Filme: Young Sherlock Holmes
Ano: 1985
Roteiro: Chris Columbus e Arthur Conan Doyle (personagens)
Direção: Barry Levinson
Produção: Steven Spielberg, Marck Johnson e Henry Winkler


domingo, 7 de abril de 2013

Capitulo 23 - O colégio


Terminado as explicações à policia, meu amigo e eu seguimos para sua casa esconderijo. O caso estava resolvido e era hora de decidirmos o que faríamos com as crianças.
Enquanto as meninas brincavam na sala, levamos Lana até o escritório.
- Até que enfim vamos poder nos livrar das "criaturas". Vou usar de minha influência para colocar Ivy em um colégio interno. Na idade em que ela está e por já ter um histórico de assaltante de rua, não ira conseguir coisa melhor. Já a trouxinha, vamos entregar para adoção. - sugeriu Holmes.
Lana surpreendeu-se com a frieza de Holmes, mas era óbvio que ele estava apenas nos provocando.
- E acha mesmo que vou permitir uma coisa dessas? Como pode pensar em separar as duas irmãs? - retrucou furiosa.
Já era esperado que Lana quisesse ficar com as meninas; era visível seu apego ao bebê.
Eu fiquei feliz por "minhas pequenas" estarem em tão boas mãos e Holmes disfarçou um sorriso de contentamento. Agora que Lana tinha duas crianças para cuidar, não teria tanto tempo para lhe perseguir.
Lana levantou-se brava e pronta para se retirar, quando meu amigo, em um tom sério, chamou-lhe a atenção.
- Sente-se Senhora! Se pretende ficar com as meninas, é preciso que saiba de algo muito importante sobre a mais velha.
Lana voltou-se para o sofá emburrada.
Entendi que era preciso contar-lhe toda a verdade sobre Ivy. Lana compreenderia o porquê do comportamento triste e revoltado da menina.
- Lana, o que vamos lhe revelar é algo muito delicado. - tentei, constrangido, começar o assunto.
- A menina sofreu abuso. - interrompeu-me Holmes, com a sua costumeira mania de revelar coisas, sem se importar com choque que causará nas pessoas.
- Sofreu o quê? - assustou-se Lana.
- Exatamente o que senhora entendeu! E o monstro foi o próprio pai. - continuou meu amigo, sem nenhuma delicadeza.
Olhei para ele o recriminando por ser tão rude.
A senhora parecia ter ficado atordoada. Sentei-me ao seu lado e segurei-lhe as mãos.
- Lana, eu sei o quanto é horrível descobrir que isso aconteceu a uma criança. Todos nós teremos que ter muita paciência com Ivy. - disse-lhe, diante de sua expressão de choro.
Holmes levantou-se indiferente e foi até o seu cofre, de onde pegou um de seus saquinhos de diamantes.
- O que vai fazer? - estranhei.
- Eu prometi ao filhote de aye aye que lhe daria uma boa recompensa quando ela não me servisse mais. - lembrou-me.
- Vai dar uma fortuna nas mãos de uma criança? - novamente o repreendi.
- Você e suas deduções brilhantes, Watson. - respondeu-me sem paciência, saindo para sala.
Lana finalmente conseguiu se recuperar do susto.
- Doutor, Ivy parece não gostar de mim. Acho que ela tem ciúmes da irmã. Será que ela me aceitará como mãe? E será que permitirão que eu fique com as meninas, sendo uma viúva?
- Vou conversar com Ivy e tenho certeza que ela aceitará. Quanto a adoção, bem, Holmes e Mycroft conseguem qualquer coisa que quiserem nesta cidade. - tranquilizei-a.
 Após o jantar, antes de levarmos as crianças para a casa de Lana, levei Ivy para um passeio no jardim da mansão.
Foi uma longa conversa com a menina, mas consegui convencê-la a aceitar Lana como sua responsável e a desistir de fugir para viver nas ruas. A menina era muito esperta e sabia que era o melhor para sua irmã mais nova.
Ivy também me entregou os diamantes que havia ganho de  Holmes, pedindo-me que os guardasse. Sua atitude me foi um sinal de que eu finalmente havia conquistado sua confiança e do quanto ela era inteligente, apesar da pouca idade. Uma criança qualquer faria loucuras com toda aquela fortuna.
No dia seguinte, Gregson nos contou que os Senhores Roy e Armim ficaram chocados ao saberem, pelos policiais, sobre a Senhorita Riley e o Senhor Creel, e mais ainda, preocupados com a repercussão negativa em seus negócios. 
Ter o nome de sua empresa ligado a assassinatos, lhes traria sério prejuízo, por isso, ambos iriam passar um tempo na Turquia, com suas famílias, fugindo da imprensa.
Holmes e eu fomos ao necrotério, para saber sobre o corpo da falsa Senhorita Riley. O mesmo ainda estava lá, uma vez que ninguém apareceu para reclamar. A tia já estava condenada e presa.
Meu amigo acabou pagando todos os custos, dando um enterro digno à senhorita, em cujo velório compareceram apenas Holmes, eu e um padre.
O Senhor Creel, mesmo sendo muito rico, também não tinha família, e acabou sendo enterrado como indigente. Nem eu, nem Holmes, nos preocupamos com o enterro do homem que quase cortou a cabeça do meu melhor amigo.
Passados alguns dias, meu amigo e eu visitamos Mycroft, para saber de Alice.

