Filme: Young Sherlock Holmes
Ano: 1985
Roteiro: Chris Columbus e Arthur Conan Doyle (personagens)
Direção: Barry Levinson
Produção: Steven Spielberg, Marck Johnson e Henry Winkler


domingo, 7 de abril de 2013

Capitulo 14 - A rua suspeita

Mais algumas ruas e meu amigo mandou a carruagem parar.
- Foi aqui, não foi? – perguntou ele à menina.

A criança olhou pela janela, com cara de enjoo.
- Foi ali. – apontou o portão de uma casa.
Desci da carruagem com Holmes para investigar; era a casa que havíamos visitado na noite anterior, a casa da Senhorita Riley.
- O que acha Watson? – perguntou meu amigo, com um sorriso no canto dos lábios.
- Acho que o nosso assassino está por aqui. – respondi pensando na bonita senhorita.
Retornamos para a carruagem e Holmes pediu ao cocheiro que nos levasse à casa do Senhor Heston, filho do senhor decapitado.
A menina estava toda mole; insisti para que voltássemos para o apartamento, mas Holmes me convenceu que o ar da manhã lhe faria bem.
Senhor Heston nos recebeu em seu escritório.
- Senhor Holmes, descobriu alguma coisa? – perguntou o senhor apreensivo.
- Ainda estamos investigando e preciso de sua ajuda em relação a algumas informações. – pediu meu amigo.
- O que quiser! – atendeu ele.
- Conhece a Senhorita Riley? – perguntou-lhe Holmes.
- Sim, mas porque a pergunta? – não entendeu o senhor.
- É importante que me conte tudo o que sabe sobre ela. – continuou meu amigo.
O homem não conseguia disfarçar sua curiosidade, mas concordou em falar.
- Ela é sócia em uma empresa e em uma loja de pedras preciosas importadas da Turquia. Eu a conheci há um ano, quando começou a frequentar algumas festas em minha casa e foi me apresentada pelo Senhor Roy, seu sócio e vizinho.
- Um dos sócios é vizinho dela! – falei alto.
Aquela informação era muito interessante, visto que o assassino era o homem que vimos na praça e, provavelmente, ele era próximo a Senhorita Riley.
- Todos os sócios da empresa são vizinhos; eles moram na mesma rua. Uns são vizinhos do lado, outros são vizinhos de frente.
Eu e Holmes nos olhamos pensativos.
- Pelo que me contaram desta Senhorita, seus pais eram muito doentes e ela abdicou de sua própria vida para cuidar deles. Passou todos os anos de sua mocidade trancada em sua casa, só vivendo para os pais e não se casou. Só começou a sair e a frequentar a sociedade há um ano, já na idade madura, depois da morte deles.
- Desde quando existe esta sociedade entre eles? – indagou Holmes.
- Até onde sei, também há um ano. Um turco, que também é sócio, precisava de capital para investir no negócio, então reuniu os vizinhos e ofereceu participação na empresa.
- Conhece o turco? – perguntou meu amigo.
- Só o vi uma vez. Ele vive mais na Turquia e vem poucas vezes para Londres; ele toma conta do negócio por lá.
- Então a sociedade é formada por um turco, pela Senhorita Riley, pelo Senhor Creel, Senhor Roy e quem é o quinto sócio?
- Senhor Armim. Ele era um simples corretor de imóveis que ficou rico se casando com uma senhorita de família afortunada. Dizem que antes do casamento, ele andou cometendo pequenos golpes na cidade e que só se casou por dinheiro, porque a senhora dele nunca foi uma mulher agraciada de beleza.
- E o Senhores Creel e Roy?
- Senhor Creel é americano, veio morar em Londres há uns dez anos e vive sozinho; já veio muito rico para cá. O Senhor Roy está em seu segundo casamento, a primeira esposa morreu. Tem nove filhos dos dois casamentos e é de família tradicional londrina. Seus pais eram amigos dos meus. Acho que é tudo que sei.
