Voltei à noite do passeio com Mary com uma certa preocupação; tive a estranha sensação de ter sido seguido o tempo todo. Queria conversar com Holmes, mas ele havia saído.
“Aposto que foi investigar o bordel. Se eu não fosse noivo, eu adoraria interrogar aquela latina.”, pensei rindo.
No dia seguinte, ele retornou ao apartamento ao anoitecer.
- Está desde ontem a noite investigando? - perguntei já sabendo a resposta.
- Estive na White House e na praça próxima a ela, conversando com os cocheiros do local. Também fui ao necrotério; precisava de algumas informações. – respondeu-me.
- Encontrou-se com o Senhor Harris? - interessei-me.
- Não, mas conversei com superior dele, responsável pela administração. - respondeu-me tranquilamente.
Holmes parecia estar pronto para me contar algo, depois que sentou-se em sua poltrona atrás da escrivaninha e acendeu seu cachimbo, mas fomos interrompidos pela chegada de Lestrade e Gregson, que entraram sem nenhuma cerimônia.
Gregson foi ao bar, no canto da sala, servir-se do uísque, enquanto Lestrade sentou-se a minha frente.
- Como vão rapazes? Tivemos que soltar o índio por falta de provas. Ele jurou inocência. - contou Gregson.
- Fomos a casa do farmacêutico Ebert Dustin interrogá-lo, e ele também negou o crime. Mas querem saber, acredito que foi ele! Um homem rico, respeitado, casado, pai de três filhos, dono de uma cadeia de farmácias. Apaixonou-se por uma prostituta, não suportou o ciúmes e a matou. - concluiu Lestrade.
Gregson sentou-se ao meu lado e continuou o relato.
- Ele confessou que visitava a prostituta todas as sextas-feiras e que convencia a esposa de que ia fiscalizar suas farmácias neste dia. Precisava conferir os estoques e os caixas e o trabalho tinha que ser feito à noite, sem a presença dos funcionários.
- E a esposa acreditava nele? - achei graça.
- Mulheres acreditam no que quisermos, Doutor. – Gregson estranhou minha indagação.
- O Senhor Dustin não tem álibi. A esposa dele, visivelmente raivosa, nos confessou que não sabe a que horas da noite o marido retornou para casa. O legista nos informou que a moça foi morta entre às duas e três horas da manhã e eu confirmei com as outras prostitutas que o garçom estava trabalhando no salão neste horário. – expôs Lestrade.
- Ele sempre ia às sextas-feiras no bordel. Descobriram porque nesta semana, ele foi no sábado, bem no dia do assassinato? - perguntei.
- Ele disse que na última sexta-feira, a esposa estava doente, por isso não pode ir. No sábado, ela estava melhor, então usou a desculpa de sempre e foi ao bordel. Chegando lá, sua prostituta preferida não o viu porque estava ocupada demais atendendo outros clientes. – esclareceu-me Lestrade.
- Também disse que quando viu a prostituta com outros homens, se arrependeu de ter ido ao bordel e retornou para casa. - continuou Gregson.
Holmes, que até então ouvia tudo pensativo, enfim interrompeu a conversa.
- Estive conversando com os cocheiros que trabalham próximos ao bordel para saber se tinham visto algo suspeito.
- Descobriu algo? - animou-se Gregson.
- Eles não viram nada, mas a conversa não foi de toda perdida. Contaram-me que há meses, várias prostitutas de rua estão desaparecidas, mas por serem pobres, nem a policia e nem a imprensa se importaram com o fato. Vocês sabiam disso inspetores? - questionou Holmes em um tom provocativo.
- E o que isso tem haver? O fato das pobres infelizes que sumiram também serem prostitutas, não quer dizer que tenham ligação com o caso da prostituta de luxo. - ironizou Lestrade.
- E vocês investigaram o caso da mulheres desaparecidas? - insistiu meu amigo.
- Temos coisas mais importantes a fazer do que procurar bêbadas por aí. - respondeu o inspetor.
- Você não muda Lestrade! - suspirou Holmes inconformado.
- Aonde quer chegar Holmes? Algumas prostitutas de rua desapareceram, mas isso não quer dizer que estejam mortas.- interferiu Gregson, que parecia também não acreditar na ligação dos casos.
- É claro que estão mortas. Foi preciso que uma garota de um bordel de luxo fosse assassinada para que, finalmente, a imprensa e a policia se interessarem em descobrir o assassino. - reclamou meu amigo, que tendo retornado de uma viagem ao exterior, não sabia dos crimes recentes em Londres.