Após relatarmos toda a aventura do caso dos "sem cabeças" a Mycroft, que perdeu a cor na parte em que Holmes quase perdeu a cabeça, o irmão fez questão de nos levar ao convento, onde Alice havia sido aceita.
Holmes e eu achamos divertido reencontrarmos a ex-prostituta como freira.
Alice, vestida de noviça, nos recebeu na recepção do convento, acompanhado por uma madre risonha.
- Senhor Holmes, Doutor Watson e Senhor Mycroft, que bom que vieram! Eu queria muito agradecê-los.
Holmes tomou as mãos da ex-prostituta, beijando-as.
- Somos nós que viemos lhe agradecer. Sua coragem e lealdade nos salvaram de um grande perigo.
- O senhor foi um anjo em minha vida. – disse ela a Holmes.
- Holmes, um anjo! - não pude deixar de exclamar e rir com irônia.
Mycroft também segurou o riso e meu amigo meu olhou convencido, porém, também achando graça no comentário absurdo.
Aproximei-me da jovem noviça, também beijando-lhe a mão.
- Que bom vê-la realizando seu sonho, Alice. Você merece estar aqui e merece ser feliz. Obrigado por nos salvar.
- Vocês também me salvaram Doutor. – agradeceu-me.
A madre se mostrou impressionada por tratarmos Alice com tanto carinho e respeito. Isso certamente contaria pontos para ela lá dentro.
Saímos do convento e seguimos os três para uma missão importante. Lana havia pedido nossa ajuda para matricular Ivy em um renomado colégio para meninas. A Senhora Reece sabia que teria problemas, uma vez não ser a mãe biológica da menina.
Ao chegarmos ao portão, nos deparamos com Lana saindo muito brava, trazendo Grace no colo e Ivy pela mão.
- Velhos prepotentes! Quem eles pensam que são? – resmungava alto ela, sem nos ver.
- O que aconteceu Lana? – se aproximou Holmes.
A Senhora pareceu se acalmar com a nossa presença.
- Recusaram Ivy e menosprezaram o meu sobrenome. – respondeu triste.
- Porque a recusaram? – também fiquei bravo.
- Já estava tudo certo para a matricula quando um senhor invadiu a sala do reitor gritando que o pai de Ivy era um assassino e que ele esta preso, e que ela não é digna de estudar aqui. O reitor me expulsou,  dizendo que neste colégio só estudam meninas de famílias ricas e respeitadas, como se eu não fosse rica e meu sobrenome não fosse respeitado nesta cidade. – reclamou Lana.
- Mas que atrevimento! – concordei.
Ivy olhava para o chão, incomodada com a situação.
- Levante a cabeça menina! E nunca mais a abaixe para quem quer que seja! – disse Holmes à Ivy.
A menina o obedeceu, olhando sério para ele.
- Muito bem! Agora venha. – disse ele, pegando a criança pela mão.
Holmes entrou no colégio levando Ivy consigo, seguido por mim, Mycroft e Lana com o bebê nos braços.
O burburinho começou instantaneamente, com crianças e pais parando para nos observar.
- É Sherlock Holmes! – disse alguém admirado.
- Tem certeza? – perguntou outro surpreso.
- Não acredito! Sherlock Holmes está aqui! – continuou alguém mais admirado ainda.
Os olhares eram de surpresa. O assunto na cidade era o caso resolvido dos "sem cabeças" e na incrível força de Holmes que, mesmo preso, conseguiu matar o assassino.
- Aquele ali é o Doutor Watson! – ouvi todo orgulhoso, alguém cochichando no meio da multidão.
O reitor nos encontrou a caminho do gabinete do colégio.
- Senhor Holmes, é uma surpresa e uma honra recebê-lo. O que faz aqui? – estranhou.
- Estou profundamente descontente! Acabei de ser informado de que minha aprendiz foi recusada! – reclamou meu amigo.
- Sua aprendiz? – gaguejou o reitor, olhando para Ivy.
O velho parecia estar constrangido.
- Mas Senhor Holmes, soubemos por fontes seguras que esta menina já viveu nas ruas e pior, seu pai está preso por assassinato. Ela não esta a altura de frequentar nosso colégio. Não podemos permitir que alguém de nível tão inferior conviva com as senhoritas das melhores famílias de Londres. – argumentou o reitor.
Mycroft resolveu intervir.
- Pois eu lhe digo que esqueça o passado desta criança. Já estou cuidando do caso e, muito em breve, está menina terá o sobrenome Reece. E qualquer ultraje a ela será também uma ofensa particular a família Holmes.
Percebendo que o velho não sabia quem era Mycroft, me dispus a apresentá-lo.
- Caso não conheça, senhor reitor, este é o irmão de Sherlock Holmes, Senhor Mycroft Holmes, importante funcionário do governo e amigo pessoal da Rainha.
O reitor arregalou os olhos e se apressou a cumprimentar o irmão.
- Senhor Mycroft Holmes, é um prazer conhecê-lo. Nós jamais nos atreveríamos a cometer qualquer ofensa à sua família. – bajulou.
- Então vai aceitar nossa afilhada neste colégio? – indaguei em tom severo.
Um senhor de longa barba negra, que parecia ser um professor, intrometeu-se em nossa conversa.
- Isto é inaceitável! Os pais das senhoritas que estudam nesta escola não permitirão que suas filhas convivam com esta miserável.
Meu sangue ferveu e senti uma imensa vontade de quebrar-lhe a cara. 
Holmes foi até ele e o observou atentamente.
Do meio da multidão, surgiu um senhor muito encorpado e, apesar de tê-lo visto somente uma única vez, eu o reconheci. Era o Senhor Dustin, o rico farmacêutico que, há alguns atrás, havia sido acusado do assassinato de uma das garotas do bordel.
- Com licença, cavalheiros, mas o professor Grant está equivocado. Como pai de duas alunas deste colégio, faço questão de que minhas filhas sejam colegas e amigas da afilhada do Senhor Holmes. – disse com prepotência.
As filhas do Senhor Dustin que estavam ao seu lado, sorriram para Ivy.
- Eu agradeço Senhor Dustin. – respondeu-lhe Holmes, que também se lembrou dele.
Um outro senhor também resolveu se pronunciar.
- Bem, se a senhorita se trata de uma Reece, acho que não teremos com o que nos preocupar.
Meu amigo andou ao redor do Professor Grant, que o encarava com desprezo. Notei que Mycroft também observava o senhor com o olhar de investigador.
Holmes puxou do casaco claro do professor, um imperceptível fio muito comprido de cabelo loiro. Meu amigo, no mesmo instante, olhou para uma mulher que estava próxima a eles, a qual, pelas vestes, era enfermeira.
A mulher, de longos cabelos claros, ficou vermelha de vergonha, abaixando a cabeça. Sua atitude foi muita suspeita.
O homem assustou-se e Holmes fixou o olhar na aliança que a mulher usava e voltou seus olhos para a aliança que o professor tinha em seu dedo. Elas não faziam um par.
As pessoas que estavam ali não entenderam o que estava se passando, mas eu e Mycroft entendemos perfeitamente. 
Aquele fio de cabelo no casaco do professor poderia ser uma mera casualidade, se não fosse o olhar amedrontado da enfermeira.
Meu amigo suspeitou que ambos fossem amantes e, se fosse verdade, ainda pesaria contra eles o fato de serem adúlteros, já que ambos eram casados, fato comprovado pelas suas alianças diferentes.
Holmes encarou o professor sorrindo.
- O que será que eu posso descobrir sobre sua vida?
O homem, com expressão de raiva, pareceu compreender o perigo.
- Se os pais concordarem, eu não farei nenhuma objeção. – respondeu, mantendo-se arrogante.
- Eu agradeço. – respondeu-lhe Holmes de forma gentil.
- Há algum pai que seja contra? – gritou o reitor, gaguejando.
Houve apenas um burburinho nos apoiando. Na presença de Holmes, quem se atreveria.
- Então, vamos ao meu gabinete matricular a jovem. – convidou-nos o reitor.
Meu amigo se aproximou dos demais professores e se postou elegantemente com sua bengala frente a eles.