- Por ora já está bom. Já conhecemos a Senhorita Riley e o Senhor Creel. Eu preciso conhecer os demais sócios. – comentou Holmes.
- Isto é fácil. No sábado haverá uma festa social na mansão do Senhor Roy. Eu não poderei comparecer devido à tragédia que se abateu em minha família, mas posso pedir ao meu amigo que os convide. – ofereceu Senhor Heston.
- Eu agradeço muito sua ajuda. – aceitou meu amigo.
- Senhor Holmes, por favor, me diga qual a ligação dessas pessoas que lhe falei com a morte de meu pai? – solicitou Senhor Heston.
- A carruagem usada para transportar o corpo foi localizada e pertence aos sócios desta empresa. – contou-lhe Holmes.
- Então acha que foi um deles? – perguntou o Senhor muito sério.
- Ainda estamos investigando Senhor Heston, mas se as minhas suspeitas estiverem certas, o senhor está correndo risco de morte. – advertiu-lhe meu amigo.
- E porque acha isto? – surpreendeu o filho da vítima.
- O assassinato de seu pai não foi por roubo; então tudo leva a crer que seja uma vingança. No entanto, assassinos comuns simplesmente matam com armas de fogo ou facas. Decapitar um corpo envolve uma frieza e um motivo específico e creio que o motivo do assassinato do seu pai seja sua ligação com a Ordem que frequentam. E se este for realmente o motivo, sua vida está em risco porque também tem ligação com ela. Peço-lhe que tome cuidado. – esclareceu meu amigo.
- Tomarei todos os cuidados. – respondeu o senhor pensativo.
Despedimo-nos e retornamos para o nosso apartamento; eu não aguentava mais ver a menina pálida.
Coloquei-a na cama e dei-lhe um remédio para melhorar a digestão e ela adormeceu.
Fui para sala conversar com meu amigo sobre suas suspeitas.
- Holmes, se o pai do Senhor Heston morreu por pertencer a uma Ordem, porque aquela pobre senhora também foi decapitada? Ela não tinha nada haver com a Ordem. – questionei-lhe.
- Não é a Ordem em si, Watson, é a prática de rituais ligados à magia. Aquela senhora usava ervas para fazer trabalhos espirituais de benzer, banhos e chás. Esta pratica já foi considerada como bruxaria. Milhares de pessoas, principalmente na França, foram decapitadas e queimadas vivas por isso.– explicou ele.
- Então os crimes foram cometidos por intolerância religiosa! – entendi.
- Sim, estamos atrás de um fanático religioso. – confirmou Holmes.
Precisava sair para ir ao meu consultório, mas estava com medo de deixar a criança sozinha com meu amigo. Sei que não lhe faria mal, mas já havia se atrevido a aprontar uma das suas.
Aproveitei que ela dormia para procurar um colega médico e lhe pedir que tomasse conta de meu consultório e de meus pacientes enquanto eu precisasse cuidar de Ivy; felizmente, ele aceitou.
Voltei no final da tarde e, para minha surpresa, parecia tudo tranquilo no apartamento. A menina, já melhor, estava deitada no sofá e se distraia com um livro sobre espécies de animais, enquanto Holmes em sua escrivaninha estudava jornais antigos.
Sentei-me ao lado dela para conversar.
- É um livro muito interessante. Sabe ler querida? – perguntei a ela.
- Claro que não, só estou vendo as figuras. – respondeu-me como se eu tivesse lhe feito uma pergunta estúpida.
- Tirei uns dias de folga do meu consultório. Agora que tenho tempo, gostaria que eu lhe ensinasse a ler e a escrever? – ofereci a ela.
Para minha decepção, ela apenas fez um sinal com os ombros de não se importar.
Senhora Evelyn nos anunciou que Lestrade estava ali com um acompanhante. Era o pai da criança, que já entrou muito bravo.
- Vim buscar minha filha!
A menina se encolheu no sofá assustada, segurando meu braço com força.
