Filme: Young Sherlock Holmes
Ano: 1985
Roteiro: Chris Columbus e Arthur Conan Doyle (personagens)
Direção: Barry Levinson
Produção: Steven Spielberg, Marck Johnson e Henry Winkler


domingo, 7 de abril de 2013

Capitulo 16 - O encontro

Na manhã do dia seguinte, recebi um bilhete do Senhor Donat informando a mim e a Holmes que os caçadores haviam organizado uma expedição e já estavam a caminho da floresta. Eu sabia que seria inútil e arriscado, mas não havia nada que eu pudesse fazer.
Convidei Ivy para um passeio; precisava verificar como estava Mycroft. 
Encontrei Holmes no apartamento de seu irmão, junto com o enfermeiro que havia contratado.
Embora fosse visível sua dificuldade em falar, Mycroft está bem melhor. Examinei lhe os ferimentos e pareciam estar começando a cicatrizar.
Aproveitei a oportunidade para lhe apresentar a menina.
- Mycroft, está é Ivy. Ela foi testemunha de um crime, por isso está temporariamente morando comigo e com Holmes, sob nossa proteção.
- Sob a “sua” proteção, Watson! Eu só estou aturando esta “filhote de aye aye” porque pretendo, na hora certa, usá-la como isca. – confessou Holmes.
- Vai sonhando que vou permitir uma coisa dessas. – retruquei.
Eu detestava quando meu amigo chamava a criança de filhote de aye aye. Ivy pediu para que a senhora Hudson lhe mostrasse a gravura do bicho em um livro e não gostou nada do que viu e nem de ser comparada a ele. 

Holmes e a criança se encararam como estivessem se desafiando e a menina resolveu enfrentá-lo.
- Eu não tenho medo de você! Porque não põe uma vela nesse seu nariz enorme e vai para a rua brincar de poste?
- Mas que abusada; com certeza é falta de doces! Que tal eu fazer você comer uma porção deles de novo? – ameaçou ele.
Ivy me olhou assustada. O mal estar que sofreu pelos doces precisou de um dia todo para passar.
- Ele só está brincando, querida. – menti para a menina.
- Sherlock convivendo com uma criança! Pensei que nunca ia ver isto em minha vida. – Mycroft riu com dor.
- Por que não nos contou que seu clube estava tão animado, Mycroft? Se eu e o Watson soubéssemos, não teríamos ido só no fim da festa. – Holmes quis mudar de assunto.
- Mas vocês dois aproveitaram bem o final da festa. Até incendiaram tudo! – brincou o irmão.
- Passei à noite analisando as provas. Encontrei pedaços minúsculos de couro cinza muito grosso entre os dentes do lobo morto. No vidro, achei partículas microscópicas do mesmo material, mas com pelos. Fiz vários testes com a jaula; as grades foram rompidas usando uma força descomunal. É incrível! – relatou meu amigo.
- Recebi um recado do Senhor Donat. Montaram uma expedição de caçadores e foram para a floresta tentar caçar a criatura. - informei.
- Será inútil! Já sabemos que balas de revolver não a matam. É preciso conhecer o que se está enfrentando para saber como enfrentar. Mandei um telegrama a um velho professor que tive, descrevendo a criatura e pedindo sua opinião; ele é paleontólogo. – contou-nos Holmes.
- E quanto ao caso dos "sem cabeças"? – perguntei a ele.
- Estou indo agora a fabrica de carruagens. Ontem, na reunião, os sócios comentaram que precisariam comprar uma nova. Preciso ficar atento a esta compra e vou convencer o proprietário a me informar a respeito. – disse se levantando.
Com uma carruagem a disposição, havia a possibilidade do assassino voltar a matar. Se usasse um cavalo, seria impossível transportar os corpos decapitados sem deixar um rastro imenso de sangue.
- Vou acompanhá-lo, Holmes. Mycroft, estou aliviado em vê-lo melhor. – despedi-me do irmão.
- Obrigado Doutor e não deixe Sherlock sozinho com esta menina. – recomendou-me.
Nem precisava me aconselhar; eu já sabia o quanto era perigoso.
No coche, indo para a fábrica de carruagens, era perceptível a ansiedade da menina em fugir, mesmo tentando disfarçar sob o olhar atento e desconfiado de Holmes. Até eu não tinha mais como negar.
Ao entrarmos na fábrica, fomos surpreendidos pela presença do Senhor Roy sendo atendido pelo vendedor.
