Tudo parecia tranquilo no bordel, então eu e meu amigo seguimos para casa.
Quando já estávamos na Baker Street, vimos o policial que fazia a vigia em frente ao nosso prédio, completamente distraído, e uma figura pequena, coberta por um casaco preto de adulto, se afastando do local.
Quando já estávamos na Baker Street, vimos o policial que fazia a vigia em frente ao nosso prédio, completamente distraído, e uma figura pequena, coberta por um casaco preto de adulto, se afastando do local.
Reconheci o meu casaco
e não foi preciso dizer nada a meu amigo; ele já sabia quem estava
em baixo do sobretudo e disparou os cavalos em direção à menina
que estava fugindo.
Ivy ouviu o barulho
da carruagem e saiu correndo, tentando nos despistar se escondendo em meio ao nevoeiro da noite.
Estava muito escuro e, na neblina, o tamanho pequeno da menina e o
casaco preto nos dificultaram em encontrá-la.
Holmes passou às rédeas para as minhas mãos e pulou da carruagem. Vi que ele correu em direção ao cemitério.
Holmes passou às rédeas para as minhas mãos e pulou da carruagem. Vi que ele correu em direção ao cemitério.
Eu o segui e parei a carruagem em frente ao grande portão, onde amarrei os cavalos.
Também corri por entre
os túmulos sem ter a menor noção para onde tinham ido os dois. Parei ofegante e me pus a ouvir algum ruído para tentar
localizá-los.
Passados alguns minutos, avistei Holmes trazendo Ivy embaixo do braço.
- Solta, me deixa! –
gritava ela.
- Eu não avisei que o porquinho da índia estava conquistando nossa confiança para conseguir fugir? – reafirmou meu amigo, se aproximando de mim.
- Ivy, estou muito
decepcionado com você! – gritei com a menina.
- Dane-se, eu quero ir
embora! – berrou comigo.
Retornei tão chateado carregando a criança para a carruagem, que não quis falar mais nada. A
viagem de volta foi em completo silêncio.
Chegamos ao prédio e o policial da vigia, percebendo que havia falhado, correu para nos pedir desculpas. Não brigamos com ele porque, felizmente, chegamos a tempo de evitar a fuga.
Na sala do nosso
apartamento, coloquei a menina sentada no sofá e decidi mostrar
autoridade com ela. Holmes sentou-se em sua escrivaninha.
- Você está de
castigo senhorita. Nunca mais vou confiar em você! – esbravejei.
- Eu preciso ir embora!
– respondeu ela com firmeza.
- Por quê? O que tanto
você precisa fazer na rua? – gritei com ela.
- Preciso pegar minha
irmã. – confessou ela.
- Eu vi a sua irmã e ela está muito bem cuidada por seu pai. Ele lhe bateu
porque você é desobediente e mereceu. – confrontei a menina.
- Não adianta Watson!
O melhor há fazer é entregá-la ao pai. – aconselhou
Holmes.
A menina colocou suas
mãos sobre o ventre, como quisesse se proteger.
- Nunca! Ele nunca mais
vai me pegar! – berrou ela, com a cabeça baixa.
Fiquei branco com a
atitude de Ivy. Suas mãos protegendo o ventre me fizeram
pensar em algo terrível.
Olhei para Holmes e ele estava petrificado; nos olhamos assustados e em silêncio e sabíamos que estávamos pensando a mesma coisa.
Olhei para Holmes e ele estava petrificado; nos olhamos assustados e em silêncio e sabíamos que estávamos pensando a mesma coisa.
Holmes se levantou,
andando de um lado para outro com a mão na cintura, olhando para o
chão, muito pensativo. Quando parou, olhou para a criança e
suspirou profundamente.
- Cuide dela, Watson. –
disse-me saindo.
- Não fuja Ivy. –
fui inciso com a menina.
Desci correndo atrás
de meu amigo e encontrei o policial, ainda envergonhado, na porta do prédio.