- Sinto muito. Fui informar ao pai que a criança havia sido encontrada e ele insistiu em vir buscá-la. – contou-nos o inspetor.
- Vamos peste, nós vamos conversar em casa. – disse ele, vindo para cima de Ivy.
Entrei em sua frente e o impedi que chegasse até a menina.
- Senhor, ela terá que ficar conosco. Ela é testemunha de um crime. – enfrentei-o, mas mantendo a calma.
- Não me importa, ela virá comigo. Quem manda nela sou eu! – impôs o pai.
Olhei para Lestrade pedindo sua ajuda.
- Sinto, mas ele é o pai, Doutor. – disse-me ele, com cara de quem não podia fazer nada.
Olhei para Holmes, que até então apenas observava sem se importar, e implorei com o olhar por sua intervenção. Ele entendeu minha angústia e, mesmo a contra gosto, resolveu intervir.
- Pode levá-la, mas o senhor sabe que o assassino já conseguiu pegá-la uma vez. Ela teve sorte em fugir, mas ele não vai desistir e está a procura dela. Se encontrá-la, matará quem estiver junto. Se levá-la para sua casa, sua vida e a vida do seu bebê estarão correndo perigo. – esclareceu meu amigo, com muita tranquilidade.
O homem olhou de forma ameaçadora para menina.
- E vocês não estão fazendo nada para prender este homem? – esbravejou para Lestrade.
- Nós estamos investigando. – retrucou o inspetor.
O pai bufou com raiva.
- Ela ficará aqui só até esse criminoso ser preso, entendeu? – disse-me muito sério, colocando o dedo quase em meu nariz.
- Sim senhor, e não se preocupe, ela estará protegida conosco. – respondi-lhe respeitosamente para convencê-lo a deixar a menina comigo.
Ele saiu bravo, batendo a nossa porta.
- Sujeito mal encarado! – reclamou Lestrade.
A criança ainda estava muito assustada.
- Não se preocupe minha querida. Prometo-lhe que antes de entregá-la ao seu pai, vou ter uma conversa muita séria com ele para que nunca mais lhe machuque.
- Não prometa o que não poderá cumprir Watson. – advertiu-me meu amigo.
- Vamos ver se eu não vou convencê-lo! – confrontei-o.
- Então, descobriram alguma coisa hoje? – Lestrade mudou o assunto, sentando-se em frente a Holmes.
Meu amigo lhe contou que Ivy havia nos levado para rua onde havia conseguido escapar do assassino, e esta rua era a mesma onde moravam todos os sócios da empresa, proprietários da carruagem. Também informou sobre a conversa que tivemos com o Senhor Heston.
Por se tratar de pessoas muito ricas, Lestrade achou melhor que Holmes seguisse nas investigações sem a interferência da policia.
Após o jantar, Lestrade foi embora e Holmes saiu para sua vigia noturna em um coche de aluguel.
Eu passei a noite rolando pela cama sem conseguir dormir e sem entender o que me afligia.
Pela manhã, depois do café, me dediquei a ensinar "a pequena" a escrever suas primeiras palavras, sentados na escrivaninha de Holmes. Ele só retornou bem mais tarde.
- Estive com Mycroft pela manhã e pedi a ele que me conseguisse informações sobre o sócio turco. Ele entrará em contato com amigos dele na Turquia e logo saberemos se o turco esteve em Londres quando ocorreram os crimes e quando o “meio quilo de gente” foi sequestrado. Também me informarão sobre as características físicas dele. – contou-me.
- Não houve mais assassinatos. Será que o assassino não irá mais atacar? – especulei.
- Ele parou com os crimes porque lhe tiramos a carruagem, que continua apreendida na sede da policia. Mas creio que assim que tenha outro transporte para se desfazer dos corpos, ele voltará a atacar. – supôs Holmes.
Senhora Hudson entrou na sala, nos trazendo uma correspondência.
- Bom dia, rapazes; acabou de chegar. – disse ela, entregando a carta a meu amigo e indo se sentar ao lado da menina.