Assustei-me e puxei a menina para perto de mim. Se ele fosse o assassino, iria reconhecê-la e saberia que ela estava escondida conosco.
Percebi que a menina também se assustou com a presença dele.
- Acalma-se Watson. Aquela noite na praça, ela estava vestida como um menino e embaixo de uma tonelada de sujeira. – repreendeu-me meu amigo, que percebeu meu receio.
- Senhor Holmes e Doutor Watson, que prazer em revê-los. Também vieram comprar uma carruagem? – aproximou-se Senhor Roy.
- É um prazer reencontrá-lo, Senhor Roy. Minha carruagem infelizmente sofreu um acidente e foi perda total. Viemos encomendar outra. – disfarçou Holmes.
- Acidente de carruagem? É uma coisa que não se vê todos os dias. – admirou o Senhor.
- Vai ver que foi por isso que até saiu nos jornais. Foi uma colisão com um coche de aluguel durante a madrugada. – comentou meu amigo.
- Ah sim! Lembro-me de ter lido. O repórter até escreveu que uma das rodas da carruagem foi encontrada do outro lado da cidade. Os senhores deveriam estar com muita pressa naquela noite. – riu o suspeito.
"Leu no jornal, ou sabe da colisão porque era o criminoso que perseguimos?" - pensei desconfiado.
- E o senhor? Desistiu da carruagem que está apreendida na policia? – perguntou-lhe Holmes.
- Sim. Estive de manhã na sede e não houve meio de me liberarem a carruagem. Vamos ter que comprar outra. Logo nos chegará um novo carregamento de pedras e não podemos ficar por aí, as exibindo em coches de aluguel. – contou-nos.
- Entendo. Suponho que irão contratar um novo cocheiro também. – quis saber meu amigo.
- Sim, que remédio. Não é adequado que homens da nossa classe social dirijam carruagens. Quem é esta menina? – perguntou-nos.
- É minha sobrinha. – menti rapidamente.
- Eu li sobre caso da fera que atacou em um clube esta noite. Estava escrito nos jornais que senhores estavam lá. Sem querer ser inconveniente, mas posso perguntar o que aconteceu? – disse curioso Senhor Roy.
- Saímos de sua casa e resolvemos passar pelo clube que costumamos frequentar. Quando chegamos lá, a confusão já estava armada e o bicho foi afugentado pelo incêndio. – respondeu Holmes, sendo evasivo.
- Pobre Senhor Bell! Dizem que teve uma morte horrível quando foi atacado pela fera. – lamentou o Senhor.
A menina continuava a olhar assustada para o suspeito e ele percebeu.
- Algum problema Senhorita? – estranhou.
A menina apenas abaixou a cabeça.
- Sinto muito, Senhor Roy. Ela não está acostumada com estranhos. – menti novamente.
- Mas me parece ser uma menina muito esperta. – sorriu o homem.
- Bondade sua! É completamente avoada; puxou o tio. – disfarçou meu amigo.
Não gostei da brincadeira que Holmes fez comigo, mas já que a intenção era de proteger a criança, apenas sorri sem graça.
O vendedor se aproximou nos cumprimentando.
- Senhor Holmes, que bom vê-lo novamente. Posso lhe servir em alguma coisa?
- Sim, preciso de uma nova carruagem.
- Pois não, me acompanhe para que eu lhe mostre algumas. – ofereceu o rapaz.
Não era a intenção de meu amigo comprar outra carruagem, mas diante da mentira que inventamos, lá se foi ele fazer a compra, saindo em companhia do vendedor.
- Não descobriram mais nada em relação aos crimes praticados pelo nosso ex-cocheiro, Doutor? Ele não explicou porque matou o Senhor Heston? – perguntou o Senhor Roy.
- Só o que sei é que a policia tem certeza da culpa dele. – tentei não entrar no assunto.
- Mas e o Senhor Holmes, também tem esta certeza? – perguntou-me descaradamente.
- Holmes já ganhou muito dinheiro como detetive, mais do que ele conseguiria gastar. Hoje ele não se preocupa tanto com os casos como antigamente. Já está se aposentando. – menti novamente.
Embora fosse verdade que meu amigo havia ganho muito dinheiro, ele jamais se aposentadoria, até porque nunca trabalhou pelo dinheiro. Desvendar mistérios era tudo para ele, era a vida dele, já que sua inteligência brilhante necessitava estar em constante desafio.