- Suba e fique com a
menina. Não a deixa nem por um segundo sozinha. – ordenei a ele,
que me atendeu prontamente.
Holmes me viu dando a
ordem ao policial e me esperou em sua carruagem.
- O que vai fazer? –
perguntei a ele, sentando-me ao seu lado.
- Você sabe muito bem
o que a menina quis no dizer, Watson, e ela pareceu-me muito
sincera. Preciso tirar esta história a limpo. – respondeu-me.
- É terrível demais
para acreditar, Holmes. – comentei assustado.
- A mulher do espelho
nos pediu para salvarmos suas filhas e no dia em que fomos a casa
do pai de Ivy, se lembra que observei uma mancha de sangue lavada
no centro do lençol da cama? – recordou meu amigo.
- Se for verdade,
Holmes, eu vou matar aquele homem! Mas como vamos fazê-lo confessar?
– indaguei.
- Da forma mais antiga
que existe. – afirmou meu amigo, parando em frente a um bar.
Acompanhei meu amigo entrando no local, que já estava
quase vazio devido ao horário.
- O que vão querer? –
perguntou-nos o atendente.
- Quero seis garrafas
de uísque, do melhor que tiver. Nós vamos levar. – pediu meu
amigo.
O homem não conseguiu
disfarçar o susto com a quantidade pedida, mas trouxe as garrafas
sem fazer perguntas. Holmes as pagou e voltamos para a carruagem.
- Finja que estará
bebendo Watson, só ele deve ficar bêbado. – esclareceu-me.
Entendi o plano de
Holmes. Um homem alcoolizado sempre acaba contando segredos, até os
que jamais revelaria sóbrio, e no dia em que estivemos na casa do pai de Ivy, ele estava cheirando a bebida.
Chegamos ao local e batemos na porta, com as garrafas nas mãos. O homem nos
atendeu muito mal humorado, com cara de quem ainda estava dormindo.
- O que querem a esta
hora?
- Senhor, sinto muito
pelo horário, mas sua filha fugiu de nossa casa e estamos muito
preocupados. Viemos ver se ela veio para cá. – mentiu meu amigo.
- Aquela diaba! Ela não
perde por esperar quando eu a pegar. E vocês são irresponsáveis! Não me entregaram a menina e deixaram ela fugir. – esbravejou.
- Ela é danada demais! Está mesmo precisando de umas palmadas. Ganhamos estas garrafas de uísques no jogo, quer provar conosco?– ofereceu meu amigo,
mostrando as garrafas.
O homem nos observou estranhando nosso comportamento, mas seu olhar para a bebida é de quem não conseguiria recusar.
- Entrem, mas não
podem demorar, tenho trabalho logo cedo. – aceitou ele.
O homem foi colocando
três copos sobre a mesa da cozinha, enquanto nos sentávamos e abríamos
duas garrafas.
- Vocês sempre andam por aí, com toda essa bebida nas mãos? - admirou o pai de Ivy.
- Vocês sempre andam por aí, com toda essa bebida nas mãos? - admirou o pai de Ivy.
- O senhor é
jardineiro, certo? – puxou conversa Holmes, para não ter que se explicar.
- Eu presto
serviços nas casas dos ricos. – confirmou ele.
- Eu me lembro que o
senhor nos contou que trabalha nas proximidades da Trafalgar Square.
Conhecia o juiz que morava lá e foi assassinado? – continuou meu
amigo,
- Não, esse eu não
conhecia. – respondeu.
Holmes continuou
inventando assunto e enchendo o copo do senhor, enquanto nós
dois só molhávamos a boca com a bebida.
No quarto copo, o homem
já estava mais alegre e nos contando sobre a vida particular das
pessoas para as quais trabalhava. Abrimos as outras garrafas e
continuamos incentivando-o a falar.
Na terceira garrafa, ele
já estava muito alcoolizado e rindo à toa.
- Sua esposa morreu há cinco meses. Já encontrou outra senhorita para se casar? – comentou
Holmes, fingindo também já estar meio alto.
- Deus me livre!
Casamento é um fardo, não quero mais. – riu ele.
- Mas nenhum homem
consegue ficar sem mulher, ou o senhor vai virar
monge? – brincou meu amigo.
O homem, muito bêbado,
se encurvou na mesa e falou baixinho, como se estivesse nos contando
um segredo.
- Eu estava usando a
diaba da minha filha! – disse rindo e colocando o dedo na boca,
fazendo sinal de silêncio.
Senti meu sangue
esquentar e já ia me levantar da mesa para lhe dar uma surra, quando
Holmes colocou sua mão em braço, me segurando.
- E o bebê também? –
perguntou meu amigo, fingindo que estava compartilhando o
segredo.
- Ainda não, mas quando dou banho nela, me dá uma vontade...
Mal o homem terminou de
dizer a frase e Holmes se levantou violentamente da mesa, levantando o
homem pela gola da camisa e lhe acertando um soco em cheio no rosto.
Mesmo cambaleando, o
infeliz quis revidar e veio para cima do meu amigo, que
novamente lhe desferiu um golpe tão forte, que o fez voar para o
chão.
Holmes foi sobre o
homem caído e lhe deu tantos socos, que o mesmo desmaiou.
Também tive vontade de
agredi-lo, mas no estado em que meu amigo o havia deixado, era
impossível.
Tirei minha arma do bolso e apontei para a cabeça dele, porém, por mais ódio que eu estivesse sentindo, não consegui apertar o gatilho.
Todas as vezes em que atirei, foi por defesa. Daquele jeito, a sangue frio, me parecia covardia.
Tirei minha arma do bolso e apontei para a cabeça dele, porém, por mais ódio que eu estivesse sentindo, não consegui apertar o gatilho.
Todas as vezes em que atirei, foi por defesa. Daquele jeito, a sangue frio, me parecia covardia.
Holmes percebeu minha
indecisão e me ajudou.
- Deixe Watson. A morte
seria uma recompensa para esse monstro. Precisamos pensar em algo
pior.
Abaixei minha arma e virei meu rosto com nojo daquele homem desacordado no chão.
- Então era por isso que Ivy queria ser um menino! Foi por causa da violência que sofreu por ser menina. - compreendi a atitude da criança.
Holmes, ainda sentado no chão, olhava para baixo com a mão na boca, chocado com a confirmação do horror praticado naquela casa.
Abaixei minha arma e virei meu rosto com nojo daquele homem desacordado no chão.
- Então era por isso que Ivy queria ser um menino! Foi por causa da violência que sofreu por ser menina. - compreendi a atitude da criança.
Holmes, ainda sentado no chão, olhava para baixo com a mão na boca, chocado com a confirmação do horror praticado naquela casa.
- Não adianta levarmos
a policia. Será a nossa palavra contra a dele, e por mais que a
policia nos deva favores, você sabe que ele acabará inocentado. E o
pior, seremos obrigados a lhe entregar a menina. – disse para meu amigo, em tom de
desespero.
Holmes me olhou muito
pensativo.
- Não podemos provar o
crime que ele cometeu, mas podemos fazê-lo pagar por outro crime. –
sugeriu.
- Nós temos um crime que não podemos revelar o criminoso, porque fizemos um pacto de proteger a assassina, e temos um criminoso que não podemos provar o crime que cometeu. – disse Holmes, olhando para o homem desacordado.
- Você está querendo
apresentá-lo a policia como o assassino do juiz? Mas não temos como
provar que foi ele quem matou o juiz. – estranhei o plano dele.
- Temos os seus
sapatos! – argumentou ele.
Fiquei olhando surpreso
para o meu amigo.
- Troque seus sapatos
com os dele. Vamos levá-lo à casa do juiz como se ele tivesse
retornado ao local para roubar novamente. Os sapatos vão
conferir com as pegadas deixadas na parede na noite do assassinato e o mordomo poderá testemunhar que ele é o mesmo homem que viu
roubando naquela noite. – explicou meu amigo.
- Acha que o mordomo e
a viúva concordarão em mentir? – especulei.
- Vão concordar, nem
que tenhamos que coagi-los. Ou confirmam nossa história, ou
entregaremos a viúva a policia. Podemos dizer que temos o vestido
dela como prova do crime. – afirmou Holmes.
- Mas eu queimei o
vestido. – recordei a ele.
- Mas eles não sabem.
– justificou.
- O que estamos
esperando? – respirei fundo, concordando com o plano.
Troquei meus sapatos
com os do homem. Em mim, os sapatos dele ficaram pequenos e nele, os
meus sapatos ficaram grandes. Holmes carregou o homem desacordado nos
ombros.
- Pegue a trouxinha,
Watson. – mandou-me.
- Que trouxinha? –
estranhei.
- Aquela que está
dormindo no quarto! – disse-me, como se eu fosse um tolo por não
saber que trouxinha era bebê para ele.
Eu já tinha pensado no bebê, e era óbvio que eu não o deixaria sozinho naquela casa.
Eu já tinha pensado no bebê, e era óbvio que eu não o deixaria sozinho naquela casa.
Fui até o quarto e
peguei a irmã de Ivy, que dormia tranquilamente.
Meu amigo jogou o homem
dentro da carruagem e nós fomos em cima dela, na parte do cocheiro,
em direção a casa do juiz.
O mordomo ficou
surpreso ao nos ver àquela hora da madrugada, e ficou aborrecido por
ter que acordar a patroa.
- O que está
acontecendo? – perguntou a viúva assustada.
- Senhora, lhe
apresento o assassino do seu marido. – disse Holmes, apontando para
o homem, desmaiado e ensanguentado, no chão da sala.
- Como? – assustou-se ela.
- A polícia precisa
prender um criminoso pela morte de seu marido, e creio que a senhora,
mais do que ninguém, deseja encerrar este assunto de uma vez por
todas. Então lhe trouxemos um criminoso! Ele presta serviços de
jardinagem pelas redondezas. Vocês vão dizer que ele retornou para
roubar novamente e que desta vez tentou matar a senhora, mas o seu mordomo
lutou com ele e o fez desmaiar. – explicou meu amigo.
- Senhor Holmes, está
nos pedindo para incriminar um inocente? – espantou-se o mordomo.
- De inocente ele não
tem nada, meu caro. Pode acreditar, o crime dele é muito pior do que
ter assassinado o juiz. – esclareci, enquanto balançava a neném em meu colo.
- Eu não sei se posso
fazer uma coisa dessas. – mostrou-se indecisa a viúva.
- Ou aceitam mentir ou vamos chamar a policia e contar-lhes a verdade, que foi a
senhora a assassina. Watson vá buscar o vestido com as manchas de
sangue na carruagem. – mentiu meu amigo.
- Não! Eu farei o que
querem. – aceitou a Senhora, com medo.
- Muito sensato. - agradeceu Holmes.
O mordomo, também visivelmente assustado, parecia estar pronto para receber as orientações de meu amigo.
- Vá chamar os policiais e trate de convencê-los de que este homem era o ladrão que você viu na noite do assassinato do juiz. Os sapatos dele são os mesmos que deixaram as pegadas na parede da janela. – ordenou Holmes ao mordomo.
O mordomo, também visivelmente assustado, parecia estar pronto para receber as orientações de meu amigo.
- Vá chamar os policiais e trate de convencê-los de que este homem era o ladrão que você viu na noite do assassinato do juiz. Os sapatos dele são os mesmos que deixaram as pegadas na parede da janela. – ordenou Holmes ao mordomo.
Depois da saída do empregado, meu amigo carregou novamente o pai de Ivy e o levou para o quarto da viúva.
Preparamos a cena do crime, revirando algumas coisas e arrombando novamente a porta da cozinha.
Preparamos a cena do crime, revirando algumas coisas e arrombando novamente a porta da cozinha.
Retornamos para a carruagem e a levamos a uma distância da casa, onde não seríamos vistos. Não demorou e três
policiais chegaram acompanhando o mordomo.
Mais alguns minutos e Lestrade apareceu com mais policiais. Vimos quando o mesmo
saiu da casa, com meus sapatos nas mãos, indo até o jardim lateral. Com certeza, foi comparar se o modelo e o tamanho conferiam com as pegadas na parede.
O bebê acordou chorando e meu amigo levou um grande susto. Eu
tive que cantar para que ela voltasse a dormir, enquanto Holmes me olhava com
cara de quem estava contando carneirinhos.
Para meu alivio, consegui fazer a criança dormir novamente.
Para meu alivio, consegui fazer a criança dormir novamente.
Já estava amanhecendo
quando os policiais saíram da casa, levando preso o homem ainda
desmaiado.
O mordomo observou os policiais partirem, e aguardou que a nossa carruagem se aproximasse do portão.
O mordomo observou os policiais partirem, e aguardou que a nossa carruagem se aproximasse do portão.
- Fizemos o que nos
mandaram. A polícia acreditou que ele é o assassino. –
confirmou-nos.
- Bom trabalho. –
agradeceu Holmes.
Finalmente pudemos ir
embora.
- Vamos precisar
comprar um berço. – avisei.
- Nem pensar Watson. E
ainda precisamos resolver o problema de não deixarmos a policia ir
até a casa daquele monstro. Eles não podem descobrir que esta
trouxinha não está mais lá ou irão desconfiar. – lembrou-me meu
amigo.
- E o que vamos fazer?
– esperei que ele já tivesse um plano.
- Vamos para o nosso
apartamento. Se conheço Lestrade, depois de prender o homem na sede
da policia, ele irá direto ao nosso prédio me procurar para se gabar do seu feito.
Então eu lhe direi que, como já que estamos com a irmã mais velha, vou
buscar a trouxinha. Você terá que me esperar escondido com ela na
carruagem. Se entrar com esta “miniatura de encrenca” no
apartamento, será arriscado ela acordar e chorar de novo. – explicou meu
amigo.
- Muito bem. Ficarei a
sua espera. – concordei.
Paramos um pouco longe
do nosso prédio, onde Holmes amarrou os cavalos.
- Volto assim que me
livrar do inspetor. – avisou meu amigo.
Alguns minutos depois
que Holmes saiu, passou o coche da policia com Lestrade. Meu amigo
tinha razão, mesmo ainda sendo muito cedo, Lestrade não se aguentou para
contar-lhe que prendeu o assassino do juiz.
Esperei mais uns vinte
minutos e meu amigo retornou.
- Convenci Lestrade a
deixar a "trouxinha" sob nossa responsabilidade. Ivy está dormindo e
o policial ainda está lá, a vigiando do lado da cama. Pedi a ele
que ficasse até a chegada da Senhora Evelyn. – informou-me.
- Então já posso
levar o bebê para o nosso apartamento. – conclui.
- Quer me enlouquecer,
Watson? Qual o seu problema? Você não teve infância? Já chega aquele “projeto de chefe de gangue” que você
insistiu em cuidar! O que pretende? Abrir o orfanato Doutor James
H. Watson? – brigou comigo.
- Meu nome é John. –
corrigi Holmes pela milésima vez.
- Muito bem, seu nome é
John. Mas não podemos deixar a “trouxinha” tão perto da irmã
maior. Vai ser fácil para ela roubar o bebê e fugir. – advertiu-me.
- E o que pensa em
fazer com o bebê? – perguntei com receio da resposta.
- Que outra solução temos senão pedir ajuda a Senhora Reece? Não quero nem imaginar o que ela
vai me pedir em troca. – suspirou ele.
Era uma ótima solução.
Lana era uma das pessoas mais generosas e caridosas que eu já havia conhecido, e o bebê não a colocaria em perigo, já que o assassino estava atrás da irmã maior.
- Quando aquele monstro acordar da surra que você lhe deu, ele vai contar à policia o que nós fizemos. - retornei ao nosso assunto principal.
- Passamos boa parte da noite com dois policiais e eles viram que ficamos no bordel. Vamos dizer que dormimos lá; tenho certeza que Emanuela irá concordar em nos dar um álibi. Será a nossa palavra contra a palavra do pai de Ivy, e ainda podemos dizer que ele está com raiva porque não lhe entregamos a menina. - planejou Holmes.
- Certo, e ainda temos os testemunhos da viúva e do mordomo. Acho que vamos conseguir enganar a polícia. - tranquilizei-me.
- Quando aquele monstro acordar da surra que você lhe deu, ele vai contar à policia o que nós fizemos. - retornei ao nosso assunto principal.
- Passamos boa parte da noite com dois policiais e eles viram que ficamos no bordel. Vamos dizer que dormimos lá; tenho certeza que Emanuela irá concordar em nos dar um álibi. Será a nossa palavra contra a palavra do pai de Ivy, e ainda podemos dizer que ele está com raiva porque não lhe entregamos a menina. - planejou Holmes.
- Certo, e ainda temos os testemunhos da viúva e do mordomo. Acho que vamos conseguir enganar a polícia. - tranquilizei-me.
Chegamos à casa da
Senhora Reece, onde a governanta demorou em nos atender porque ainda
estava dormindo. Ficamos na bela sala de visitas enquanto a criada foi acordar Lana.
Do alto da escada, Lana sorriu para meu amigo, sem me ver.
Do alto da escada, Lana sorriu para meu amigo, sem me ver.
- Sherlock, você sabe que pode entrar em meu quarto a hora que quiser! Venha, o que está esperando? – gritou ela, vestindo um roupão por azul.
- Comporte-se, não
estou sozinho! – suspirou ele.
- Doutor, bom dia,
perdoe-me se fui inconveniente. – disse ela, descendo pela escada.
- Bom dia, querida,
perdoe-nos por incomodá-la tão cedo. – cumprimentei-a.
- O que tem aí? –
indagou-me, observando a trouxinha de panos em meu braço, onde
estava a irmã de Ivy.
- Um grande problema! –
Holmes respondeu.
- É um bebê, Lana. –
mostrei-lhe, tirando os panos de cima da criança.
- É seu? – olhou
Lana enciumada para Holmes, pensando se tratar de um filho dele.
Achei graça na
situação. Holmes como pai era algo impensável.
- Claro que não, Lana!
Holmes não costuma fazer coisas que tenham pé ou cabeça. – disse rindo.
- É óbvio que não,
minha cara. Eu jamais cometeria um erro desses. – esclareceu ele.
- Lana, a irmã deste
bebê está sob nossa proteção porque testemunhou um crime. O pai
delas está preso e a mãe é falecida. Não podemos ficar com ela,
por isso precisamos de sua ajuda para tomar conta dela, até encontrarmos uma solução
definitiva. – expliquei-lhe.
- Não posso negar nada
a Sherlock, e eu sei que ele vai me recompensar por isso. – aceitou ela, pegando a neném nos braços e piscando o olho para Holmes.
Meu amigo fez cara de desânimo.
Meu amigo fez cara de desânimo.
- É uma menina, Lana, tem
quase cinco meses e se chama Grace. – contei-lhe.
- Vou cuidar muito bem
dela, Doutor. Assim vou treinando para quando tiver filhos com Sherlock.-
provocou ela.
- Fumou algum cogumelo alucinógeno, Senhora? Aproveite que você está doidona e tente voar, pulando do telhado. - brincou meu amigo.
Esforcei-me para não rir, e tentei me mostrar grato pela ajuda.
- Lana, também não tenho experiência com bebês, mas o que precisar, e só me chamar. - ofereci-me.
- E não se apegue a essa criatura. Só precisamos de algum tempo para decidir o que fazer com ela. – disse ele, se retirando para a porta.
Esforcei-me para não rir, e tentei me mostrar grato pela ajuda.
- Lana, também não tenho experiência com bebês, mas o que precisar, e só me chamar. - ofereci-me.
- E não se apegue a essa criatura. Só precisamos de algum tempo para decidir o que fazer com ela. – disse ele, se retirando para a porta.
- Obrigado, querida. –
despedi-me de Lana.
Eu e meu amigo levamos
os cavalos para se alimentarem em sua mansão. De lá tomamos um
coche de aluguel para retornarmos a Baker Street.
Em nosso apartamento,
encontramos Ivy na cozinha, tomando café em companhia da nossa
criada. Pela tristeza da menina, deveria estar pensando na discussão que tivemos a noite.
Não pude deixar de olhá-la com admiração; tão pequena e já tinha
passado por coisas tão terríveis. E ainda sim, sua maior
preocupação era impedir que a irmã menor sofresse a mesma
violência da qual foi vítima.
- Ivy, temos uma
coisa para lhe contar. – disse-lhe com carinho.
Ela me olhou com raiva,
talvez pensando que íamos lhe dar uma má notícia.
- Seu pai foi preso e
sua irmã está conosco. – Holmes contou-lhe antes de mim.
- Onde está a minha
irmã? – perguntou assustada.
- Em um lugar em
segurança. – acalmei a menina.
- Não minta Watson.
Sua irmã está sendo cuidada por uma maluca, mas ela ficará bem. – interrompeu meu amigo.
- Eu quero ver minha
irmã! – implorou-me.
- Logo você a verá. Eu prometo. –tranquilizei-a.
- Quem está com ela? –
insistiu a menina.
- Uma amiga do Watson!
– respondeu-lhe Holmes.
- Amiga minha... –
murmurei.
- Eu quero minha irmã comigo. - pediu-me a menina, quase chorando.
- Eu quero minha irmã comigo. - pediu-me a menina, quase chorando.
- Confie em mim! Nós
vamos proteger você e sua irmã. – disse olhando-a diretamente nos
olhos.
- Desista dessa
história de fugir. Ontem, o assassino nos seguiu. Ele está nos
vigiando e não sabemos se ele reconheceu você. – aconselhou meu
amigo.
A menina nos olhou brava.
A menina nos olhou brava.
- Precisamos pegar logo
esse criminoso, antes que ele mate mais alguém. – pensei alto, cansado e com sono.
- Nestes dias em que
estive observando os sócios, descobri como é a rotina
deles. Posso invadir suas casas em horários seguros para
investigar. – revelou-me Holmes.
- Qual casa pretende
invadir? – interessei-me.
- Perto da hora do
almoço, a mansão do Senhor Creel estará vazia. Só ficará uma
criada cuidando da limpeza e será fácil para procurar pistas sem
ser descoberto. A mansão do Senhor Armim me dará mais trabalho, sua esposa e a ninhada de filhos saem muito pouco. - contou-me.
- Vou com você! Em
dois poderemos ver mais coisas em menos tempo. – ofereci-me.
Apesar de estar sem
dormir, descobrir na noite passada que o assassino estava nos vigiando, me deixou muito preocupado.
Enquanto Holmes foi
para o banho, sentei-me na sala para recordar os acontecimentos da
noite. A mensagem da mulher do espelho, que agora eu suspeitava ser a
mãe das meninas, a descoberta de que estávamos sendo vigiados pelo
assassino, a monstruosidade sofrida por Ivy e a mentira que
inventamos para prender o pai dela. Foi mais uma noite em tanto.
Capitulo 21 - Uma nova vitima
Capitulo 21 - Uma nova vitima
Nenhum comentário:
Postar um comentário