- Obrigado, Senhora Hudson. É o convite para a reunião social na mansão do Senhor Roy no sábado à noite. – comentou Holmes.
- Não poderei lhe acompanhar. Vou ficar para tomar conta da Ivy. – disse para meu amigo.
- Uma reunião social! Que bom, vocês dois estão precisando se distraírem. Pode ir Doutor, eu ficarei com a princesa. – ofereceu nossa vizinha.
- O que seria de nós sem a Senhora! – agradeci à Senhora Hudson.
Fiquei contente em poder ir à reunião; não queria perder nenhum detalhe do novo caso e Holmes ficou mais aliviado com a minha companhia. Meu amigo detestava reuniões sociais e ir sozinho então, seria um pesadelo.
No sábado à noite, partimos para a mansão, enquanto a menina foi dormir no apartamento da Senhora Hudson.
Mesmo indo para uma pequena festa, escondi uma arma em meu casaco. Era bom estar prevenido.
- Vamos ter que usar de toda nossa astúcia. O assassino que procuramos pode estar nesta reunião e ele sabe que estamos à caça dele. Para qualquer pergunta que nos façam, vamos responder que o assassino é o cocheiro e o caso já foi resolvido. – avisou-me meu amigo, na entrada da mansão.
Na grande sala de visitas, fomos recepcionados pelo proprietário da mansão.
- Senhor Holmes, é uma grata satisfação em tê-lo em minha casa. Mal posso acreditar que finalmente aceitou um convite meu; já lhe enviei tantos anteriormente. – cumprimentou o Senhor.
- Agradeço Senhor Roy e aceite minhas desculpas por não ter comparecido antes. Em minha profissão é raro se ter tempo para reuniões. – mentiu meu amigo.
Holmes era um dos homens mais ricos de Londres e muito requisitado em festas. Recebia convites diariamente, os quais eram jogados no lixo sem serem abertos.
- Eu entendo! E o Senhor só pode ser o Doutor Watson. Seja bem vindo. – cumprimentou-me.
- É um prazer conhecê-lo. – retribui a gentileza.
O Senhor Roy era quase da altura de Holmes e encorpado. Pelo aperto de mão, era forte e semelhante ao homem que vimos na praça.
- Venham, quero apresentá-los aos demais convidados. – chamou-nos o anfitrião.
Passamos um tempo cumprimentando outras pessoas que estavam na recepção. Algumas já nos eram conhecidas, ou por terem sido clientes de Holmes ou por serem meus pacientes.
Também fomos reapresentados ao Senhor Creel e a Senhorita Riley, agora muito tranquila com a nossa presença.
Eu e Holmes nos sentamos em um local mais reservado da sala, onde meu amigo passou a usar seu talento observador para deduzir informações sobre os sócios ali presentes.
- Conquistou uma admiradora Watson. – disse-me Holmes, apontando para a Senhorita Riley.
- Muito engraçado Holmes. – pensei que ele estivesse brincando.
- É sério! Ela está olhando para você desde que chegamos, com aquele olhar interesseiro que só as mulheres conseguem ter. – alertou-me meu amigo.
Procurei observá-la casualmente e realmente vi que era verdade. Ela parecia estar flertando comigo.
Eu era viúvo à pouco tempo e nem passava pela minha cabeça em me envolver com outra mulher. Mas confesso que me senti lisonjeado com os olhares da bela senhorita.
Senhor Roy e Senhor Creel se aproximaram trazendo um terceiro homem.
- Senhores, este é o Senhor Armin. Ele também é sócio em nossa empresa de joias. – apresentou Senhor Roy.
Era o sócio que faltava conhecermos, além do turco.
O Senhor Armin era um pouco mais baixo e gordo, no entanto, também tinha o porte para ser o homem da praça, já que naquela noite, o mesmo estava vestido todo de preto e usando uma capa.
- Senhores, é um prazer conhecê-los. Doutor Watson, sou um grande admirador de suas histórias.