- Holmes, temos dois suspeitos para o crime do bordel. O índio e o farmacêutico. O Senhor Dustin jamais se utilizaria de mulheres de rua; já o índio... - Lestrade parou pensativo.
- O jovem indígena estava no bar do salão na hora do crime, como você mesmo nos contou Lestrade. - defendi o rapaz.
- Mas o índio também nos confessou que deu uma saída do salão para ir a cozinha. E se ele não foi a cozinha? - refletiu Gregson.
- E os quatro homens que estavam com Caitlim no salão? Algumas pista deles? - perguntou com ironia meu amigo.
- Eram apenas senhores que foram ao bordel beber na companhia de jovens mulheres. É muito provável que nem saibam que a prostituta que os acompanhou é a mesma que foi assassinada.- respondeu Gregson.
- Já pensaram na possibilidade do assassino ser uma outra senhorita da casa? – especulei.
- Muito obrigado por nos confundir ainda mais, Doutor. - desanimou Lestrade.
- Quer investigar alguma prostituta suspeita Watson? - provocou-me Holmes, me olhando como se soubesse do meu interesse pela latina.
Os inspetores riram, entendo a insinuação do meu amigo.
- Confesso que se eu não fosse casado, investigaria aquela morena que nos contou sobre o índio.- suspirou Gregson.
“Aposto que foi investigar o bordel. Se eu não fosse noivo, eu adoraria interrogar aquela latina.”, pensei rindo.
No dia seguinte, ele retornou ao apartamento ao anoitecer.
- Está desde ontem a noite investigando? - perguntei já sabendo a resposta.
- Estive na White House e na praça próxima a ela, conversando com os cocheiros do local. Também fui ao necrotério; precisava de algumas informações. – respondeu-me.
- Encontrou-se com o Senhor Harris? - interessei-me.
- Não, mas conversei com superior dele, responsável pela administração. - respondeu-me tranquilamente.
Holmes parecia estar pronto para me contar algo, depois que sentou-se em sua poltrona atrás da escrivaninha e acendeu seu cachimbo, mas fomos interrompidos pela chegada de Lestrade e Gregson, que entraram sem nenhuma cerimônia.
Gregson foi ao bar, no canto da sala, servir-se do uísque, enquanto Lestrade sentou-se a minha frente.
- Como vão rapazes? Tivemos que soltar o índio por falta de provas. Ele jurou inocência. - contou Gregson.
- Fomos a casa do farmacêutico Ebert Dustin interrogá-lo, e ele também negou o crime. Mas querem saber, acredito que foi ele! Um homem rico, respeitado, casado, pai de três filhos, dono de uma cadeia de farmácias. Apaixonou-se por uma prostituta, não suportou o ciúmes e a matou. - concluiu Lestrade.
Gregson sentou-se ao meu lado e continuou o relato.
- Ele confessou que visitava a prostituta todas as sextas-feiras e que convencia a esposa de que ia fiscalizar suas farmácias neste dia. Precisava conferir os estoques e os caixas e o trabalho tinha que ser feito à noite, sem a presença dos funcionários.
- E a esposa acreditava nele? - achei graça.
- Mulheres acreditam no que quisermos, Doutor. – Gregson estranhou minha indagação.
- O Senhor Dustin não tem álibi. A esposa dele, visivelmente raivosa, nos confessou que não sabe a que horas da noite o marido retornou para casa. O legista nos informou que a moça foi morta entre às duas e três horas da manhã e eu confirmei com as outras prostitutas que o garçom estava trabalhando no salão neste horário. – expôs Lestrade.
- Ele sempre ia às sextas-feiras no bordel. Descobriram porque nesta semana, ele foi no sábado, bem no dia do assassinato? - perguntei.
- Ele disse que na última sexta-feira, a esposa estava doente, por isso não pode ir. No sábado, ela estava melhor, então usou a desculpa de sempre e foi ao bordel. Chegando lá, sua prostituta preferida não o viu porque estava ocupada demais atendendo outros clientes. – esclareceu-me Lestrade.
- Também disse que quando viu a prostituta com outros homens, se arrependeu de ter ido ao bordel e retornou para casa. - continuou Gregson.
Holmes, que até então ouvia tudo pensativo, enfim interrompeu a conversa.