- Uma pena! Londres é uma cidade calma de crimes difíceis. Se não fosse por seu amigo, a maioria deles jamais teria sido solucionado. – elogiou o Senhor.
- Pelo jeito, o senhor deve ser um leitor de minhas matérias. – especulei.
- Mesmo que não fosse. Tudo o que é publicado sobre o Senhor Holmes se torna o assunto preferido em todas as reuniões da cidade. – confessou.
Ou o Senhor Roy era um grande admirador de Holmes, ou ele estava tentando obter de mim as informações que precisava para acalmar seus receios.
Eu precisava ser mais esperto que ele e fazê-lo confessar algo que o incriminasse.
Embora a menina me parecesse um pouco assustada diante dele, ele parecia não tê-la reconhecido.
- Soube pelo Senhor Heston que o senhor é um grande amigo dele. De certo também conhecia o pai, que foi assassinado e decapitado. – disse-lhe com a maior naturalidade possível, para não levantar suspeitas.
- Há muito anos! Era um homem exemplar. É incompreensível o que fizeram com ele. – mostrou-se indignado.
Nestes momentos, eu gostaria de ter a técnica de meu amigo para descobrir quando uma pessoa está mentindo.
- Doutor, já está na hora do almoço. Que tal almoçarmos juntos em um restaurante aqui perto? Podemos continuar nossa conversa. – convidou-me.
Hesitei por alguns segundos, mas era uma ótima oportunidade para investigá-lo. Mesmo que ele estivesse fingindo que não reconheceu Ivy, o fato é que ele já tinha visto a menina e que eu teria que redobrar meus cuidados em protegê-la.
- Será um prazer almoçarmos juntos. – respondi-lhe.
- Excelente, espero que o Senhor Holmes também aceite. Como já havia lhes dito na reunião em minha casa, há muito tempo queria conhecê-lo, inclusive lhe mandando diversos convites para recepções. – lembrou-me.
Suspeitei que, como ele não havia conseguido tirar informações de mim, tentaria com Holmes. Era óbvio que o convite para almoçarmos juntos foi feito para que ele pudesse conversar com meu amigo.
Holmes retornou da compra da carruagem tão satisfeito que fiquei em duvida se ele realmente não foi até ali para comprar uma.


- Senhor Holmes, Doutor Watson acabou de aceitar meu convite para almoçarmos juntos. É claro que vai nos acompanhar, não é? Conversamos tão pouco quanto esteve em minha casa; havia muitos convidados a quem eu precisava dar atenção e o senhor foi embora muito cedo. – disse Senhor Roy, fazendo do convite uma intimação.
- Será um prazer acompanhá-los. - concordou meu amigo.
Senhor Roy e Holmes combinaram com o vendedor o dia que enviariam os cavalos para serem atrelados às suas carruagens novas.
No coche indo para o restaurante, Senhor Roy resolveu prestar atenção em Ivy.
- Quantos anos tem a Senhorita?
- Oito. – respondi eu.
- Nove. – respondeu ela, junto comigo.
- Não disse que eram dois avoados? – brincou Holmes.
- Nove anos! Parece que foi ontem que a carreguei no colo. – tentei disfarçar.
- Você realmente a carregou ontem no colo, quando ela dormiu no sofá da sala e você a levou para o quarto. – lembrou-me meu amigo.
- Muito observador Holmes. – ralhei com ele.
- Como não iria observar, ela deixou o sofá todo babado. – comentou meu amigo.
- A menina mora aqui em Londres? – perguntou Senhor Roy.
- Está apenas passando alguns dias. Logo ela voltará para o interior; meu irmão é médico lá. – continuei mentindo. Apenas as pessoas mais íntimas sabiam que meu único irmão de sangue já era falecido.
- Eu tenho nove filhos e graças a Deus são todos meninos. - disse orgulhoso o Senhor.
- Qual problema com meninas? – impliquei.
- É mais difícil de criar e quando crescem, é trabalhoso arrumar-lhes bons casamentos. – respondeu-me.
O coche chegou ao restaurante e eu desisti de discutir o senhor machista; era total perda de tempo.
Ao entrarmos no local, fomos surpreendidos pela presença dos outros dois sócios, Senhor Armim e Senhor Creel. Só ali o Senhor Roy nos contou que aquele restaurante era frequentado costumeiramente pelos três.
Eu e Holmes nos olhamos arrependidos por termos aceito o convite. Os três suspeitos estavam ali e a menina corria o risco de ser reconhecida pelo assassino. Tudo o que podíamos fazer era manter a mentira de que ela era a minha sobrinha.