O Senhor Armin nos cumprimentou muito esfuziante, balançando nossas mãos com muita força.
- Obrigado. – respondi-lhe meio sem graça.
Do jeito que ele me elogiou, parecia que eu escrevia contos de fada.
Os três sócios sentaram-se conosco.
- Senhor Holmes, perdoe-nos em incomodá-lo com o assunto, mas gostaríamos de saber como anda a acusação de assassinato feita ao ex cocheiro. – pediu o Senhor Creel, em um tom de imposição.
- Sinto em informar-lhes, mas a policia tem certeza da culpa dele. – respondeu Holmes calmamente.
Era tudo o que meu amigo queria; os três suspeitos à sua frente, falando sobre os assassinatos.
- E o senhor, o que acha? – perguntou o Senhor Roy.
- Quem mais seria? Ele estava acompanhando a senhora que foi assassinada! A história de que a carruagem desapareceu e depois reapareceu não convence nem criança. – mentiu meu amigo.
Senhor Armim caiu na gargalhada.
- O Senhor é incrível, Senhor Holmes! É uma lenda viva. Como descobriu que era cocheiro? – indagou rindo.
- Saberá dos detalhes em breve, Senhor Armim. Doutor Watson logo publicará o caso. – respondeu-lhe meu amigo, sem se incomodar com a bajulação.
Senhor Armim pareceu um senhor muito alegre, de risada fácil.
- Mal posso esperar. – comentou, novamente dando gargalhadas.
- Mas a Senhorita Riley não confirmou a história do sumiço da carruagem? – questionou o Senhor Roy.
- Mulheres são tolas meu caro! Elas foram enganadas por ele. Ele planejou esta história para criar um álibi. O fato é que nenhuma delas presenciou o desaparecimento da carruagem, apenas repetiram o que ele havia lhes contado. – respondeu meu amigo.
- E a nossa carruagem? – perguntou Senhor Creel.
- Até onde sei, ficará apreendida como prova do crime. – contou Holmes.
- Vamos ter que comprar uma nova carruagem e arrumar outro cocheiro. – disse Senhor Creel conformado.
- Em pensar que fui eu quem o contratou; parecia ser tão boa pessoa. E o assassinato do Senhor Heston, foi ele também? – perguntou Senhor Roy.
- Pelas circunstâncias, sim, embora ele ainda não tenha confessado o motivo. Com o tempo, a polícia o fará confessar. – continuou mentindo Holmes.
- Seu trabalho é impressionante Senhor Holmes. – disse Senhor Armim, rindo alto.
Enquanto a conversa acontecia, eu observava os olhares e os sorrisos da Senhorita Riley em minha direção. Percebi que ela se afastou dos convidados, indo ao terraço da mansão sozinha, me olhando como se quisesse minha companhia.
Em um impulso, pedi licença aos senhores e fui ao encontro dela.
- Bonita noite! – disse-lhe tentando começar uma conversa.
- Estou muito feliz em reencontrá-lo, Doutor. Não foi possível nos conhecermos quando esteve em minha casa. – respondeu sedutora.
- É realmente um prazer conhecê-la hoje. – tentei ser gentil.
- Vejo que não usa aliança. Como um homem tão atraente como o senhor pode ser solteiro?
Fiquei sem graça com a observação feita por ela de forma abusada.
- Sou viúvo. Minha esposa faleceu há pouco tempo. – esclareci com certo constrangimento.
A morte de Mary ainda me machucava muito e era um assunto que eu evitava falar.
- Sinto muito. Espero não tê-lo aborrecido com minha indelicadeza. – disse-me querendo consertar a situação.
- De forma alguma. – fingi.
- Eu sei o que é perder alguém muito importante. Passei toda a minha a vida cuidando de meus pais muito doentes. Eles morreram há um atrás e desde então eu me sinto a pessoa mais solitária deste mundo. Não tenho muito amigos porque eu não frequentava a sociedade; vivia somente para cuidar deles. – contou-me com tristeza.