- Estive conversando com os cocheiros que trabalham próximos ao bordel para saber se tinham visto algo suspeito.
- Descobriu algo? - animou-se Gregson.
- Eles não viram nada, mas a conversa não foi de toda perdida. Contaram-me que há meses, várias prostitutas de rua estão desaparecidas, mas por serem pobres, nem a policia e nem a imprensa se importaram com o fato. Vocês sabiam disso inspetores? - questionou Holmes em um tom provocativo.
- E o que isso tem haver? O fato das pobres infelizes que sumiram também serem prostitutas, não quer dizer que tenham ligação com o caso da prostituta de luxo. - ironizou Lestrade.
- E vocês investigaram o caso da mulheres desaparecidas? - insistiu meu amigo.
- Temos coisas mais importantes a fazer do que procurar bêbadas por aí. - respondeu o inspetor.
- Você não muda Lestrade! - suspirou Holmes inconformado.
- Aonde quer chegar Holmes? Algumas prostitutas de rua desapareceram, mas isso não quer dizer que estejam mortas.- interferiu Gregson, que parecia também não acreditar na ligação dos casos.
- É claro que estão mortas. Foi preciso que uma garota de um bordel de luxo fosse assassinada para que, finalmente, a imprensa e a policia se interessarem em descobrir o assassino. - reclamou meu amigo, que tendo retornado de uma viagem ao exterior, não sabia dos crimes recentes em Londres.
- Holmes, temos dois suspeitos para o crime do bordel. O índio e o farmacêutico. O Senhor Dustin jamais se utilizaria de mulheres de rua; já o índio... - Lestrade parou pensativo.
- O jovem indígena estava no bar do salão na hora do crime, como você mesmo nos contou Lestrade. - defendi o rapaz.
- Mas o índio também nos confessou que deu uma saída do salão para ir a cozinha. E se ele não foi a cozinha? - refletiu Gregson.
- E os quatro homens que estavam com Caitlim no salão? Algumas pista deles? - perguntou com ironia meu amigo.
- Eram apenas senhores que foram ao bordel beber na companhia de jovens mulheres. É muito provável que nem saibam que a prostituta que os acompanhou é a mesma que foi assassinada.- respondeu Gregson.
- Já pensaram na possibilidade do assassino ser uma outra senhorita da casa? – especulei.
- Muito obrigado por nos confundir ainda mais, Doutor. - desanimou Lestrade.
- Quer investigar alguma prostituta suspeita Watson? - provocou-me Holmes, me olhando como se soubesse do meu interesse pela latina.
Os inspetores riram, entendo a insinuação do meu amigo.
- Confesso que se eu não fosse casado, investigaria aquela morena que nos contou sobre o índio.- suspirou Gregson.
- Por hoje chega de investigações e prostitutas. Vou para casa cuidar de minha esposa de anos. - desabafou Lestrade.
- E põe anos nisso! São milhares. Você e sua senhora são duas múmias. - brincou Holmes.
- Olhe só para você! Não se casou porque nenhuma mulher o suportaria. - confrontou Lestrade.
- Prefiro a solidão a estar casado com uma bruxa. - revidou meu amigou.
- Essa magoa toda por minha Senhora foi só porque ela tentou força-lo a se casar com nossa sobrinha. - lembrou o inspetor.
- Bondade sua chamar aquele crocodilo de sobrinha. - retrucou Holmes.
- Um dia desses, ainda perco minha paciência com você, Holmes! - ameaçou Lestrade, se retirando.
- Se descobrir alguma coisa sobre o caso da prostituta, me informe. - pediu Gregson seguindo Lestrade.
Meu amigo sorriu fazendo um sinal de negativo com a cabeça enquanto os policias saíam. Aproveitei seu bom humor para continuar um certo assunto.
- Há quanto tempo frequenta a White House, Holmes? - perguntei-lhe.
- Há muito tempo. Depois que mudei de colégio quando éramos jovens, eu estava me drogando demais, então Mycroft me levou até lá. Nunca suspeitou? – respondeu-me calmo.
- Não, sempre foi normal você passar noites fora de casa fazendo suas investigações. Conhecia Caitlim? - queria saber mais.
- Era uma tola. Acreditava que conseguiria se casar com um dos homens ricos que frequentam o lugar. Mera ilusão. – contou meu amigo.
- Aquela latina também é assim? - aproveitei sua boa vontade e continuei perguntando.