- Senhor Holmes e Doutor Watson, que prazer! – cumprimentou-nos Senhor Creel.
- Mas que coincidência, nós estávamos falando justamente no Senhor Holmes. – confessou Senhor Armim.
- Espero que bem! – brincou meu amigo.
- Muito bem, é claro. – riu muito alto Senhor Armim.
- Encontrei o Doutor Watson e o Senhor Holmes na fábrica de carruagens. Ele também foi comprar uma. – contou Senhor Roy.
- Mas quem é está senhorita tão pequena? – Senhor Armim observou Ivy.
- É a sobrinha do Doutor, uma criança muito graciosa e educada; não nos interrompeu nenhuma vez enquanto conversávamos. – elogiou Senhor Roy.
Ivy parecia mais assustada ainda. Ela sentou-se a mesa muito pensativa, com cara de quem queria fugir dali.
Após fazermos os pedidos, Senhor Armim voltou a observar a menina.
- Eu gosto muito de crianças, tenho seis filhos e quero mais uns oito. – disse rindo novamente.
- Tem louco para tudo! – pensou alto meu amigo.
- Armim tem três meninas de idade próxima a de sua sobrinha, Doutor. Armim, porque não convida a sobrinha do Doutor para conhecer suas filhas? - disse Senhor Creel, consertando o embaraçoso comentário de Holmes.
- Mas é claro, será um prazer receber sua sobrinha em minha casa para passar uma tarde com minhas filhas. - ofereceu-me Senhor Armim.
- Vamos marcar um dia. Mas o que falavam sobre Holmes, antes de chegarmos? – mudei o assunto, para não recusar o convite perigoso.
- Ainda estamos muito curiosos para saber como o senhor descobriu que o assassino era o nosso ex cocheiro! – perguntou Senhor Armim para meu amigo.
- Doutor Watson está demorando a publicar este caso extraordinário. – reclamou Senhor Creel.
Holmes entendeu o perigo da pergunta e inventou uma mentira para despistá-los.
- Sinto em decepcioná-los, mas não há nada de extraordinário neste caso; foi pura sorte. O filho da senhora assassinada conhecia o cocheiro e sabia que ele trabalhava para a loja de vocês.
Enquanto éramos servidos pelos garçons, Senhor Creel insistiu em saber mais sobre o caso.
- Mas por que o cocheiro matou o Senhor Heston?
- Com o tempo, ele confessará o porquê. Mas a nossa suspeita é que o Senhor Heston estava na hora errada e no local errado. Ele deve ter visto o cocheiro com a primeira vítima na noite em que foi morta. Então seu ex cocheiro também o matou. – inventou Holmes.
- E nós estávamos convivendo com este maluco. – riu irritantemente o Senhor Armim.
- Só existe uma coisa que pode inocentar o cocheiro. – continuou meu amigo.
- Que coisa? – interessou-se senhor Creel.
- O crime acontecer novamente. O cocheiro está preso, portanto se acontecer um novo crime parecido, prendemos o homem errado. – explicou Holmes.
Foi muita esperteza de Holmes conduzir a conversa daquela forma. Eu sabia o quanto ele queria descobrir o criminoso, mas nunca à custa de outras vítimas. Com o seu argumento, talvez o assassino desistisse de decapitar outras pessoas, uma vez que o seu problema de transporte já estava resolvido com a compra da carruagem.
- E o infeliz usou nossa carruagem! – suspirou Senhor Roy.
- Bem, o importante é que este caso já foi encerrado. Senhor Holmes, espero contar sua presença na próxima reunião em minha casa. Agora que começou a frequentar festas, não pode me fazer esta desfeita. E o Doutor também. – disse-nos Senhor Armim, com sua costumeira risada escandalosa.
- Será um prazer Senhor Armim. - respondeu Holmes, tentando sorrir, completamente sem graça.
- O que foi Senhorita, não gostou de sua refeição? – perguntou Senhor Roy para Ivy.
Eu também já havia reparado que a menina estava brincando com a comida, sem comer nada.
- Está ótimo Senhor, estou apenas sem fome. - respondeu gentil, para minha surpresa.
- Não tem problema. Depois eu a levo a uma confeitaria para comer muitos doces. – disse Holmes, de forma gentil, disfarçando a ameaça que fazia, mas que eu e a menina entendemos muito bem.
