Pensei que enfim teria
uma noite de sono tranquila, mas, mesmo exausto pelas noites
anteriores, não consegui dormir. Rolei de um lado para o outro na
cama e a insônia novamente tomou conta de mim.
- Não consegue dormir?
– perguntou-me Holmes.
- Acordei você? Sinto
muito, não sei o que está acontecendo comigo. Já faz semanas que
não consigo dormir direito. – suspirei.
- Apronte-se, vamos
sair. – disse ele, se levantando.
- Aonde vamos? –
indaguei, me levantando também.
- Você vai ver. –
foi só o que me respondeu novamente.
Dei uma olhada em Ivy
e a menina parecia dormir tranquilamente. Tranquei a porta do quarto
por fora, já que Holmes havia me dito que retornaríamos antes do
amanhecer.
Tomamos um coche após
andarmos em silencio por alguns quarteirões.
- Então, como foi a
sua investigação disfarçada? – tentei puxar uma conversa.
- Nenhuma novidade. Apenas fui descobrir a rotina dos três suspeitos, seus horários e
os lugares que costumam frequentar. – contou-me.
- Pelo menos você tem
três suspeitos; a polícia me parece que já desistiu do caso. –
continuei.
- Na verdade, eu estou
investigando apenas dois suspeitos. Só falta uma peça chave para
descobrir qual dos dois é o assassino, e está peça chave está para
chegar. – revelou-me.
Não deu tempo para eu
perguntar mais nada porque o coche parou em frente a White House.
- O que viemos fazer no
bordel? – não entendi.
- Não seja tolo
Watson! O que você acha que homens fazem aqui? – riu da minha
pergunta.
Entramos e sentamos no
bar do enorme salão que estava lotado.
- Holmes, eu ainda não
estou preparado para isso. – reconheci meio constrangido.
- Também tive muita
dificuldade em aceitar que precisaria frequentar esse tipo de lugar. Mas enfim, mulheres são um mal necessário, e sua insônia, meu
caro, é por causa da necessidade delas. Também já passei por isso.
– confessou.
- Mary me faz muita
falta. Acho que não vou conseguir ficar a vontade com outra mulher.
– expliquei.
- Escolha uma. Que tal
a latina? – provocou-me.
- Ficou maluco? Não
vou ficar com uma mulher que já ficou com você. – indignei-me.
- Sinto em lhe
informar, meu caro, mas já estive com todas as mulheres desta casa, com exceção
da proprietária, é claro, devido a sua idade avançada. Não pense nisso
Watson, elas estão aqui para atender qualquer cliente, inclusive
Emanuela. Eu tenho um acordo com ela onde sou obrigado a ir a seu
quarto sempre que venho aqui, mas posso dar um jeito nisso se quiser
ficar com ela. – disse-me com naturalidade.
- Não! – decidi com
firmeza.
Apesar de sentir-me
atraído pela latina, havia algo que me impedia de pensar em passar a
noite com ela.
- Então escolha outra.
– ofereceu-me com paciência.
Olhei para as garotas ao
redor e apontei com a cabeça para uma, sem mesmo olhar direito.
- Está bem, pode ser
aquela.
- A novata? Melhor não. Ela não sabe nem se despir sozinha. É a sua primeira vez aqui, vai
precisar de alguém mais profissional. – alegou.
A latina nos encontrou
bebendo no bar do salão.
- Holmes! – se
aproximou ela, muito sedutora.
- Emanuela, por favor,
me chame a Caroline. – pediu ele.
- Só depois que subir
comigo. – disse ela quase cantando.
- Não é para mim, é
para o meu amigo. – esclareceu.
- Já volto. – saiu
ela, depois de me dar um sorriso de enfeitiçar qualquer um.
Holmes tirou de seu
casaco uma pequena e delicada caixa e me entregou; pensei que
tivesse dinheiro dentro.
- Eu posso pagar! – rapidamente o
repreendi.
- Eu sei. Isso é "luva
de vênus", Watson! Aprenda a sempre ter uma no bolso. Nunca se sabe
quando vai precisar. – aconselhou-me.
Coloquei a caixa de preservativos no
bolso com cara de quem não sabia se realmente deveria estar ali.
- Não se preocupe com
nada e apenas diga a garota que você quer o serviço completo. –
avisou-me.
- O que é o serviço
completo? – indaguei.
- Você vai saber. –
sorriu-me.
Emanuela se aproximou
acompanhada de uma morena muito bonita.
- Doutor, está é
Caroline. – apresentou-me.
- Doutor! – disse-me a jovem muito sedutora, estendendo-me a mão.
Holmes pagou a conta do
bar, me olhou transmitindo confiança, pegou a mão de Emanuela e
saiu em direção à escada para o segundo andar.
Eu aceitei a mão da senhorita que também me conduziu para a escada.
Chegando ao quarto,
fiquei completamente tímido. Apesar de toda minha experiência com
mulheres, era uma situação muito estranha.
Criei coragem e disse à
jovem que queria o serviço completo, conforme meu amigo havia me
ensinado.
- Deite-se! –
disse-me, me empurrando para a cama.
O tal serviço completo
é impossível de descrever. Caroline fez coisas que senhoras casadas
nem ousariam sonhar.