- Não quero que haja nenhum privilegio para a minha aprendiz, muito menos que ela seja tratada de forma diferente de qualquer outra aluna. Mas se eu souber que a maltrataram ou cometeram qualquer injustiça contra ela, lhes garanto cavalheiros, não vão me querer como inimigo. – ameaçou educadamente meu amigo.
Enquanto os professores pareciam constragindos, a cara de apaixonada de Lana era impagável.
Após toda confusão resolvida, aproveitei que estávamos no corredor do colégio para conversar com Ivy, me ajoelhando a sua frente.
- Nunca se esqueça de que você sempre poderá contar comigo! Qualquer coisa, é só me chamar. E se você resolver ser médica quando crescer, por mais difícil que seja, eu estarei ao seu lado. – disse-lhe com carinho.
- Obrigada, tio. – sorriu-me graciosamente, enquanto eu me levantava.
- Boa sorte menina. – disse-lhe Mycroft.
- Obrigada, Senhor. – respondeu-lhe com respeito.
Holmes também se ajoelhou em frente a menina e a olhou sério.
- Qual a primeira coisa que deve fazer neste colégio? – perguntou ele.
- Descobrir onde é o laboratório de química e encontrar um jeito seguro de entrar e sair dele sem ser vista. Devo usá-lo toda vez que precisar "melhorar" o chá de alguém. – respondeu-lhe com segurança.
Eu e Lana nos olhamos não gostando nem um pouco da resposta.
- Muito bem! Faça aquela receita que lhe mostrei em meu laboratório e coloque no chá do tal professor Grant. Onde guardou o canivete que eu lhe deu? - continuou meu amigo.
- No bolso do meu casaco. Vou tê-lo sempre comigo. - disse a menina.
- Excelente.  E qual foi a principal lição que lhe ensinei? – prosseguiu Holmes.
- Jamais cometer um crime sem usar luvas, e fazer tudo com calma e atenção para não deixar pistas, principalmente pegadas. – respondeu confiante.
Mycroft mal conseguia disfarçar a vontade de rir, enquanto eu e Lana nos olhamos assustados.
- Qualquer coisa que você precise, seja o que for, é só chamar o Watson. – levantou-se Holmes sorrindo.
A menina riu. Ela sabia que sempre poderia contar com ele também.
Ao voltarmos para o pátio do colégio, Ivy foi cercada por outras meninas que queriam conhecê-la.
Lana alugou os ouvidos de Mycroft contando-lhe sobre todos os apuros que passou em seu sequestro, principalmente a parte em que Holmes e eu a jogamos de um lado para o outro.
- Fui jogada mais que peteca na praia! – reclamou ela, nos olhando com uma certa raiva.
O irmão nitidamente estava se esforçando para não cair na gargalhada.
Holmes parecia alheio a tudo, observando atentamente uma janela do terceiro andar do colégio.
Tentei ver o que estava lhe prendendo a atenção, mas na janela havia apenas uma estranha névoa que parecia formar o corpo de uma mulher.
Pela tristeza no olhar do meu amigo, ele parecia estar vendo algo mais que eu. 
 

Em uma pequena cidade da Escócia, um forasteiro chega em uma tranquila pousada.
- Quer um quarto? - ofereceu a dona do local, de modo grosseiro.
- Sim, por favor. - respondeu o recém chegado.
- Seu nome, Senhor? - perguntou a senhora.
- Moriarty. Professor Moriarty. - apresentou-se Dudley.


                                                               
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