo nem pensar no que aquela criança deve estar passando nas mãos daquele monstro! Se é que ainda está viva! - sentia muito oprimido.
Passamos toda a manhã angustiados. Só nos restava aguardar que surgisse alguma
novidade no caso.
Não conseguimos
almoçar. Fui até a janela para me distrair e observei uma
carruagem da policia chegando à frente ao nosso prédio.
- Gregson está aqui. - avisei Holmes, com medo daquela visita.
Poderia significar que encontraram mais um corpo decapitado, e desta de vez, o de uma criança.
- Gregson está aqui. - avisei Holmes, com medo daquela visita.
Poderia significar que encontraram mais um corpo decapitado, e desta de vez, o de uma criança.
Pelo olhar temeroso de
meu amigo, percebi que ele pensou a mesma coisa.
- Bom dia senhores! Soube que tiveram uma noite agitada. - entrou Gregson, nos cumprimentando.
- Encontraram outro corpo? – indaguei-o, não me aguentando de ansiedade.
- Por enquanto não e trago uma boa notícia. Identificamos a primeira vítima. Nossos policiais bateram de porta em porta nos bairros ao redor das indústrias, como você havia sugerido Holmes e, em um deles acabou descobrindo sobre uma senhora desaparecida. Levamos o homem que reclamou do desaparecimento de sua mãe ao necrotério e ele reconheceu o vestido. Quer ir a casa dele para interrogá-lo? - ofereceu Gregson.
- Sim, preciso confirmar minhas suspeitas. - aceitou Holmes.
- Bom dia senhores! Soube que tiveram uma noite agitada. - entrou Gregson, nos cumprimentando.
- Encontraram outro corpo? – indaguei-o, não me aguentando de ansiedade.
- Por enquanto não e trago uma boa notícia. Identificamos a primeira vítima. Nossos policiais bateram de porta em porta nos bairros ao redor das indústrias, como você havia sugerido Holmes e, em um deles acabou descobrindo sobre uma senhora desaparecida. Levamos o homem que reclamou do desaparecimento de sua mãe ao necrotério e ele reconheceu o vestido. Quer ir a casa dele para interrogá-lo? - ofereceu Gregson.
- Sim, preciso confirmar minhas suspeitas. - aceitou Holmes.
Saímos na carruagem da
policia em direção ao bairro de periferia. As casas eram muito
pobres e o nevoeiro cinza, devido ao carvão das fábricas, dava um
aspecto depressivo ao bairro.
Descemos em frente a
uma pequena casa rústica e fomos recebidos por um homem de aparência
de uns cinquenta anos.
- O que querem aqui? - perguntou assustado.
- Boa tarde senhor, sou o policial que lhe atendeu hoje pela manhã. – anunciou Gregson.
- Foi bom ter vindo aqui! Eu pensei muito e, mesmo com medo, resolvi contar sobre quem matou a minha mãe. – disse-nos o filho.
- Quem é o assassino? – perguntou o inspetor apreensivo.
- Na noite de quinta-feira, um coche particular veio buscar minha mãe para atender uma mulher rica que estava passando mal. – contou o homem.
- Atender uma mulher rica? Como assim, atender? – estranhei.
- Minha mãe curava pessoas com benzimentos e chás. – explicou o homem.
- O que querem aqui? - perguntou assustado.
- Boa tarde senhor, sou o policial que lhe atendeu hoje pela manhã. – anunciou Gregson.
- Foi bom ter vindo aqui! Eu pensei muito e, mesmo com medo, resolvi contar sobre quem matou a minha mãe. – disse-nos o filho.
- Quem é o assassino? – perguntou o inspetor apreensivo.
- Na noite de quinta-feira, um coche particular veio buscar minha mãe para atender uma mulher rica que estava passando mal. – contou o homem.
- Atender uma mulher rica? Como assim, atender? – estranhei.
- Minha mãe curava pessoas com benzimentos e chás. – explicou o homem.
Olhei para Holmes que
ouvia atentamente a conversa. Suas suspeitas estavam confirmadas e a
erva que havia encontrado na unha da senhora era mesmo para fins
medicinais.
- Foi à última vez que vi minha mãe. Foi o cocheiro quem a matou, só pode ser. – acusou o filho.
- O senhor sabe quem é a mulher rica? – perguntou Holmes.
- Não, mas eu me lembro bem do cocheiro. Eu consigo reconhecê-lo se o encontrar de novo. – afirmou o homem.
- Perdidos novamente! – desanimou Gregson.
- Foi à última vez que vi minha mãe. Foi o cocheiro quem a matou, só pode ser. – acusou o filho.
- O senhor sabe quem é a mulher rica? – perguntou Holmes.
- Não, mas eu me lembro bem do cocheiro. Eu consigo reconhecê-lo se o encontrar de novo. – afirmou o homem.
- Perdidos novamente! – desanimou Gregson.
Eu também desanimei
pensando na pobre criança.
- Só o senhor pode nos
ajudar a encontrar este cocheiro. Será preciso que circule pelos
bairros onde os corpos foram encontrados para tentar reconhecê-lo. O
assassino de sua mãe não pode ficar impune. – disse Holmes ao
homem.
- Mandarei que um
policial venha buscá-lo. Vamos acompanhá-lo na sua procura pelo
suspeito. – ofereceu Gregson.
- Eu irei! Enterrei
minha mãe sem a cabeça! – revoltou-se o homem.
- Amanhã cedo
começaremos a procura. Até! – despediu-se Gregson consternado.
Capitulo 13 - A mulher do espelho
Capitulo 13 - A mulher do espelho

Nenhum comentário:
Postar um comentário