Precisei de um bom
tempo para me recuperar, depois que a garota terminou o tal serviço.
Paguei e disse-lhe um obrigado muito constrangido.
- Espere que volte! –
respondeu-me com doçura.
Desci a escada nas
nuvens.
Olhei pelo salão e não
vi meu amigo. Voltei a me sentar no bar e pedi uma bebida. Para minha
surpresa, a latina veio se sentar comigo.
- Tubo bem Doutor? –
sorriu-me linda.
- Sim, Holmes já foi?
– perguntei a ela.
- Não, terminou comigo
e já subiu com outra. É a maneira dele demonstrar que não é só meu. – contou-me com naturalidade.
Não sei porque, mas
fiquei surpreso.
- Eu o conheço há
tanto tempo, e ele ainda consegue me surpreender. – comentei com
ela.
- Ele não fala sobre sua
vida pessoal, mas qualquer um percebe que há uma amizade muito forte
entre vocês dois. – observou ela.
- Somos como irmãos. Às vezes temos nossas brigas, mas não demora e logo estamos juntos
aprontando alguma coisa. Nossa cumplicidade é muito forte e ele é a pessoa que mais confio e admiro. – confessei-lhe.
- Ele é muito
especial! – suspirou ela.
- E ele também é estúpido com as mulheres. – tive que admitir, já que ela
sabia muito bem disso.
- Não na cama. Ele é
o homem mais gentil e encantador que já conheci. –
confidenciou-me.
Fiquei de boca aberta
com a revelação. Ela percebeu minha surpresa e pareceu-me ter se
arrependido de ter me contado.
- Por favor, não comente com ele sobre o que eu lhe disse. O Doutor deve saber o quanto ele não gosta que falem de sua
intimidade. – pediu-me.
- Não vou falar. - sorri para ela.
- Doutor, perdoe-me por perguntar, mas o senhor sabe quem é Elizabeth? - indagou-me.
- Por que me pergunta? - quis saber.
- Holmes, às vezes me chama por este nome na intimidade, mas ele nunca quis me contar nada sobre ela. - confessou-me.
- Este assunto é muito doloroso para ele. Elizabeth foi a namorada de Holmes quando éramos adolescentes. Ela morreu assassinada e me parece que ele nunca a esqueceu. Ela foi a única mulher que Holmes amou. - contei à latina.
- Então é nela que ele pensa quando esta comigo. - suspirou Emanuela.
- Eu pensei que, com o passar dos anos, meu amigo fosse conseguir superar a perda dela e se apaixonar de novo. Mas a verdade é que ele é obcecado por ela e não se permite ter outro relacionamento. É como se ele quisesse se guardar para ela. E acredito também que ele não queira se envolver novamente com outra mulher e colocar a vida dela em risco, afinal, Holmes é um caçador de bandidos e assassinos. - expliquei.
- Eu não me importo em quem ele pensa e nem com quantas outras mulheres ele se diverte. O importante são os momentos que ele passa comigo. Na vida que tenho, aprendi que o amor pode ser livre. - sorriu-me encantadora.
- Não vou falar. - sorri para ela.
- Doutor, perdoe-me por perguntar, mas o senhor sabe quem é Elizabeth? - indagou-me.
- Por que me pergunta? - quis saber.
- Holmes, às vezes me chama por este nome na intimidade, mas ele nunca quis me contar nada sobre ela. - confessou-me.
- Este assunto é muito doloroso para ele. Elizabeth foi a namorada de Holmes quando éramos adolescentes. Ela morreu assassinada e me parece que ele nunca a esqueceu. Ela foi a única mulher que Holmes amou. - contei à latina.
- Então é nela que ele pensa quando esta comigo. - suspirou Emanuela.
- Eu pensei que, com o passar dos anos, meu amigo fosse conseguir superar a perda dela e se apaixonar de novo. Mas a verdade é que ele é obcecado por ela e não se permite ter outro relacionamento. É como se ele quisesse se guardar para ela. E acredito também que ele não queira se envolver novamente com outra mulher e colocar a vida dela em risco, afinal, Holmes é um caçador de bandidos e assassinos. - expliquei.
- Eu não me importo em quem ele pensa e nem com quantas outras mulheres ele se diverte. O importante são os momentos que ele passa comigo. Na vida que tenho, aprendi que o amor pode ser livre. - sorriu-me encantadora.
Holmes chegou de
surpresa.
- Cuidado com o que
falam, o assunto chegou. – brincou ele.
Era muita prepotência
da parte dele achar que eu e Emanuela só poderíamos estar falando
sobre ele; o pior é que era verdade.
- Emanuela, ainda está
estudando aquele livro sobre espíritos escrito por um francês? – perguntou ele.
- Sim, é um livro
incrível. – respondeu ela.
- E neste livro tem
alguma coisa sobre espíritos que ficam aparecendo neste mundo? –
perguntou.
- Aonde quer chegar,
Holmes? – indagou Emanuela, achando que era uma brincadeira.
- Eu e o Watson temos
visto uma mulher muito etérea, que já nos apareceu inclusive como
uma imagem no espelho. – esclareceu ela.
- Eu sei que é muito
estranho, mas também acho que estamos vendo um fantasma. –
confirmei.