- Não precisa “tio”. – respondeu Ivy, tentando esboçar um sorriso, visivelmente forçado.
Pelo olhar, Holmes se irritou com atrevimento da menina em lhe chamar de tio.
- Crianças são a alegria da casa. Sempre digo a Creel que ele precisa se casar logo e ter muitos filhos. Em Londres há mulheres tão bonitas quanto na América, de onde ele veio. – comentou Senhor Armim, rindo novamente sem a menor necessidade.
- É americano Senhor Creel? Tem os modos tão londrinos que ninguém percebe que é um estrangeiro. – atentou Holmes.
- Já faz um bom tempo que vim morar em Londres, mas sou da América do Norte. – respondeu o Senhor.
- De que lugar de lá? – interessou-se meu amigo.
- De Massachusetts. – contou-nos.
- Tenho amigos na América do Norte que me escrevem dizendo ser um lugar muito promissor. Tenho o desejo de fazer uma viagem para lá. – contou Holmes.
- Eu diria que é lugar para quem busca oportunidades, mas para quem já nasceu rico, alguns países da Europa são os melhores lugares para se viver. – esclareceu Senhor Creel.
- Vocês trabalham com pedras preciosas da Turquia. Já estive lá há alguns anos atrás e aproveitei para adquirir algumas pedras turquesas. É um ótimo investimento. - comentou meu amigo.
- São lindas, não há mulher no mundo que não se renda a uma turquesa. Foi muita sorte o nosso sócio turco ter nos oferecido este negócio. – informou o Senhor Roy.
- Tem um sócio turco? – perguntou Holmes, fingindo que não sabia desta informação, que havia sido nos contada pelo filho do Senhor Heston.
- Sim, ele dirige os negócios lá na Turquia. – respondeu Senhor Creel.
- Acho que nós não fomos apresentados a ele. Ele não esteve presente na reunião em sua casa, Senhor Roy? – indaguei, já sabendo que o turco não estava em Londres.
- Não, não. Ele está na Turquia. Ele é proprietário da mansão ao lado da mansão de Creel, mas há mais de um ano que não o vemos. Só nos correspondemos por telegramas. – contou Senhor Roy.
Terminamos o almoço conversando sobre a Turquia e, após pagarmos a conta e nos despedirmos dos sócios, Holmes e eu pudemos conversar mais tranquilos no coche.
- Vamos ter que redobrar a atenção com a Ivy. O assassino estava ali e ele pode ter fingido que não a reconheceu. – alertei.
- E a senhorita, não teria reconhecido o assassino? – questionou meu amigo.
- É verdade Ivy, por que se assustou tanto? Foi o Senhor Roy quem lhe assustou? – perguntei a ela.
- Eu já consegui lhe roubar dinheiro uma vez. – confessou a menina.
- E ele conseguiu pegar você? – indagou Holmes.
- Claro que não, mas ele me viu. – gabou- se a menina.
- Será que ele fingiu que não a reconheceu? – estranhei.
- Ela se parecia com um menino e está bem diferente de quando a encontramos. – refletiu Holmes.
- Foi muita imprudência minha ficar passeando com a Ivy por aí. – senti-me culpado por ter exposto Ivy ao perigo.
- Como poderíamos imaginar que encontraríamos os três suspeitos? Agora não adianta se queixar. Vou pedir a Lestrade que nos coloque policiais para vigiarem nosso apartamento. A visita de qualquer um desses três poderá significar perigo para este "porquinho da índia", embora também seja a pista que precisamos para descobrir quem é o assassino. E olha só Watson, se o assassino fingiu que não a reconheceu, ela se tornou a isca que precisávamos. – ironizou Holmes.
- Eu me recuso a acreditar que você esteja falando sério. Usar uma criança como isca é uma maldade que você jamais cometeria. – confrontei-o.

- Deixa para lá. Mas sabe Watson, o encontro surpresa que tivemos com eles não foi de todo mal. Conseguimos algumas informações importantes e preciso refletir sobre elas. Vou voltar ao meu laboratório e continuar investigando os vidros que estão lá; isso vai me ajudar a pensar. – avisou-me.
Holmes parou no caminho para ir ao correio enviar um telegrama a Irving, o índio que havíamos ajudado a fugir para os Estados Unidos, pedindo-o para que averiguasse informações sobre a vida do Senhor Creel na América.
Eu segui com Ivy para o nosso apartamento.

Capitulo 17 - Mais um crime

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