Filme: Young Sherlock Holmes
Ano: 1985
Roteiro: Chris Columbus e Arthur Conan Doyle (personagens)
Direção: Barry Levinson
Produção: Steven Spielberg, Marck Johnson e Henry Winkler


domingo, 7 de abril de 2013

Capítulo 6 - O anel

Mary era governanta da Senhora Cecil Forrester, a qual a tratava como filha e adorava me receber.

Combinei com minha noiva de almoçarmos juntos e sairmos à tarde para vermos algumas casas de aluguel. Faltava apenas um mês para o casamento.

Olhei pela janela para verificar se havia algo de suspeito e tive a impressão de estar sendo seguido por outro coche. 

Algumas ruas depois, olhei novamente e lá estava o outro coche, no meu encalço.

Desci em frente à casa da Senhora Forrester e coloquei a mão em minha arma por dentro do casaco. O outro coche parou logo atrás e dele desceram dois policiais que eu conhecia; eram da equipe de Lestrade. 

A tal perseguição era apenas minha imaginação. A neurose de Holmes estava me afetando.

Tranquilizei-me e entrei na casa, onde Mary já me esperava cobrando explicações. A história do bordel já havia chego aos seus ouvidos.

Respirei fundo e contei-lhe toda a verdade, omitindo apenas que eu tinha visto a latina completamente nua e que tinha examinado as partes íntimas da prostituta assassinada. 

Jurei-lhe que nunca havia entrado no bordel antes do dia do crime. Ela pareceu-me aborrecida, mas acreditou em mim.

E por fim, tive que lhe contar a pior parte da noite; toda a história que aconteceu na casa de Dudley. Ela assustou-se quando soube que o atentado que sofri se tratava de um plano para me matar, e que eu estava sendo ameaçado de morte pelo crime organizado de Londres.

Mary entrou em desespero e exigiu que nos casássemos com urgência e fugíssemos dali.

- Você esta agindo como Holmes! Vocês dois pensam que eu sou apenas um tolo! - reclamei da atitude dela.

- E como você agiria se soubesse que eu estou sendo ameaçada por um assassino? Como se sentiria? - protestou ela.

- Acalma-se! O escolhido para me matar trata-se apenas de Dudley, um imbecil. – tentei tranquilizá-la.

Eu já havia lhe contado toda a história sobre a minha primeira aventura com Holmes, quando conheci Dudley e Elizabeth.

Mary foi muito carinhosa comigo, me pedindo para ter cuidado.

Também desabafei com ela sobre tudo o que ouvi a meu respeito na noite anterior. Fui chamado de inútil, doutorzinho, patético, idiota, sombra de Sherlock Holmes. Fiquei tão magoado que descontei minha raiva em meu amigo, que no fundo não tinha culpa alguma. Agora mais calmo, já estava arrependido.

- Você tem adoração por ele, John. Basta ler suas matérias para perceber sua admiração por Holmes. Tenho certeza que ele sabe o quanto é importante para você. – disse-me minha noiva.

- Ele não sabe e às vezes parece que ele não confia em mim, mesmo depois de tantos anos juntos. Depois da morte de Elizabeth, Holmes travou seus sentimentos. É como se ele tivesse medo de se apegar as pessoas. – justifiquei-me.

- Mas você me disse que ele ameaçou o tal Dudley de morte por sua causa. - observou ela.

- Sim, e agora a pouco ele apontou sua arma para um editor de jornal que só queria conversar comigo. Tenho certeza de que se fosse um bandido, ele mataria para me salvar, não se importando em ir parar na cadeia por isso, onde está grande parte de seus inimigos. – também contei a ela.

- Essa é maneira de Holmes lhe demonstrar o quanto você é importante para ele. - conclui ela.

Eu já estava convencido de ter agido errado com ele. Senti ciúmes dos garotos de rua e da latina, para quem Holmes havia revelado quem era o assassino, mas lembrei-me que ele ia me contar algo quando fomos interrompidos e saímos para investigar o fantasma. Tenho certeza de que ele ia me contar tudo o que havia descoberto. À noite, eu lhe pediria desculpas.

Mary colocou seu chapéu e decidimos ir passeando até o restaurante onde almoçaríamos.

Andamos dois quarteirões e notei que estava sendo seguido pelos dois policiais que estavam no coche. Perdi a paciência e fui tirar satisfações com eles.

- Estão me seguindo, cavalheiros?

- Desculpe-nos Doutor Watson, mas temos ordens para protegê-lo com nossas próprias vidas, se não perderemos nossos empregos. - respondeu um deles.

- De quem foi essa ordem? - indaguei bravo.

- Do inspetor Lestrade, Doutor. Sherlock Holmes disse a ele que vai fazer picadinho de inspetor se alguma coisa lhe acontecer. – confessou-me o mesmo policial.

- Holmes não tem jeito, Mary! - esbravejei desanimado.

- Ainda bem que não, John. – disse Mary rindo.

Chegamos ao restaurante, escoltados pelos policiais. Lá dentro fui recebido como uma celebridade pelo dono.

- Doutor Watson, é um prazer recebê-lo. Vou acomodá-lo em nossa melhor mesa.

- Desculpe-me, mas já nos conhecemos? – perguntei estranhando a receptividade, afinal nunca tinha entrado naquele restaurante antes.

- O Doutor não me conhece, mas sou um grande admirador de Sherlock Holmes e eu estava em frente ao bordel no dia do assassinato da prostituta de luxo, quando vi o senhor o acompanhando. Então logo pensei, aquele só pode ser o Doutor Watson, seu fiel amigo. - esclareceu-me.

- Elementar, ao lado de Holmes, só poderia ser eu, a sombra dele.- brinquei comigo mesmo.

- E hoje, o assunto em toda a cidade é o feito de vocês nesta noite. Então desvendaram mais um crime que a policia jamais conseguiria resolver! Como vocês sabiam que o assassino era o legista? – perguntou-me o senhor simpático.

- Foi Holmes quem descobriu, eu apenas o acompanhei. – respondi com humildade.

- Este seu braço enfaixado, lutou com o assassino? – o senhor estava muito curioso.

- Não, meu braço foi um acidente sem importância. – menti arrependido de ter entrado ali.

- Sentem-se, por favor. Mal posso esperar para ler os detalhes. Quando vai publicar a história desta noite? – perguntou-me enquanto nos oferecia os menus.

- Em breve. – respondi tentando encerrar o assunto, enquanto observava os dois policiais se sentarem em uma mesa próxima a nossa.

O garçom nos serviu com uma atenção fora do comum, o que fez Mary achar graça.

- Nunca fui tão bem recebida em um restaurante antes. É muito bom ser noiva de uma celebridade. – sorriu ela.

- Noiva do melhor amigo da celebridade, você quis dizer. Não posso negar que tem suas compensações ser a sombra de Sherlock Holmes. – suspirei.

- Que bobagem, John! Então, mudou de ideia e vai escrever sobre a aventura desta noite? – questionou-me ela.

- Ainda sou o biografo de Holmes e não posso deixar seus admiradores nesta ansiedade. Além do mais, me ofereceram um bom dinheiro. – expliquei a ela.

- Eu já o conheço suficiente para saber que nunca foi pelo dinheiro ou pelos outros admiradores. Você escreve para ele, John, para lhe mostrar a sua admiração. – observou Mary.

- Não se atreva a contar-lhe isto, Mary. – disse-lhe em tom de ameaça.

Quando terminamos o almoço, tentei em vão pagar a conta, mas o dono do restaurante não aceitou. Mostrou-me o restaurante cheio depois que eu entrei e as pessoas levantando-me seus copos em cumprimento. Agradeceu-me por ter estado ali e me pediu gentilmente que recomendasse o restaurante a Holmes. Se ele soubesse como Holmes detestava ser tratado como celebridade.

Durante toda à tarde, Mary e eu fomos seguidos pelos policiais enquanto visitávamos algumas casas para alugar. Minha noiva se encantou por uma delas, cujo aluguel era bem caro, mas isto não seria um problema; eu havia ganho um bom dinheiro como biografo de meu amigo. Pedi ao corretor que preparasse o contrato.

Depois de deixar Mary na casa de Senhora Cecil, eu retornei ao apartamento pronto para pedir desculpas a Holmes.

Para a minha decepção, fui informado pela Senhora Hudson que ele havia passado o dia todo fora, regressando a tarde apenas para buscar uma pequena mala, saindo novamente. Deixou-me o recado de que passaria algum tempo fora.

Fiquei angustiado por ter que esperar dias para lhe pedir desculpas. Onde teria ido ele?

O que me restou a fazer foi escrever a matéria sobre o assassinato no bordel de luxo.

Sete dias se passaram sem nenhuma notícia de meu amigo. Ás vezes ele sumia por semanas, mas desta vez, eu estava preocupado. Alguma coisa me dizia que ele estava investigando as pessoas que queriam me matar.

Neste tempo, tirei a faixa do braço e voltei a trabalhar. A matéria sobre o último caso foi publicada e espero que Holmes a tenha lido, onde quer que estivesse. O sentimento de lhe dever desculpas me fez escrever com uma devoção a mais.

Os preparativos do casamento estavam bem encaminhados e logo eu assinaria o contrato de aluguel da nossa casa.

Já era noite quando olhei pela janela do apartamento e lá embaixo na rua vi dois policiais conversando. Nesses dias, dezenas de policiais se revezaram para fazer minha segurança dia e noite. Lestrade levou a sério a história de virar picadinho.

Sentei-me na sala para fumar meu cachimbo quando entrou pela porta, sem ser anunciado, um senhor gordo, de barba e cabelos compridos, vestindo roupas muito simples. 

Não esperava ser surpreendido dentro do apartamento, por isso estava sem a minha arma. 

Dei um pulo do sofá e corri até a janela para pedir socorro, embora nada mais pudesse fazer.

- Acalme-se Watson, sou eu. – disse meu amigo.

- Holmes, por Deus, quase me matou de susto. – gritei com ele.

- Desculpe-me. – respondeu ele com tristeza, indo para o banho.

Recuperado do susto, ri por ele ainda conseguir me enganar com seus disfarces. Aposto que também enganou os policiais na rua e subiu sem problemas.

Esperei-o na sala para conversarmos, mas ele, depois do longo banho, foi dormir. Pela tristeza que havia em sua voz quando entrou, não conseguiu êxito no que foi fazer.

Na manhã seguinte, o esperei para o café da manhã, mas ele não se levantou; com certeza estava muito cansado ou havia se drogado novamente.

Eu fui para o meu consultório depois de recomendar a criada que tentasse descobrir se ele estava bem, e me chamasse caso fosse necessário.

Quando cheguei à noite, lá estava ele sentado no sofá da sala, com o queixo apoiado na mão e o olhar perdido em direção à janela. Vestia um roupão preto e estava com o cabelo molhado.

- Tudo bem Holmes? – perguntei-lhe preocupado.

- O que lhe parece, Watson? – respondeu sem se mexer.

Ele estava em uma tristeza de dar pena.

Mal me sentei a sua frente e alguém bateu à nossa porta. Quem poderia ser àquela hora da noite e como teria passado pelos policiais?

Atendi a porta com receio, mas para a minha surpresa era Mycroft, o único irmão de Holmes, sete anos mais velho que ele.

- Como vai, Doutor Watson? Estes cavalheiros não queriam permitir minha entrada aqui. - reclamou ele, apontando para os dois policiais que o acompanharam.

- Que prazer em vê-lo, Senhor Mycroft! Por favor, entre. Senhores, este é o irmão de Holmes e ele pode entrar aqui quando bem entender, mas obrigado pela preocupação de vocês. - despedi-me dos policiais e fechei a porta.

- Desculpe-nos! Holmes obrigou a polícia a fazer minha segurança particular. – expliquei ao irmão.

Holmes permaneceu sentado com o queixo apoiado na mão; apenas tentou imóvel esboçar um sorriso para Mycroft.

- É muito bom retornar de uma viagem de seis meses e ser recebido com tanta alegria pelo meu irmão. – ironizou Mycroft.

- Desculpe-me Mycroft, estou feliz em vê-lo bem. – suspirou Holmes.

Mycroft olhou-me com esperança de que eu lhe explicasse a tristeza de Holmes, mas tudo que pude fazer foi um sinal negativo com a cabeça de quem não sabia.

- Que história é esta de segurança particular? – interessou-se o irmão.

Contei-lhe toda a história, desde a emboscada onde quase fui morto, até nosso encontro com Dudley e ameaça de picadinho ao inspetor da polícia.

- Você está mais abatido do que o costume, Sherlock. O que aconteceu? – estranhou Mycroft.

- Eu encontrei o anel. – respirou fundo Holmes.

- Que anel? – perguntou o irmão.

- O anel que foi a causa desta cicatriz em meu rosto. – esclareceu Holmes.

Eu e Mycroft nos olhamos assustados.

- Será que você não encontrou um anel parecido? – especulou o irmão.

- Subestimando minha inteligência, Mycroft? Tenho certeza que é o mesmo anel, com o brasão das duas cobras entrelaçadas. Trata-se de uma joia única, de família, sempre dada ao filho mais velho. A última vez que vi este anel, ele estava no dedo de Rathe, enquanto sua mão me implorava ajuda e seu corpo se afundava no lago congelado. – lembrou-se meu amigo.

- Então alguém pode ter encontrado o corpo e roubado o anel. - deduziu Mycroft.