- Não há nada de
estranho em ver espíritos, Doutor. Eles estão entre nós e basta ter
uma certa mediunidade para percebê-los. – explicou-nos.
- E porque será que
essa mulher está aparecendo para nós dois? – continuou Holmes.
- Só ela pode
responder! – afirmou à latina.
- E como ela poderia
nos responder? – perguntou meu amigo.
- Podemos tentar entrar
em contato com ela em uma sessão espírita. – sugeriu Emanuela.
- E você saberia fazer
essa tal sessão? – solicitou ele.
- Posso tentar. Se vocês já a viram, é possível que também possam entrar em contato com ela. – esclareceu ela.
- O que será preciso?
– questionou meu amigo.
- Apenas um lugar muito
tranquilo. – respondeu a latina.
- Muito bem, eu volto
para combinarmos a tal sessão. Até mais Emanuela. Vamos Watson. –
despediu-se Holmes.
Despedi-me da latina e
segui com meu amigo para a praça, onde tomamos uma carruagem de aluguel, que nos levou de volta a Baker
Street.
- Não está pensando
em fazer esta sessão em nosso apartamento? – adverti.
- Não se preocupe, não faria uma sessão dessas com aquele “meio quilo de
gente” por perto. Vamos fazer na casa onde tenho meu laboratório.
– esclareceu ele.
Aproveitei para contar
a Holmes minha conversa durante a tarde com a menina, quando ela me
pediu para deixá-la ir embora. Meu amigo tentou me convencer de que Ivy
estava escondendo algum segredo.
Em nosso apartamento,
destranquei a porta do quarto da criança e dei-lhe um beijo na
testa, após observar que ela dormia como um anjo.
Bastou me deitar na
cama para que eu também dormisse profundamente; foi uma noite como
há muito tempo eu não tinha.
Acordei tarde e logo me
assustei ao me lembrar de que Ivy poderia estar com Holmes.
Vesti-me e corri para a cozinha onde só encontrei a criada.
- Saíram os dois,
Doutor. Senhor Holmes disse que levaria a menina para conhecer seu
laboratório. – contou-me a criada.
Meu coração quase
parou. Sai correndo para a rua a procura de um coche. Não queria nem
pensar no que meu amigo poderia estar aprontando com a criança.
Chequei à sua mansão
e já na entrada me deparei com a criada olhando para o telhado. A
menina, mesmo de vestido, estava escalando por ele, seguindo Holmes.
- O que está
acontecendo? – perguntei à senhora.
- Ele disse que iria ensinar a menina a arrombar janelas. Isso é
coisa que se ensine a uma menina? – reclamou a criada.
- Ivy, desça já
daí! – gritei lá de baixo.
A menina me sorriu e continuou subindo. Os dois conseguiram descer à janela do
segundo andar da mansão, onde Holmes deu seu canivete à criança e
parecia estar lhe explicando como arrombar a janela.
Entrei na casa e corri
para o quarto do segundo andar. Quando cheguei, os dois já tinham
conseguido entrar.
- Nada mal. Tem razão
Watson, ela aprende rápido. – disse-me meu amigo com a maior calma
do mundo.
- Holmes, pelo amor de
Deus, o que está fazendo? Ela é uma menina! – critiquei.
- Dedução brilhante, Watson! Ela está aprendendo tão bem quanto qualquer outro menino
de rua que já ensinei. – justificou-se ele.
- Eu sou melhor que
eles. – intrometeu-se Ivy, muito presunçosa.
- Terá que me provar,
minha cara. Vamos ao laboratório. – convidou Holmes.
- Nada disso, vou
levá-la comigo. – confrontei.
- O Doutor não manda
em mim. – contestou ela.
- Não é só você que
tem coisas para ensiná-la, Watson. Eu também tenho meus
conhecimentos que podem muito bem serem úteis a ela. – argumentou
meu amigo.
- Eu imagino a
utilidade para uma menina saber arrombar uma tranca. – impliquei.
- Não seja chato! Depois eu é que sou machista. – disse-me ele, saindo com Ivy
para o laboratório.
Voltei para a sala sem
saber o que fazer. Se por um lado era bom vê-los se divertindo
juntos, por outro, as lições de meu amigo criariam péssimos
hábitos à Ivy.
A criada me serviu chá
e me ofereceu o jornal. Sentei-me à mesa da sala de jantar, ao lado
do laboratório, e tentei me convencer que tudo aquilo era só uma
brincadeira.
Com o passar das horas
fui me acalmando ao ouvir que meu amigo estava ensinando química à
pequena, e ela parecia estar gostando. Mas foi só eu relaxar para se
surpreendido por uma explosão no laboratório, que me fez cair da
cadeira para o chão, com as pernas para o ar.
Holmes e Ivy saíram
de lá tossindo muito, mas inteiros.
- Bom trabalho! –
parabenizou ele à menina.
Ivy sorriu orgulhosa.
Lembrei-me de Mycroft
me dizendo o quanto Holmes era uma influência perigosa para
crianças.
Almoçamos os três
juntos na mansão e o assunto entre os dois eram os elementos da
tabela periódica.
- Conquistou uma
admiradora, Watson. Sua aluna me contou que gostaria de ser
médica como você. – comentou Holmes.