- Não, Emanuela é inteligente e ambiciosa. Sabe que precisa aproveitar o máximo de sua juventude para fazer fortuna e se tornar independente. – respondeu-me como se soubesse do meu interesse.
- Você tem uma preferida, assim como o Senhor Dustin? - parecia que eu estava lhe fazendo um interrogatório.
- Enlouqueceu na catarata, Watson? Você sabe que só existiu uma mulher em minha vida e não haverá outra. - respondeu-me com certa indignação.
- Bem, é que aquela latina é de enlouquecer qualquer homem! - confessei.
- Eu nunca o convidei para ir a White House por saber de seus sentimentos por Mary, mas se quiser conhecer melhor Emanuela, posso presenteá-lo está noite. - ofereceu-me Holmes.
- Claro que não! Mas que ótimo padrinho eu arrumei. - me fingi de ofendido.
Holmes me olhou rindo.
Eu realmente amava Mary, mas a latina não saia dos meus pensamentos.
A criada entrou e entregou um cartão ao meu amigo, que não gostou do que leu.
- E essa agora! Por favor, senhora Evelyn, diga ao cavalheiro para entrar. - pediu ele.
Não tive tempo para perguntar quem era e um senhor alto e gordo, aparentando uns sessenta anos, entrou na sala.
- Quem é o senhor Holmes? – perguntou o homem, observando a mim e meu amigo.
- Prazer em conhecê-lo Senhor Dustin! Sou o senhor Holmes e este é o meu amigo Doutor Watson. - apresentou-me.
- Preciso de alguns minutos de sua atenção! - disse o senhor a Holmes, de forma arrogante, me ignorando completamente.
- Sente-se, posso lhe servir uma bebida? - ofereci-lhe.
- Não, serei breve. Senhor Holmes, quero contratá-lo! Preciso que prove minha inocência. - disse ele um pouco autoritário.
- Já fui contratado para o caso. - negou Holmes.
- Eu soube que foi contratado pela Senhora Lacey. Mesmo assim insisto em contratar seus serviços e lhe pagarei o dobro. Quero ser informado de tudo o que descobrir e quero que este caso seja resolvido rapidamente. - ordenou o rico farmacêutico.
- Como já lhe disse, já fui contratado. - respondeu-lhe Holmes com paciência.
O homem encarou meu amigo com muita arrogância, parecia não estar acostumado a ser desobedecido.
- O Senhor não pode estar pensando que eu cometi este crime! Pode me investigar, Senhor Holmes, e não encontrará um único ato que me desabone. - disse-nos o senhor, com o nariz empinado.
- E sua senhora deve ser testemunha disso. - brincou Holmes.
O farmacêutico ficou chocado com o desaforo de meu amigo.
- Não há nada de errado em um homem buscar a companhia de uma mulher mais jovem. - retrucou o farmacêutico.
- Não sou casado, mas tenho que concordar que trair a esposa não é um crime. - disse meu amigo machista.
- Senhor Holmes, eu realmente tinha afeto por aquela menina. Foi aquele garçom! Ela me contou que sentia medo pela forma como ele a perseguia. Não tirava os olhos dela enquanto ela trabalhava no salão. - contou o Senhor, tentando incriminar o outro suspeito.
- O caso será resolvido em breve. - prometeu-lhe Holmes.
- Conheço sua fama. Vamos ver se o Senhor é tão bom detetive quanto dizem. - desafiou o farmacêutico.
Holmes apenas o encarou, enquanto o Senhor se levantou para sair.
Acompanhei o Senhor Dustirn até a porta e retornei intrigado.
- Não aceitou ser contratado por ele porque é o seu suspeito, não é? - provoquei-lhe.
- O que lhe fez pensar isso? - devolveu-me a provocação.
- Elementar! Você disse ao índio que iria desmascarar o assassino, e não descobrir o assassino. Isto significa que você já sabe quem é o criminoso.
- Bravo, Watson! - elogiou-me.
- E havia um cheiro de produto químico na garota e ele é farmacêutico. O cheiro só pode ser um produto manipulado por ele. Você também disse a Gregson que o assassino tem mais de um metro e oitenta, e este senhor tem, enquanto o jovem índio não tem mais que um metro e sessenta. – especulei.
Holmes me olhou com um sorriso no canto da boca.
- Preciso descobrir o motivo deste crime.
- Quem é o assassino, Holmes? - perguntei-lhe ansioso.
Capítulo 4 - O fantasma

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