- É uma hipótese, mas oficialmente o corpo nunca foi encontrado. E se o corpo nunca foi encontrado... – suspirou novamente Holmes.

- Sherlock, não se torture. – pediu Mycroft, compreendendo a tristeza do irmão.

- Eu nunca vou me perdoar se o assassino de Elizabeth ainda estiver vivo! – revelou Holmes.

Eu não conseguia dizer nada; se a lembrança daquela noite de dezembro me causava tanta dor, nem imagino o que causava em Holmes que viu sua Elizabeth morrer em seus braços.

- Como você encontrou este anel? - perguntou Mycroft.

- Como Watson lhe contou, eu matei um velho que havia levado uma mensagem de um tal professor a Dudley. No dia seguinte, fui à polícia metropolitana na esperança de que a família deste velho fosse reclamar seu desaparecimento. Pois bem, realmente apareceu uma senhora pedindo ajuda aos policiais porque seu marido estava desaparecido desde a noite anterior. Os policiais não lhe deram muito atenção dizendo que era muito cedo para acreditar em desaparecimento. Eu suspeitei que o tal homem pudesse ser o velho e me apresentei a ela oferecendo minha ajuda. – contou-nos Holmes.

- Ofereceu ajuda à esposa para encontrar o homem que você próprio matou? - surpreendeu-se Mycroft.

- Não me julgue Mycroft. - pediu Holmes.

- Não estou lhe julgando, Sherlock, apenas estou admirado com sua cara de pau. – explicou o irmão.

Holmes o olhou bravo e prosseguiu com o seu relato.

- Eu a acompanhei até a sua casa, onde ela me mostrou uma foto do marido e eu pude confirmar que era o velho. Ela me contou que ele era professor e lecionava matemática em uma escola. Obtive facilmente todas as informações que precisava a respeito do velho, arrumei um disfarce e fui investigar a escola.

- Foi onde você passou todos esses dias? – perguntei-lhe.

- Exato. Estava disposto a invadir a escola à noite para fazer minhas investigações, mas descobri que havia uma vaga de faxineiro nela. Era muito melhor do que invadir, pois eu poderia conseguir informações com outros professores do local. Apresentei-me para o trabalho e fui contratado, tendo acesso a todas as salas do colégio.

- E você encontrou o anel com um dos professores? – indaguei.

- Encontrei o anel guardado em uma gaveta, na sala de um professor chamado Moriarty. Ele está em Paris e pelo que pude descobrir, trata-se de um professor e escritor muito respeitado no meio acadêmico. Lembra-se da mensagem que roubei da casa de Dudley, Watson? No final dela havia um P.M. – contou Holmes.

- Acha que este professor Moriarty pode ter alguma ligação com Rathe? - perguntei, não querendo acreditar que fosse o mesmo anel.

- Pior, Watson, o professor Moriarty é professor de matemática e esgrima; ele pode ser o próprio Rathe. A caligrafia do bilhete que você recebeu e do papel que peguei na casa de Dudley, tem traços da letra de Rathe. – respondeu Holmes com o olhar brilhando.

- Não pode ser Holmes! Como ele conseguiria sobreviver ao lago congelado? – argumentei.

- É isso que me atormenta. Eu procurei uma foto dele na escola, mas não havia nenhuma. Disseram-me que ele é uma pessoa muito discreta e reservada. Vou ter que esperar o respeitável professor regressar da viagem para conhecê-lo, ou quem sabe, reencontrá-lo. – Holmes ficou pensativo.

- Já faz tanto tempo, Holmes. – disse-lhe.

- Pois para mim parece que foi ontem, Watson. – retrucou-me.

- Sherlock, eu e o Doutor sabemos o quanto você sofreu nesta história; vá com calma nesta sua investigação. – aconselhou o irmão.

- Calma Mycroft? Elizabeth morreu por minha culpa; aquele tiro era pra mim. – respondeu Holmes bravo.


- Você se cobra demais! Suas habilidades são geniais, mas você não pode controlar tudo. – rebateu Mycroft.

Holmes ficou em silêncio por alguns instantes, como se o seu pensamento estivesse muito longe; depois voltou a conversar mais calmo.

- E você me cobra de menos, Mycroft. Em todos esses anos, você nunca me disse nada a respeito de eu ter destruído a nossa família.

Microft assumiu uma expressão muito séria para responder ao irmão.

- Naquela noite em que você chegou à minha casa, após ter sido expulso da casa do nosso pai, eu senti muito orgulho de você. Eu sempre soube dos erros dele, mas foi você quem teve a coragem de desmascará-lo. Você não sabe Sherlock, mas depois que você finalmente dormiu naquela noite, eu fui até a casa dele. Ele parecia um animal descontrolado, andando de um lado para outro, e até que enfim, eu consegui enfrentá-lo. Disse-lhe o quanto ele era covarde pelo que fez com você, que ainda era uma criança.

Holmes parecia estar revendo aqueles momentos em sua memória. Mycroft prosseguiu com a confissão, falando como um pai orgulhoso.

- Bem, para a alegria dos nossos primos, nós dois fomos deserdados naquela noite. Mas eu tive o prazer de dizer a ele que a única coisa que eu queria daquela casa já estava comigo, em minha casa, que era você. Quando sai, nossa mãe correu para os meus braços, me pedindo que cuidasse de você, e eu prometi a ela que em minha casa, você sempre teria um lar e, em mim, você sempre encontraria a sua família. Depois disso, nossa mãe eu nos correspondíamos sempre com a ajuda de uma de suas empregadas, que levava e trazia nossas cartas. Eu lhe contava todas as suas proezas, omitindo é claro, os perigos em que você se metia.

- Obrigado Mycroft. Vou me vestir e levar você e o Watson para jantar. - levantou-se Holmes, querendo encerrar aquele assunto.

- Ele já está obcecado pelo anel e pelo tal professor, pode apostar. – murmurou o irmão, após Holmes sair.

- Quem bom que voltou de sua viagem, Senhor Mycroft! Espero que esteja aqui para o meu casamento. – convidei-lhe.

- Não acredito! Sua noiva finalmente o convenceu a deixar a vida de aventuras com Sherlock para se dedicar a uma família. – surpreendeu-se ele.

- Não é bem assim; sei que vou ter que dedicar mais tempo a Mary, mas não pretendo morar muito longe e nem me afastar de Holmes. – confessei-lhe.

- Quando os filhos vierem, terá que se afastar, meu caro. Sherlock não é uma boa influência para crianças. Eu mesmo não me casei por medo de lhe dar sobrinhos. O Doutor imagina o que ele ensinaria a eles? “Vamos brincar com o tio de invadir casas, explodir o laboratório, quem descobre o assassino primeiro, inventar fórmulas e colocar no chá de quem nos incomodar...” – brincou Mycroft imitando Holmes.

- Realmente, Holmes só sabe brincar de detetive. – emendei a brincadeira rindo.

- Eu estou ouvindo! Por gentileza, só falem mal da minha pessoa quando eu estiver ausente. – entrou Holmes na sala, com cara de quem não achou graça.

Tomamos um coche para irmos a um dos restaurantes mais caros de Londres, sendo seguidos pelos policiais da minha segurança pessoal.

Sentados a mesa, finalmente Holmes conseguiu se distrair.

- E então Sherlock, você sendo um exímio detetive, químico, matemático, esgrimista, entre outros talentos, como se saiu como faxineiro? – continuou brincando o irmão.

- Sai-me muito bem. Watson é testemunha de que sou uma excelente dona de casa. – falou Holmes sério.

- É verdade! É tão bom quanto a senhora Evelyn. – confirmei.

- Eu jamais seria demitido se não tivesse armado toda uma situação. Não poderia simplesmente desaparecer, isso provocaria suspeitas. – prosseguiu Holmes.

- E o que você aprontou? – Mycroft perguntou preocupado.

- Colei um rato morto no livro de um dos alunos, um garoto muito chato e prepotente que me fez lembrar Dudley quando éramos adolescentes. Quando ele pegou o livro na sala de aula, fez um escândalo digno de uma donzela e saiu berrando pelos corredores. - se divertiu Holmes.

- Eu não disse que ele é um perigo para crianças! - disse o irmão.

Caímos os três na gargalhada.

Em todos esses anos de convivência com Holmes, ele nunca apresentou nenhum resquício de crueldade; no entanto, sempre que possível, se permitia a pequenas maldades.

- Isto não é verdade, Mycroft. Todas os demais meninos do colégio adoravam o faxineiro e ficaram muito tristes com a minha saída. - observou Holmes.

A noite acabou sendo muito agradável. Fiquei observando os dois irmãos e era visível o prazer que sentiam por estarem juntos. 

Mycroft chegou na hora certa; somente a sintonia extraordinária entre ele e Holmes seria capaz de tirar meu amigo daquela tristeza.

Retornamos de coche para a Baker Street, onde descemos e Mycroft seguiu para sua casa, após fazer Holmes prometer que voltaria a frequentar o seu clube.

Capitulo 7 - O sequestro

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