- É um desafio muito
grande minha cara. São poucas as mulheres que conseguiram estudar
medicina e nem a rainha aprova que elas tenham esta profissão. Mas se
for o seu desejo, nós daremos um jeito. – dei-lhe meu apoio, feliz com a
notícia.
- Senhor Holmes, o
mensageiro que pediu está na sala. – avisou a criada.
- Obrigado.
Meu amigo se levantou da mesa e se dirigiu a entrada da mansão, onde um jovem o aguardava.
Meu amigo se levantou da mesa e se dirigiu a entrada da mansão, onde um jovem o aguardava.
- Por favor, entregue
este recado neste endereço. Passe antes em um florista e leve flores
também. – pediu Holmes, lhe dando o dinheiro.
- Que flores Senhor? –
perguntou o rapaz.
- As que tiveram mais
espinhos. – sugeriu meu amigo.
O jovem fez cara de
quem não entendeu o pedido, mas saiu sem fazer objeção.
- Aposto que o recado e
as flores são para a Senhorita Riley. – especulei.
- Exato, meu caro. Mandei-lhe um convite para jantarmos esta noite. Vamos ver se consigo
descobrir algo sobre a misteriosa senhorita e seu “armário
alemão”. – brincou ele.
Durante à tarde,
ajudei meu amigo e a menina a limparem o laboratório parcialmente
destruído pela explosão.
Retornamos somente à noite para o apartamento, quando Holmes se aprontou muito elegante para o jantar.
Retornamos somente à noite para o apartamento, quando Holmes se aprontou muito elegante para o jantar.
- Tome cuidado! Não se
esqueça de que ela é dissimulada e perigosa. – adverti.
- Mas continua sendo
uma mulher. Por mais perigosas que sejam, podem ser facilmente
enganadas. – sorriu ele - Vou precisar de sua ajuda Watson.
- O que quer que eu
faça? – atendi prontamente.
- Preciso que leve Mingau amanhã cedo, por volta da seis horas, à casa da dissimulada e perigosa senhorita. – pediu-me.
- Vai usá-lo novamente
para distrair os cachorros. – conclui.
- Elementar, meu caro. –
confirmou-me, saindo para o encontro.
Não deu tempo para
perguntar mais nada, mas se ele me pediu para levar o gato, é porque
pretendia passar toda a noite fora.
Como eu sairia de
madrugada e a criada só chegaria bem mais tarde, pedi a Ivy que
dormisse no apartamento da Senhora Hudson; assim ela não ficaria
sozinha pela manhã.
Nossa vizinha, gentil como sempre, aceitou tomar conta da menina.
Nossa vizinha, gentil como sempre, aceitou tomar conta da menina.
Perto da hora marcada,
tomei um coche carregando Mingau comigo.
Ainda estava escuro e
encontrei apenas a carruagem de meu amigo, em frente a mansão. Fiquei escondido do
outro lado da rua, esperando que ele aparecesse.
A porta da mansão se
abriu e Holmes surgiu acompanhado pela Senhorita Riley, que o levou até o
portão. Eles se despediram com um beijo demorado; a mulher o agarrou pelos cabelos e parecia não querer mais soltá-lo.
Quando conseguiu livrar-se dela, meu amigo subiu em sua carruagem e partiu. Quando saiu de casa, na noite anterior, a carruagem estava sendo guiada por um cocheiro. Holmes deve tê-lo dispensado após o jantar, para passar a noite com a mulher.
Fiquei observando e a carruagem parou a alguns metros dali, enquanto a senhorita entrava em sua casa. Meu amigo retornou caminhando e eu fui ao encontro dele.
Quando conseguiu livrar-se dela, meu amigo subiu em sua carruagem e partiu. Quando saiu de casa, na noite anterior, a carruagem estava sendo guiada por um cocheiro. Holmes deve tê-lo dispensado após o jantar, para passar a noite com a mulher.
Fiquei observando e a carruagem parou a alguns metros dali, enquanto a senhorita entrava em sua casa. Meu amigo retornou caminhando e eu fui ao encontro dele.
- Está se divertindo
nesta investigação, não? – provoquei.
- Já fiz coisas
piores. – suspirou, colocando Mingau no muro para atrair os
cachorros, que estavam soltos.
A criada alemã surgiu
para ver o porquê dos cães latirem tanto e viu o gato. Ela até
tentou espantá-lo, sem conseguir.
Enquanto isso, eu e
Holmes pulamos o muro do outro lado e entramos na casa pela porta
deixada aberta, nos escondendo rapidamente atrás dos móveis da
sala.
A criada entrou brava e
subiu para o segundo andar, sendo seguida por mim e meu amigo. Vimos,
escondidos no corredor, ela bater forte na porta do quarto da
Senhorita.
- Vá embora e me deixe
em paz. – gritou a falsa Senhorita Riley.
A criada abriu a porta
com raiva e entrou gritando.
- O que você pensa que
está fazendo, sua cretina?
- E quem você pensa
que é para se intrometer na minha vida! – retrucou a dona da casa.
Olhei para Holmes e
entendi o seu plano. Ele já havia me dito que arrumaria um jeito de
fazer as duas brigarem para descobrir a verdade entre elas.
Aproximamo-nos da porta
e ficamos ouvindo a discussão.
- Se não fosse por
mim, você não teria a vida boa que tem. Fui eu que tirei você da
rua, fui eu que matei os senhores desta casa e falsifiquei um testamento, e fui eu quem inventou a
história de você ser filha deles. – berrou a criada.
- Você não fez isso
por mim, titia! Você só me tirou da rua porque precisava da minha
ajuda para matar e roubar a fortuna dos seus patrões. Já lhe dei
a sua parte do dinheiro que roubamos. Por que não vai embora? –
reclamou a Senhorita.
- Eu já lhe disse que você também terá que me dar muitas pedras da Turquia para que eu vá embora, e também porque tenho que
impedir que você ponha tudo a perder e nos mande para a cadeia. Quantas vezes já lhe disse
que esse homem é muito perigoso. E você foi tão estúpida a ponto
de trazê-lo para dormir com você! O que disse a ele? Contou a ele
que você era uma prostituta? – esbravejou a alemã.
- Óbvio que não!
Menti a ele que eu estava muito fragilizada pela morte de meus pais e fui seduzida por um homem que me enganou prometendo
casamento e depois me abandonou. Ele acreditou e disse não se importar. – contou.
- Idiota, ele só está usando você para descobrir alguma coisa sobre o
cocheiro que matou aquelas pessoas. – confrontou a criada.
- E eu não sei nada
sobre isso! Não há o que descobrir! – confessou à falsa Riley.
- Não vê o perigo que
corre. Ele é o melhor detetive que existe! Ele vai acabar
descobrindo o nosso crime. – insistiu a alemã.
- Ele é o homem mais
incrível que eu já conheci e é muito rico. Ele é forte, enorme... passei a noite mais feliz da minha vida nos braços dele e serei capaz de qualquer loucura para me casar com Sherlock Holmes. – suspirou a bandida.
- Se formos
descobertas, eu juro que mato você! – ameaçou a tia.
- Por que os cachorros
estão latindo desse jeito? – berrou a senhorita, irritada.
- Tem um gato lá fora. Vou pegar a espingarda para mata-lo. E não pense que a nossa conversa terminou aqui! – resmungou a alemã.
Ouvimos passos vindos
em nossa direção e saímos correndo em silêncio para a sala
principal, onde nos escondemos novamente, já que a porta agora estava
trancada.
A alemã passou
carregando a arma, abriu a porta e foi até o jardim da casa.
Saímos rapidamente
pela porta deixada aberta e pulamos o muro na hora em que ouvimos um
tiro.
“Pobre gato”,
pensei.
Ficamos escondidos
observando a criada pelo portão. Os cachorros pararam de latir e ela retornou para dentro da mansão.
Holmes foi em direção
ao muro onde havia deixado o gato e, para minha surpresa, Mingau
saiu pelo portão da casa vizinha, correndo para os braços do
dono.
Caminhamos até a carruagem que Holmes havia deixado perto dali.
- Então a criada é
tia da senhorita. Ela trabalhava para o casal Riley e, se
aproveitando que eles estavam sempre viajando, inventou a história
que eles eram muito doentes e tinha uma filha que só vivia para
cuidar deles. – comecei a juntar as peças da história.
- Eles voltaram de uma
viagem e foram mortos pela alemã. Ela forjou um testamento e
conseguiu que a sobrinha recebesse a herança. – terminou Holmes.
- E você agora deu
para passar a noite com uma cúmplice de assassino só para
investigá-la – critiquei.
- É preciso
sacrifícios para pegar criminosos. – brincou ele.
- Mingau que o diga! Senão tivesse sete vidas, já estaria morto. – ri do gato.
- Desvendamos um crime
graças à investigação de outro. Mas acabamos de descobrir que
elas não sabem nada a respeito dos assassinatos dos "sem cabeças". –
constatou meu amigo.
- E o que vai fazer
agora? – perguntei.
- Não precisamos mais
delas; vamos entrega-las a policia. Vou mandar um recado a Lestrade
para que nos procure. Ouviu o que o “armário alemão” disse a
meu respeito? Sou o melhor detetive que existe! Que pena ela ser uma
assassina, já estava me simpatizando com ela. – gabou-se ele.
Só pude rir do seu
comentário.
Levamos a carruagem para a mansão de Holmes, onde os cavalos puderam descansar e seguimos para a Backer Street em um coche de aluguel.
Levamos a carruagem para a mansão de Holmes, onde os cavalos puderam descansar e seguimos para a Backer Street em um coche de aluguel.
Já em nosso apartamento, Holmes pediu que dois meninos de rua entregassem um recado para Lestrade e outro
para Emanuela, marcando a reunião espírita para aquela noite.
- Acredita mesmo que
vamos falar com um fantasma? – indaguei incrédulo.
- Você sabe muito bem que eu acredito em vida espiritual. E se nós conseguimos ver a mulher, porque não poderíamos falar com ela? – retrucou-me.
Nunca vi meu amigo se envolver com nenhum tipo de religião, e o mesmo chegou a me dizer algumas vezes que seitas religiosas não passavam reuniões hipócritas, onde as pessoas frequentavam por mera aparência. Mas Holmes não era ateu, e desde jovem me confessou sua crença em vida após a morte.
Nunca vi meu amigo se envolver com nenhum tipo de religião, e o mesmo chegou a me dizer algumas vezes que seitas religiosas não passavam reuniões hipócritas, onde as pessoas frequentavam por mera aparência. Mas Holmes não era ateu, e desde jovem me confessou sua crença em vida após a morte.
Depois do almoço,
meu amigo saiu novamente para vigiar os sócios suspeitos. Desta vez foi
disfarçado de velho.
Passou toda a tarde e
nada de Lestrade aparecer. Eu estava encarregado de lhe contar
tudo sobre o caso da falsa Senhorita Riley.
Holmes retornou à noite
e novamente deixamos Ivy aos cuidados da Senhora Hudson, para irmos
a sua mansão.
Ao entrarmos no coche de aluguel
em frente ao nosso prédio, apareceram Lestrade e Gresgon.
- Rapazes, quase que
não conseguimos chegar a tempo de encontrá-los. Perdoe-nos a hora,
mas passamos o dia presos na sede da Scotland Yard dando explicações
ao comandante. Precisamos de sua ajuda Holmes; temos que resolver o
caso dos decapitados, da criatura que andou atacando na cidade e
ainda precisamos encontrar o assassino do juiz com urgência. Nossas
carreiras estão em perigo. – disse Lestrade desanimado.
- Carreira Lestrade? Só se for de múmia! Você já era para estar aposentado a milhares de anos. - retrucou meu amigo.
Lestrade mudou a expressão de angustiado para muito bravo.
- Carreira Lestrade? Só se for de múmia! Você já era para estar aposentado a milhares de anos. - retrucou meu amigo.
Lestrade mudou a expressão de angustiado para muito bravo.
- Por favor, nos diga
que seu recado para o procurarmos significa que descobriu algo sobre
algum destes crimes! – implorou Gregson.
- Subam, eu e o Watson
estamos indo a um encontro. Conversaremos no caminho. – ofereceu meu
amigo.
Holmes e eu nos
sentamos em frente aos inspetores, que pareciam muito cansados.
- Sobre o caso da
criatura, ela está morta. – informou meu amigo.
- Encontraram o bicho?
O que era? Como morreu? – espantou-se Lestrade.
- Era uma coisa, digamos,
desconhecida pela nossa ciência. Nós encontramos a toca da criatura e eu a matei. Foi um acidente, é claro. – contou Holmes.
- Explique esta
história direito Holmes. – pediu Gregson.
- É tudo o que posse
lhe dizer sobre este caso. Sobre o caso dos "sem cabeças", estou
prestes a pegar o assassino, e sobre o caso do juiz... – meu amigo
me olhou – bem, este será mais complicado de se resolver.
Entendi o seu olhar. O
caso já estava resolvido, mas nunca revelaríamos aos inspetores.
- Mas não chamamos
vocês por causa desses casos. Nós descobrimos outro crime. Quer
contar a eles Watson? – pediu-me.
Passei a relatar aos
policiais que havíamos descoberto os corpos do casal Riley
enterrados no quintal da mansão, com buracos de tiros nos crânios,
e que eles foram mortos pela criada alemã, que falsificou um
testamento para que sua sobrinha, a falsa Senhorita Riley, se
passasse por herdeira e recebesse a fortuna.
Eles quiseram saber a
todo custo como havíamos descoberto toda a história, mas eu e meu amigo os convencemos de que não poderíamos revelar.
Os meios usados para investigar não foram nada convencionais, como invadir a casa usando um gato, e ainda Holmes, tendo um caso com a Senhorita para lhe fazer brigar com a criada.
Os meios usados para investigar não foram nada convencionais, como invadir a casa usando um gato, e ainda Holmes, tendo um caso com a Senhorita para lhe fazer brigar com a criada.
Paramos em frente a
White House, onde apanharíamos Emanuela.
- Bem senhores, isso é
tudo o que temos a contar. – finalizei a conversa.
- Vamos nos despedir
aqui. – avisou meu amigo.
Emanuela subiu no
coche, nos cumprimentando.
- O que vocês estão
aprontando? – interessou-se Lestrade, percebendo algo de estranho no nosso encontro.
- Não é nada de mais,
pode acreditar. – disse Holmes calmamente.
- Então não se
importarão se formos juntos, certo? – Gregson se permitiu ser
inconveniente.
Os inspetores nos
olharam com desconfiança.
Eu e Holmes, pelo
olhar, notamos que estávamos pensando a mesma coisa. Seria engraçado
levar os inspetores para falar com fantasmas.
- O que acha Holmes? –
perguntei rindo.
- Acho que podemos
levá-los. Os inspetores me parecem homens abertos a novas
experiências. – brincou ele.
- Quanto mais gente melhor. – conclui Emanuela.
A carruagem seguiu para a mansão de Holmes.
- Quanto mais gente melhor. – conclui Emanuela.
A carruagem seguiu para a mansão de Holmes.
- E então, o que é
esta tal nova experiência? – perguntou Gregson.
- Vamos fazer uma
sessão espírita. – comunicou Emanuela.
- Sessão o quê? –
estranhou Gregson.
- Comunicação com
os mortos. – explicou ela.
- Estão de
brincadeira? – assustou-se Lestrade.
- Absolutamente
inspetor. Sou adepta do espiritismo, uma doutrina criada na França, e Holmes me pediu para fazer uma sessão espírita. –
revelou a jovem.
Os policiais se olharam
arrependidos de estarem ali.
Holmes e eu os
observávamos com vontade de rir.
- Será que os
inspetores ficaram com medo? – brinquei.
- Medo? Ora Doutor, eu
não acredito nesta baboseira. – contestou Lestrade.
- Baboseira? Então
quero ver se são homens de participarem. – provocou Emanuela.
- Vocês dois são
malucos! – reclamou Gregson, enquanto eu e Holmes rimos.
Chegamos à mansão e
Emanuela pediu a criada que colocasse sobre a mesa de jantar uma
toalha branca e que trouxesse um copo com água.
A criada não entendeu o pedido e nos trouxe cinco copos.
- Não preferem tomar
vinho ou licor? – perguntou-nos atenciosa.
- Não Senhora, é só
um copo com água. Nós não vamos beber, vamos fazer uma sessão
espírita. – esclareceu Emanuela.
A criada arregalou os
olhos assustada e colocou o copo com água sobre a mesa.
- Vocês irão precisar de mais
alguma coisa? – perguntou ela, falando vagarosamente com medo.
- Não, obrigado. Pode
ser recolher e tenha uma boa noite. – respondeu gentil meu amigo.
Enquanto a criada se
retirava, Emanuela colocou o copo com água bem no
centro da mesa e, ao redor, organizou sequencialmente todas as letras do
alfabeto, recortadas em papelão. Também apagou todas os candelabros
da sala, deixando apenas uma vela acessa ao lado do
copo.
Após sentar-se na
cabeceira, a latina pediu que nos sentássemos, eu a seu lado e Holmes ao meu
lado, enquanto Lestrade sentou-se do outro lado da mesa, ao lado de
Emanuela, e Gregson ao lado de Lestrade.
- Deem as mãos e
fechem os olhos. – ordenou à senhorita.
- Isso é realmente
necessário? – não gostou Holmes.
- Façam o que eu
mando! – retrucou ela.
Holmes e Gregson se
esticaram para darem a mão sobre a mesa.
- Vamos pedir aos
nossos guias que nos auxiliem nesta reunião... – começou ela.
- Nossos guias? E eu só lá carruagem para ser guiado? – estranhou Gregson.
- Fique quieto
inspetor. Tem alguém aí? – indagou a senhorita, como se
estivesse em transe.
- Tem eu! – respondeu
Holmes brincando.
- E eu! – respondi
também.
- Eu também! – disse
Gregson.
Emanuela suspirou
brava.
- Tem alguém aí, além
de mim e desses quatro patetas? – refez a pergunta.
- Tem a criada lá nos
fundos, morrendo de medo! – respondeu Holmes.
- Se continuarem brincando, não vai aparecer nada. - reclamou ela.
- Estou vendo um gnomo! –
surpreendeu-nos Holmes.
- Onde? – Emanuela abriu os
olhos para ver também.
- Do seu lado. Lestrade não é a descrição perfeita de um gnomo?
– brincou meu amigo.
Eu e Gregson não
conseguimos segurar o riso.
- Muito engraçado,
Holmes. – esbravejou o inspetor.
Emanuela suspirou muito irritada. Após olhar feio para todos na mesa, fechou os olhos tentando se concentrar.
- Tem alguma coisa no
meu pé! – assustou-se Gregson.
- Almas de outro mundo
só puxam os pés dos vivos quando estão na cama. –
explicou Lestrade.
- E desde quando você
entende de almas de outro mundo? – confrontou Gregson.
- Desde quando ele se
casou com uma. A esposa de Lestrade foi a cobra da arca de Noé. – respondeu Holmes.
Caímos na risada
novamente.
- Holmes, cale a boca.
– Emanuela perdeu a paciência.
- Uuuuuuh! – falamos
juntos eu, Lestrade e Gregson, admirados com a atitude da latina em
repreender meu amigo.
- Repita isso e
eu atiro a senhorita e os espíritos pela janela! – ameaçou ele.
Mal Holmes terminou de
falar e um forte vento na sala apagou a luz da única vela acessa,
nos deixando na completa escuridão.
Gregson e Lestrade se assustaram tanto que gritaram como donzelas em perigo.
Gregson e Lestrade se assustaram tanto que gritaram como donzelas em perigo.
Eu e Holmes caímos na
gargalhada. Peguei o isqueiro em meu bolso e me apressei em acender a
vela novamente, enquanto meu amigo se levantou para fechar somente o
vidro da janela por onde entrou a corrente de ar.
Emanuela permaneceu com
a expressão séria, de olhos fechados.
Quando Holmes se sentou
à mesa, pessoas estranhas vindo da sala de visitas entraram pela sala
de jantar, se posicionando ao nosso redor.
Fiquei surpreso sem
entender quem eram. Pareciam pessoas normais, umas trajando roupas
elegantes e outras, roupas mais simples.
Notei que meu amigo ficou muito sério, também observando aqueles intrusos, mas sem nenhuma intenção de perguntar quem eles eram. Já Gregson e Lestrade pareciam ignorar a presença dos estranhos.
Notei que meu amigo ficou muito sério, também observando aqueles intrusos, mas sem nenhuma intenção de perguntar quem eles eram. Já Gregson e Lestrade pareciam ignorar a presença dos estranhos.
Minha expressão
confusa se tornou paralisada quando vi a mulher do espelho se
aproximar de Emanuela. Ela parecia muito real e percebi que Holmes
também a via.
Todos os estranhos,
inclusive a mulher misteriosa, levantaram suas mãos com as palmas
direcionadas ao copo, que passou a se mover sozinho.
Gregson e Lestrade
arregalaram os olhos, também paralisados.
Emanuela se pôs a
soletrar as letras, as quais o copo parava em frente.
Letra por letra, fomos
formando a frase: “salvem minhas filhas”.
Eu estava entretido,
observando o copo e a mulher do espelho, quando me assustei ainda mais com Holmes saindo abruptamente da mesa, correndo em direção à
janela, fechada apenas pelo vidro.
Meu amigo a abriu e
pulou para fora da casa.
Sem entender o que
estava acontecendo, eu, Lestrade e Gregson saímos correndo atrás
dele e também saltamos pela janela.
Chegando ao portão da
mansão, pudemos ver e entender a atitude do meu amigo. Ele estava
perseguindo um homem todo vestido de preto, com capa, chapéu e o
rosto coberto por um lenço.
Corremos por alguns metros e o homem, bem a nossa frente, subiu
em um cavalo que estava a sua espera. Era o mesmo animal que vimos na praça, no dia do sequestro de Ivy. No entanto, não encontramos aquele cavalo na cocheira da loja, no dia da apreensão da carruagem.
Holmes parou a
minha frente, mirando a cabeça do bandido com seu revolver.
Ouvi um tiro disparado atrás de mim por Lestrade e tive a nítida intuição de que Holmes seria atingido; pulei sobre o meu amigo.
Ouvi um tiro disparado atrás de mim por Lestrade e tive a nítida intuição de que Holmes seria atingido; pulei sobre o meu amigo.
A bala realmente quase nos acertou, mas passou longe do homem de preto que
conseguiu fugir.
- Obrigado, Watson! - disse-me Holmes, já em pé, me estendendo a mão para ajudar a me levantar.
Não sei se realmente aquele tiro o teria atingido, mas senti uma satisfação imensa por tê-lo protegido.
- Obrigado, Watson! - disse-me Holmes, já em pé, me estendendo a mão para ajudar a me levantar.
Não sei se realmente aquele tiro o teria atingido, mas senti uma satisfação imensa por tê-lo protegido.
Eu e Holmes ficamos
desconsolados observando o assassino desaparecer na névoa, quando Lestrade conseguiu chegar até nós.
- Tentou me matar,
Lestrade? – perguntou meu amigo.
- Não sabe quantas
vezes eu quis isto, Holmes, mas hoje não era caso. –
confessou o inspetor, constrangido.
- Quem era? – chegou
ofegante Gregson.
- O assassino dos "sem
cabeças". Ele nos seguiu e se o motivo das mortes é a prática de
rituais condenáveis por fanáticos religiosos, acabamos todos nós
por entrarmos na lista das pessoas que ele vai querer decapitar. –
revelou Holmes.
- Aquele cavalo,
Holmes, é diferente do cavalo que vimos na praça. - observei.
- E o assassino estava nos seguindo Watson. Isto prova que ele sabe que estamos investigando os sócios e está trocando os cavalos para não nos deixar pista.
Voltamos para a mansão,
onde encontramos Emanuela preocupada e sozinha. A mulher do espelho e os estranhos que vimos haviam desaparecido.
Holmes contou para
todos que, quando acabamos de formar a frase, a mulher do espelho
olhou assustada para a janela, fazendo com que ele visse o homem que
nos observava lá de fora.
Gregson e Lestrade
ficaram sem entender quem era a mulher do espelho, mas Holmes
continuou explicando o perigo que agora todos nós corríamos.
- Emanuela, vou levar
você para uma outra casa que tenho, a qual uso como esconderijo. Lá
você estará segura até prendermos esse assassino. – decidiu meu
amigo.
- Nem pensar Holmes, eu
preciso atender meus clientes. – não aceitou ela.
- Você não entendeu o
que eu disse? Você está correndo perigo de morte. – contestou
ele.
- Se este assassino é
um fanático religioso, não deve frequentar bordeis. Então ele não
sabe quem eu sou e não saberá onde me encontrar. – argumentou
ela.
- Não sabemos desde
quando ele está nos seguindo. Ele pode ter visto você entrar na carruagem em frente a White House. – insistiu ele.
- Eu sei me cuidar
Holmes e não vou deixar meu trabalho por causa de um fanático. –
decidiu ela.
Meu amigo também
ofereceu seu esconderijo para Lestrade, Gregson e para mim, e nós
também recusamos.
Combinamos um plano
para levarmos Emanuela em segurança para o bordel. Lestrade e Gregson
foram com ela em um coche de aluguel, enquanto Holmes atrelou sua
carruagem e fomos logo atrás deles, observando atentamente se havia
alguém nos seguindo.
Os policiais
deixarem Emanuela na White House e partiram, enquanto eu e Holmes, na carruagem, ainda permanecemos um tempo em frente ao bordel, vigiando.
Capitulo 20 - O monstro
Capitulo 20 - O monstro
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