Como médico, tive vontade de lhe perguntar sobre a doença deles, mas me contive. Assim como era difícil para eu falar em Mary, imaginei o quão difícil também seria para ela falar sobre os pais.
Resolvi mudar de assunto perguntando à Senhorita sobre os lugares que ela gostava de frequentar na cidade. Não que eu tivesse algum interesse; era somente para falarmos em outras coisas.
A estratégia deu certo e passamos um bom tempo em uma agradável conversa.
Em um certo momento, notei que os sócios haviam se dispersado. Olhei por toda a sala, mas não consegui encontrar Holmes.
Continuei em companhia da Senhorita Riley e comprovei que ela realmente estava tentando me conquistar. Embora eu não pudesse correspondê-la, não vi mal em ser muito gentil com a mesma.
Algum tempo depois, Holmes surgiu na sala me dando sinal para irmos embora. Dirigimo-nos ao anfitrião e nos despedimos.
Entrei no coche feliz pela atenção que havia recebido da formosa mulher e recebi o olhar de estranheza de meu amigo.
- Que cara é essa? – perguntou-me.
- Foi uma noite muito agradável. – respondi-lhe.
- Que bom para você! Para mim foi horrível. Aquele Senhor Armim é insuportável. – reclamou.
- Eu o achei simpático. – não concordei.
- Simpático? Não seja tolo! Vou lhe dizer algo muito sério Watson, nunca acredite em uma pessoa que ri de forma exagerada! São pessoas bajuladoras, que se esforçam de forma excessiva para convencerem que são simpáticas e agradáveis, mas no fundo são falsas, interesseiras e traiçoeiras. – disse-me com ar aborrecido.
Refletindo melhor sobre o comportamento do Senhor Armim, tive que concordar que realmente havia alguma coisa de falso nele. Ele riu em vários momentos onde não havia graça alguma; era pura necessidade em agradar.
- E então? Descobriu alguma coisa sobre a senhorita apaixonada? – perguntou ele irônico.
- Só o que já sabíamos; ela passou a vida cuidando dos pais e depois da morte dele passou a frequentar a sociedade. Ela reclamou por você não ter lhe dado nenhuma atenção e nos convidou para um chá na casa dela daqui a duas semanas. – contei-lhe.
- Um chá na casa dela, que maravilha! Vamos passar uma tarde toda falando mal da vida alheia. Mal posso esperar! – brincou ele, falando de um jeito esnobe.
- Eu imaginei que você não aceitaria. – disse-lhe rindo do seu jeito.
- Pelo contrário meu caro, nós iremos. Será a oportunidade que quero para investigar a casa dela. – confessou-me.
- Ah, então foi por isso que você desapareceu por um bom tempo na casa do Senhor Roy. Estava bisbilhotando. – entendi a sua ausência na sala.
- Estava investigando. Ele me permitiu que eu conhecesse sua biblioteca. Os livros da preferência de cada pessoa dizem muito sobre ela. Depois de examinar a biblioteca, dei uma escapa pelos quartos e fui ao porão. Como pode notar pelo meu mau humor, não encontrei nenhuma pista. – suspirou ele.
- Mas acha que um dos três sócios que conhecemos esta noite é o assassino? – tentei descobrir sua opinião.
- Sim. – respondeu-me com o olhar de quem sabia onde eu queria chegar.
- E acha que a Senhorita Riley também pode estar envolvida? – era o que eu queria saber.
- Ela é muito suspeita. Está interessado nela Watson? – indagou-me com o olhar muito sério.
- Não Holmes, foi apenas uma pergunta. Eu ainda amo Mary. Vai querer controlar minha vida amorosa agora? – disse-lhe bravo.
- Não, apenas não quero que se envolva com esta mulher antes de termos certeza de que ela não é culpada. – respondeu-me com calma.


Capitulo 15 - A criatura

Licença Creative Commons
O trabalho Fanfic Young Sherlock Holmes - O Reinicio de Morcega Luana foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário