Filme: Young Sherlock Holmes
Ano: 1985
Roteiro: Chris Columbus e Arthur Conan Doyle (personagens)
Direção: Barry Levinson
Produção: Steven Spielberg, Marck Johnson e Henry Winkler


domingo, 7 de abril de 2013

Capitulo 17 - Mais um crime

Dias se passaram e meu amigo continuava em suas pesquisas no laboratório, mas já havia policiais se revezando para vigia em frente ao nosso apartamento.
Recebi um telegrama destinado a Holmes. Deveria ser importante, então fui até sua mansão para entregá-lo, acompanhado por Ivy.
- É a resposta que eu aguardava do meu antigo professor. – confirmou-me.
Após ler atentamente o telegrama, Holmes se mostrou decepcionado.
- Ele me respondeu que, como paleontólogo, não conhece nada parecido com a descrição que eu informei, e me recomendou consultar um amigo dele que é criptozoologista. Ele escreveu o endereço no final do telegrama.
- Cripto o quê? – estranhei a palavra.
- Criptozoologista. – repetiu.
- O que é isso? – perguntei.
- Não faço a menor ideia. – respondeu-me com naturalidade.
Mesmo tendo um mente brilhante, Holmes não se envergonhava por não saber tudo.
- Vamos procurar o tal cripto. – convidou-me.
Seguimos para o endereço na nova carruagem de Holmes, dirigida pelo jardineiro da mansão, que havia aceito também o trabalho de cocheiro.
A casa de dois andares ficava em um bairro nobre da cidade, na qual fomos recebidos por um mordomo.
- Por favor, precisamos falar com o Professor Kenneth Finney. Sou Sherlock Holmes e este é o Doutor Watson. – apresentou-nos meu amigo.
O mordomo pediu para que aguardássemos, retornando minutos depois nos convidando para entrar.
Fomos conduzidos até uma sala de visitas simples, com pouco móveis e estranhamente, muitos caixotes espalhados.
- O morador deve ser pequeno. - comentou Holmes, em voz baixa.
Em segundos, o dono na casa entrou pela sala e, para meu assombro, era realmente um senhor de estatura muita pequena, aparentando ter uns cinquenta anos.
- Professor Finney, obrigado por nos receber. – disse meu amigo, praticamente olhando para o chão.
- É um prazer recebê-los, Senhor Holmes. Já ouvi falar muito a seu respeito. A que devo a sua visita? – perguntou-nos.
- O senhor me foi indicado por um velho amigo que temos em comum, o professor Kemphe. Ele me informou que o senhor é um criptozoologista.
- Sim, sou um dos mais conceituados. – gabou-se o anão.
- Precisamos de sua ajuda. - pediu Holmes.
- Em que posso servi-los? - ofereceu-se.
- Em primeiro lugar, o que é um criptozoologista? – perguntou Holmes.
O pequeno homem fez uma cara de desânimo. Após um breve suspiro, esforçou um sorriso gentil.
- Eu tenho um vasto estudo sobre animais pouco conhecidos, lendários ou mitológicos; animais que poucas pessoas conseguiram ver. - esclareceu o professor.
- E quantos animais desses o senhor já conseguiu ver? - indagou indelicadamente meu amigo.
O senhor ficou desconcertado.
- Nenhum! Eu só estudo com base nos relatos das pessoas que viram. - confessou o pequeno.
- Pois nós vimos uma criatura extraordinária. - entrei na conversa, antes que Holmes fosse inconveniente de novo.
- Ora, então sentem-se e me contem. - pediu o senhor.
Nós nos sentamos normalmente, mas o professor era tão pequeno que subiu em uma caixa de madeira para alcançar sua poltrona. Parecia um menino pequeno de bigode, em trajes de homem, escalando o sofá.
Após conseguir sentar-se, com as pernas esticadas na poltrona, uma vez que não tinha altura para dobrá-las, nos sorriu e mostrou-se todo atento para nossa história.
- O senhor deve ter ouvido falar sobre uma fera que atacou em um clube da cidade. - começou Holmes.
- Sim, eu li em vários jornais. Escreveram se tratar de um lobo. - comentou ele.
Intervi novamente e lhe fiz o relato.
- Não era um lobo, lhe garanto. Tinha mais de dois metros de altura, pernas e braços muitos finos, cobertos por pelos. Tinha pés e mãos humanas, embora houvessem garras e a cabeça parecia ser a de um lobo. - contei-lhe.
- Um homem lobo! - exclamou professor Finney.
- Era uma criatura real, Senhor. Tão real que senti suas garras e ele tinha uma força descomunal; me atirou ao teto do clube como se eu fosse uma vareta. - relatou Holmes.
- Mas você é uma vareta. - disse Ivy, em voz baixa.
Meu amigo lançou um olhar ameaçador para a menina.

- Não era uma lenda, senhor Finney, posso lhe garantir. - retornei rapidamente a conversa com o professor, para desviar a atenção de Holmes.
- Há relatos sobre homens lobos deste o século XVI. - afirmou-nos.
- E como se mata um homem lobo? - perguntei-lhe.
- Até onde eu sei, não há como matá-los. - explicou Senhor Finney.
- A criatura que atacou no clube foi caçada e levada para lá pelo Senhor Bell, que no final acabou sendo morto por ela. Quando a vimos, tinha a descrição que lhe foi feita pelo Doutor Watson, mas antes, quando foi caçada, ela nos foi descrita um pouco diferente. - comentou Holmes.
- A que horas vocês viram o homem lobo? - perguntou-nos.
- Um pouco depois da meia-noite. - informei.
- E suponho que a noite do ataque foi uma noite de lua cheia. Segundo os relatos sobre os homens lobos, eles sempre aparecem em noites de lua cheia. - prosseguiu o pequeno homem.
- Realmente era noite de lua cheia. - lembrei-me.
- Não era um homem. Quando foi caçada, a criatura era um bicho estranho, com corpo esguio e pele de lagarto, muito magro, com cabeça grande, olhos vermelhos e não trajava roupas. Ela foi capturada quando estava sendo atacada por um lobo na floresta. O Senhor Bell matou o lobo e colocou a criatura em uma jaula, levando-a ao clube. Lá, ela conseguiu quebrar a jaula e saiu, com pêlos e cabeça de lobo. - continuou meu amigo.
- Meu Deus! - surpreendeu o pequeno homem.
- O que foi? - perguntei a ele.
- Sigam-me até a biblioteca. - convidou-nos.
O senhor pulou da poltrona e seguiu rápido para o gabinete ao lado da sala de visitas. Era uma biblioteca gigantesca, com centenas de livros.
- Sua descrição se refere aos seres que mais estudo. Deixe-me procurar o livro do marquês D' Alveydre. - disse-nos, arrastando uma escada enorme.
Holmes observou os livros que estavam na direção da escada, a qual era escalada pelo pequeno senhor. Pela dificuldade que tinha para subir, só iria chegar até o livro quando fosse madrugada.
Meu amigou não aguentou esperar e, apenas esticando o braço, puxou da prateleira um livro onde se lia na capa "Missão da Índia", de Saint-Yves D'Alveydre. Holmes foi se sentar na enorme mesa redonda da biblioteca, deixando Senhor Finney na escada, com a mão na cintura, nos olhando inconformado.
-  Mas que falta de paciência! - reclamou o dono da casa.
- Melhor descer dessa escada com cuidado. Se cair desta altura, vai ser um suicídio. - disse-lhe Holmes, folheando as páginas do livro.
Só pude suspirar profundamente e sorrir envergonhado para o pequeno senhor, como pedido de desculpa.
 - Agartha? - estranhou Holmes, lendo o livro em voz alta.
- Sim, há três reinos intra terrenos. Agartha é um deles. - explicou o professor, descendo pela escada.
- Reinos intra terrenos? - foi a minha vez de estranhar.
- Isso mesmo, Doutor. Enquanto nós vivemos na superfície terrestre, abaixo dela há civilizações de milhares de seres. Um mundo dentro de outro mundo, também chamada de Terra Oca. - esclareceu.
- E por que eles não vivem na superfície? - indaguei, não acreditando na história.
- Alguns porque não suportam a luz do sol, outros porque pertencem a civilizações mais avançadas que a nossa. - explicou Senhor Finney, já chegando ao chão e vindo se sentar conosco, com o auxilio de um caixote para subir na cadeira.
- E como conseguem viver sem a luz do sol? - prossegui, curioso.
- Existe luz no mundo intra terreno, mas é muito mais sutil. A civilização de Agartha é composta de seres mais elevados intelectualmente que nós e de traços finos, mas há uma civilização primitiva, os reptilianos, que se parece com a descrição do ser que foi capturado. O corpo de pele grossa é devido à adaptação ao local onde vivem, e os grandes olhos vermelhos lhes são faróis para enxergar no escuro. - contou-nos.
- E são amigos ou inimigos? -interrompi novamente.
- Quem sabe? O exemplar caçado deve ser um curioso, que achou um portal para a superfície e veio conhecer o mundo terreno, onde foi atacado pelo lobo. E o ataque do lobo, a poucas horas da lua cheia aparecer, deve ter lhe causado uma mutação, ou uma maldição. - especulou Senhor Finney.
Holmes continuava a folhar atentamente o livro.
- Estranho um cientista acreditar em maldição. – comentou.
Senhor Finney nem se importou com a observação de meu amigo.
- Eu daria tudo para ver de perto um ser intra terreno. - continuou o pequeno homem com os olhos brilhando.
- O Senhor Bell deu a própria vida. - retrucou Holmes.
- São seres racionais como nós, Senhor Holmes. E assim como nós, há os bons e os maus, há os que salvam e há os que matam. - argumentou o professor.
- O Senhor fuma maconha? - perguntou meu amigo, novamente inconveniente.
- Como? - perguntou o professor, parecendo não ter ouvido a brincadeira de Holmes.
- Nada. Senhor Finney, sou muito grato por tudo que nos ensinou e por toda sua atenção. - disse Holmes, fechando o livro.
- Foi um prazer, Senhor Holmes, pode voltar quando quiser. E por favor, qualquer coisa que descobrirem sobre o ser, mantenha-me informado. - pediu o gentil homem.
- Na noite do ataque, o Doutor Watson atirou várias vezes na criatura e as balas não lhe causaram dano algum. Conseguimos espantá-la do local com fogo, e ela fugiu pela janela, quebrando o vidro. Analisei os pedaços do vidro em meu laboratório e não encontrei sangue, mas há partículas de pele. A jaula arrebentada pela criatura também está comigo em meu laboratório e está a sua disposição para estudá-los. Vou lhe dar o endereço de minha casa e avisarei a criada para recebê-lo quando o senhor quiser. - ofereceu meu amigo.
Os olhos do pequeno senhor brilharam.
- Não sei como lhe agradecer, Senhor Holmes. - disse o homem muito feliz.
- É o mínimo que posso fazer, depois de sua gentileza conosco. - sorriu meu amigo.
Após nos despedirmos, quis comentar minha impressão assim que entramos na carruagem para retornar ao nosso apartamento.
- Um homem muito gentil o Senhor Finney, mas completamente louco. Criptozoologista! Que especialidade mais maluca. – comentei rindo.
- Por ora, é a única teoria que temos. – disse meu amigo desanimado.
- Você acreditou nesta história de mundo intra terreno? – perguntei-lhe incrédulo.
- Por que não? Os oceanos, mares e rios são um mundo paralelo ao nosso, com uma diversidade de vida diferente da humana. Mundos diferentes dentro do mesmo planeta. - refletiu meu amigo.
- O homem dedica seu tempo a estudar lendas! E você não o levou a sério, ou não teria lhe perguntado sobre a maconha. - enfim, pude rir da brincadeira descabida.
- Se fuma, deve ser muito boa! - argumentou Holmes.
- Que lhe sirva de exemplo. Pare de se drogar ou vai acabar virando um criptologista! - aproveitei-me também para fazer graça.
- O que achou "senhorita encrenca"? - meu amigo pediu a opinião da menina.
- Por que aquele senhor não cresceu? - era a dúvida de Ivy.
- Uma excelente observação para alguém da sua idade! Watson com certeza tem a explicação para a sua pergunta. - disse-lhe Holmes rindo.
Olhei bravo para ele. Como explicar genética para uma criança que ainda estava aprendendo a ler e escrever?
Segui para a Backer Street e deixei Holmes em sua mansão. Ele nunca havia passado tanto tempo naquela casa antes. Não quis comentar, mas sabia que era devido a presença da menina em nosso apartamento.
Chegou à tarde de sexta-feira em que combinei com a Senhorita Riley de comparecer ao chá em sua casa.
Apesar de ser a oportunidade para prosseguir com suas investigações, Holmes estava desanimado em ter que ir. Era o tipo de reunião onde, com certeza, encontraríamos senhoritas a procura de casamentos.
Fomos recebidos no portão da mansão pela gigantesca criada alemã que olhou para Holmes com cara de desconfiança. Subindo as escadas que levavam a porta da casa, era possível ver três cães da raça great dane muito bravos, presos na lateral do jardim.
Senhorita Riley abriu um sorriso imenso ao nos ver entrar.
- Doutor Watson e Senhor Holmes, nem acredito que vieram! Sejam muito bem vindos.
- Como poderíamos recusar um convite tão gentil? – cumprimentei-a.
- É um prazer revê-la Senhorita. – Holmes beijou-lhe a mão, mas sua atenção estava na criada.
A mulher o olhava de um jeito muito frio e meu amigo a encarou como se estivesse aceitando um desafio.
Senhorita Riley nos pediu licença para receber outros convidados, no que foi seguida pela criada que confrontou Holmes até o último momento.
Meu amigo, que também manteve o olhar desafiador até o último instante, me sorriu animado após perder o contato visual com a alemã.
- Ela vai me vigiar o tempo todo!
- E acha graça nisso? – estranhei sua animação.
- Um desafio torna as coisas mais interessantes. – disse-me, indo se misturar às demais pessoas do salão.
Fiquei conversando com dois senhores que conheci por ali e observando meu amigo de longe, achando muito graça em seu comportamento. Parecia estar se divertindo, sendo a celebridade da reunião. Todos queriam se aproximar dele, principalmente as senhoritas.
Ele não parava muito tempo em um lugar, uma hora estava atendendo umas senhoritas, daí a pouco já estava com alguns senhores, e logo após já estava em outra roda. A criada ia para a cozinha e toda vez que retornava para a sala, o procurava com o olhar. Ás vezes parecia perdida o procurando, de tanto que meu amigo circulava pela enorme sala do segundo andar da casa.
Fui até o terraço sozinho para observar o jogo de gato e rato entre a criada e Holmes, quando Senhorita Riley se aproximou.
- Todos esses dias, sem ter nenhuma noticia sua, cheguei a pensar que não queria mais me ver. – surpreendeu-me.
Pelo jeito doce com que me falou, demonstrou ter acreditado que eu a cortejaria depois do nosso primeiro encontro.
- Foram dias de muito trabalho, mas nada me impediria de vir vê-la hoje. – menti.
- Pois fiquei tão ansiosa por encontra-lo de novo que se o Doutor não aparecesse, eu seria obrigada a procurá-lo – confessou-me.
Sua demonstração de interesse por mim foi tão explicita que me deixou encabulado.
- Não faz muito tempo que fiquei viúvo, por isso tenho dedicado muito tempo ao meu trabalho como forma de aliviar meu sofrimento. – disse-lhe com a intenção de fazê-la entender que eu não estava disposto a começar um novo relacionamento.
Ela não conseguiu disfarçar seu desapontamento, mas voltou a insistir.
- Um novo amor seria a solução para o seu sofrimento.
Notei que Holmes havia desaparecido do salão e que a criada o estava procurando entre os convidados, com uma bandeja de chás na mão.
- Sua criada parece ter algum interesse em meu amigo. Desde que chegamos, ela não tira os olhos dele. – comentei.
Eu precisava fazer alguma coisa, antes que a alemã viesse contar a Senhorita Riley que Holmes havia desaparecido.
De repente, ele surgiu muito sorrateiramente e elegante com sua bengala, parando atrás da criada.
A alemã, que fazia cara de quem estava convencida de que meu amigo estava aprontando algo, virou-se e se assustou com sua presença ali, arregalando olhos para ele.
- Perdoe-me, eu a assustei? Estava me procurando? – disse ele, com cara de inocente e muito bem educado.
- O senhor ainda não tomou chá. – respondeu ela, pausadamente, tentando disfarçar o embaraço.
- Colocou açúcar? - perguntou ele.
- Não. - respondeu com olhar ainda assustado.
- Colocou veneno? - brincou meu amigo.
- Não. - respondeu brava.
Holmes pegou uma das xícaras de chá da bandeja.
- Obrigado. – sorriu muito gentil para a criada.
Senhora Riley percebeu que sua criada estava sendo inconveniente com sua perseguição inexplicável ao meu amigo.
- Com licença, Doutor Watson, preciso falar com minha governanta. – retirou-se Senhoria Riley, seguindo a criada em direção à cozinha.
Holmes, sem ao menos tocar no chá, colocou a xícara em cima da mesa próxima, me sorriu e saiu furtivamente pela sala, desta vez realmente desaparecendo.
Com certeza, Senhorita Riley estava lá dentro repreendendo a criada, e agora ele poderia investigar a casa em busca de pistas.
Continuei ali no terraço, meio escondido, para evitar conhecer as moças interesseiras.
Senhorita Riley vinha em minha direção novamente quando, para minha sorte, foi interrompida por uma senhora que solicitou sua atenção.
A formosa senhorita era uma mulher muito bonita e atraente, mas meus sentimentos por Mary ainda eram muito fortes.
Fiquei um bom tempo ali sozinho. A criada retornou à sala poucas vezes, mas nem se atreveu a olhar para o lado e procurar meu amigo.
Já estava ficando preocupado com a demora de Holmes, quando ele surgiu no terraço com cara de preocupação.
- Achou alguma coisa? – sussurrei.
Antes que pudesse me responder, seu olhar assombrado se fixou em algo no jardim dos fundos da mansão.
Olhei para ver o que havia lhe chamado à atenção e era apenas uma enorme e retangular pedra de mármore, dessas usadas para esculpir esculturas, mas ainda em estado bruto, disposta sobre o gramado.
Senhorita Riley se aproximou novamente.
- Senhor Holmes, deu atenção a todas as mulheres na reunião, menos a mim. – cobrou ela.
- Pois saiba que era a única a quem eu queria dar atenção. – respondeu ele, todo galanteador, beijando-lhe a mão.
Eu e a Senhorita ficamos surpresos.
- Desde a primeira que a vi, espero por uma oportunidade para lhe confessar que sou um admirador de sua beleza. – continuou ele, olhando apaixonado para ela.
- E eu pensei que estivesse me evitando na casa do Senhor Roy. – comentou ela.
- Como pude lhe passar uma impressão tão errada! – disse ele, de forma doce.
Os dois saíram de braços dados conversando, como se eu não estivesse ali.
Fiquei de boca aberta pelo comportamento de Holmes. Ele sabia que a senhorita estava interessada em mim! Como pode cortejá-la na minha frente?
Enquanto eu os observava de longe, os dois seguiram por um corredor da casa se afastando dos demais convidados.
Não consegui entender o comportamento de meu amigo e, de tão intrigado, os segui.
Não mais os encontrando no corredor, caminhei observando as portas, quando ouvi um ruído baixinho vindo de um dos cômodos.
Sem fazer o menor barulho, entreabri a porta do cômodo vagarosamente para espiar pela fresta. O local era uma biblioteca e lá estavam os dois, se beijando apaixonados.
Holmes, por ser muito mais alto, a havia levantado em seus braços, e ela com os pés no ar, o abraçava com as mãos em seu cabelo, enquanto se beijavam.
Senti-me traído, mesmo não tendo nenhum compromisso com ela. Naquela mesma tarde, ela estava tão interessada em mim e agora estava se agarrando com o meu melhor amigo. E ele, que fugia de mulheres como o diabo foge da cruz, que paixão repentina era aquela?
Fechei a porta e voltei para a sala, muito bravo. Alguns senhores se aproximaram para conversar sobre trivialidades, mas eu mal conseguia prestar atenção no que diziam.
Passado uns vinte minutos, Senhorita Riley e o meu grande amigo, ladrão de senhoritas apaixonadas, retornaram à sala. Ele me deu sinal para irmos embora.
Já era noite quando me despedi da Senhorita, que se limitou apenas a ser educada, como se nunca tivesse flertado comigo.
- Obrigada por ter vindo Doutor.
- Foi uma tarde muito agradável. – agradeci beijando-lhe a mão.
Entrei na carruagem e fiquei observando Holmes se despedir dela. Ele falou algo em seu ouvido e ela riu com o olhar apaixonado. Apesar de já ter seus quarenta anos, a senhorita parecia uma jovem com os olhos brilhando.
Meu amigo entrou na carruagem e partimos.
Respirei fundo e lhe falei pausadamente, segurando minha raiva.
- O que deu em você?
O seu ar galanteador e apaixonado havia ficado na casa da senhorita; ao meu lado estava o velho Holmes de sempre, de olhar sério e pensativo.
Ele retirou de seu bolso uma foto e me entregou.
- Encontrei isso no porão. Há dezenas de fotos e quadros deste casal lá.
Na foto havia um senhor e uma senhora, já bem velhos e muito felizes, trajando roupas de caçadores. Pelo cenário atrás deles, pareciam estar na África.
- Quem são eles? – não entendi.
- Se o porão da casa está repleto de fotos deles, quem mais poderiam ser senão os donos da casa! – esclareceu-me.
- Os pais da Senhorita Riley, os que faleceram no ano passado? – continuei a observar a foto.
- Sim, os pais muito doentes, pelos quais ela passou toda a vida reclusa para lhe dar seus cuidados. – disse irônico meu amigo.
- Vai ver que está foto é antiga. – especulei.
- Se esta foto é antiga, no ano passado eles já seriam múmias de duzentos anos quando morreram! Olhe atrás da foto. – indicou-me.
No verso estava escrito uma data do ano anterior, com números bem desenhados.
- A foto é do ano passado. Eles foram caçar no ano passado. – repeti para mim, tentando entender.
- A Senhorita Riley não é quem pensamos. Ela mentiu. Nas fotos do porão, eles estão em diferentes lugares pelo mundo. É por isso que a família Riley não frequentava a sociedade; eles estavam sempre viajando. E eles gostavam muito de serem fotografados pela quantidade de fotos que encontrei, mas em todas elas, só há os dois, não há nenhuma foto da Senhorita Riley com eles, nem mesmo uma foto dela sozinha. – comentou meu amigo.
- Descobriu que ela é uma mentirosa e resolveu conquistá-la? – critiquei-o.
- Livrei você do assédio de uma possível assassina, meu caro. – esclareceu-me.
- Não precisava! Eu poderia flertar com a Senhorita para investigá-la – inventei na hora, só para lhe mostrar minha indignação.
- Ora, Doutor, se quer cortejar alguém para me ajudar na investigação, volte lá e convide aquele “armário alemão” para jantar! – mandou-me Holmes.
- A criada? Nem morto! O que pretende fazer agora? – mudei de assunto para escapar da brincadeira dele.
- Amanhã vou ter que ir a todos os cemitérios. Preciso descobrir onde os pais dela foram enterrados. Tenho uma suspeita a este respeito. – contou-me.
- Quem sabe eles podem estar vivos? – especulei.
- Creio que foram assassinatos! Isto explicaria o pavor delas no primeiro dia em que estivemos em sua casa com Lestrade. Elas pareciam ter medo que algo tivesse sido descoberto. Viu como o “armário alemão” está com medo de mim? A relação entre elas não é só de senhora e criada, há algo a mais. – respondeu-me.
- Se são assassinas, por que não queimaram as fotos? - estranhei.
- Alguém que quer esconder um crime não vai chamar a atenção para a casa com cheiro de queimado. - contou-me.
- E você flertou com a Senhorita para investigá-la? Acha que ela vai se apaixonar por você e lhe confessará tudo? – brinquei ainda magoado.
- Não seja tolo! Pretendo provocar uma briga entre ela e a criada para ver o que acontece. Não lhe entendo Watson! Você estava claramente recusando o assédio dela, por que está tão ofendido por ela ter aceito que eu a cortejasse? – estranhou ele.
- Ela me esqueceu rápido demais! Parecia tão interessada em mim e foi só algumas palavras suas para ela simplesmente me ignorar. – retruquei.
- O que poderia esperar de uma mulher? – brincou ele.
Melhor nem discutir. O machismo de meu amigo era pura defesa para nunca mais se envolver afetivamente com outra mulher. A perda de Elizabeth nunca foi superada.
- Desaforo! Jamais imaginei que um dia você pudesse me roubar uma senhorita! - ralhei novamente.
- Watson, aceita que dói menos! - respondeu-me Holmes, com cara de quem tinha que ter muita paciência.
Algo estranho passou correndo muito rápido pela nossa carruagem indo na mesma direção que íamos; só foi possível ver um vulto muito esguio. 
Eu e meu amigo olhamos pela janela, mas o vulto já havia desaparecido.
- Estranho! – foi só o que consegui dizer.
- Não é a primeira vez que isso acontece. Três dias atrás, eu estava retornando para casa à noite em um coche de aluguel, e aconteceu a mesma coisa. É como se alguma coisa estivesse me seguindo. – contou-me.
Descemos em nosso apartamento e subimos rapidamente. A carruagem foi levada pelo cocheiro à mansão de meu amigo, onde havia a cocheira.
O policial que fazia a vigia em nosso prédio estava andando de um lado para o outro na rua.
Segui Holmes, que correu para janela. 
Na esquina do outro lado da rua, mesmo longe de onde estávamos e mesmo estando muito escuro, era possível ver dois círculos vermelhos, bem maiores que olhos humanos, a dois metros de altura acima do chão, mirando a nossa janela.
Meu amigo retornou correndo pela escada, em direção à rua, mas foi só chegar à frente do prédio para que a coisa desaparecesse. O policial não percebeu nada.
- Eu ainda vou descobrir o que era aquilo. – afirmou ele, entrando novamente na sala.
Atrás dele entrou a Senhora Hudson.
- Boa noite meninos. Ivy estava com tanto sono que se despediu há uma meia hora e veio para cá dormir. – contou-nos.
Eu e Holmes nos olhamos desconfiados e corremos para quarto. Passou pela nossa cabeça que a menina havia mentido para ficar sozinha e fugir, mas ela estava mesmo no quarto e estava dormindo.
- Tudo bem? – perguntou-nos nossa vizinha, quando retornamos para a sala.
- Tudo bem, Senhora Hudson, ela está dormindo como um anjo. Muito obrigado por novamente ter cuidado dela para nós. – agradeci-lhe.
Despedimos da nossa gentil vizinha e Holmes foi para o banho, enquanto eu passei um bom tempo observando pela janela para ver se a “coisa” voltava.
Holmes conseguiu dormir rápido, mas eu continuava com o problema de insônia.
Na manhã do dia seguinte, meu amigo saiu cedo para investigar onde estariam enterrados os corpos dos pais da Senhorita Riley. Não pude ir com ele porque alguém precisava ficar com Ivy, e não seria nada interessante levar uma criança para visitar cemitérios.
Passei o dia dando aulas à menina, que me surpreendeu com sua facilidade em aprender. Se o pai soubesse o tesouro que tinha, jamais a machucaria.
Anoiteceu e Senhora Hudson veio buscar Ivy para lhe ensinar a fazer bolo.
Holmes chegou agitado.
- Encontrei um único túmulo da família Riley, Watson. E o falecido enterrado ali morreu há quarenta e três anos atrás! – contou-me.
- Eles podem ter sido enterrados em outra cidade ou país. – fiz minha suposição.
- Também fui aos necrotérios; não há registros do casal. Se eles não morreram em Londres, porque toda mentira sobre serem doentes e reclusos? E tem mais, como eles viajavam muito, fui até o porto com a foto deles e perguntei a todos por lá se alguém os conhecia. Tive a sorte de encontrar um marinheiro que os serviu em uma viagem para o Oriente há uns três anos atrás e sabe o que ele me revelou? – fez suspense.
- Não faço a menor ideia. – admiti.
- Eles não tinham filhos! – respondeu-me com o olhar brilhando.
- Está história está começando a ficar muito complicada. - suspirei.
- Preciso que você venha comigo à casa de Lana. – pediu-me.
- Ir com você à casa de Lana? Qual parte da história eu perdi? – estranhei o pedido dele.
- Preciso do Mingau, mas se eu for buscá-lo sozinho... aquela mulher é maluca, Watson. Preciso que me acompanhe para que ela se comporte. Também preciso que traga sua maleta de médico. – insistiu.
- Senhora Hudson está cuidando de Ivy, vou avisá-la que vamos sair e encontro você lá embaixo. – achei graça no seu pedido.
Fomos para a casa de Lana na carruagem de Holmes, que dispensou o cocheiro e foi dirigindo. Sentei-me com ele na frente para tentar entender a loucura que meu amigo estava planejando.
- Por que precisa daquele seu gato esquisito e da minha maleta de médico?
- Lembra-se daquela pedra de mármore no quintal interno da casa de Senhorita Riley? Não achou aquilo esquisito? – perguntou-me.
- Por que acharia esquisito, é apenas um ornamento ali. – respondi.
- Há três cães de guarda na casa, os quais com certeza devem ficar soltos quando as moradoras saem ou à noite. Cães enterram e desenterram ossos, por isso aquela pedra de mármore, para que eles não cavem no local. – explicou-me.
As coisas começaram a clarear em minha mente.
- Está me dizendo que a Senhorita Riley matou os pais e os enterrou no quintal da casa e colocou uma pedra de mármore em cima para que os cães não cavem os ossos. – conclui.
- Ela não é filha deles, portanto, ela não matou os pais. O casal Riley, quando viajava, com certeza deixava a casa aos cuidados de empregados. A senhorita, que não sabemos quem realmente é, e aquele “armário alemão”, devem ter forjado um testamento e eliminado o casal. – esclareceu.
- Mas se a criada ajudou na morte e no testamento, porque continuou sendo apenas uma criada? O que ela ganhou com isso? – encontrei uma falha.
- Isso eu ainda vou descobrir; o que sei é que aquela pedra de mármore é pesada demais para a falsa Senhorita Riley ter colocado ali, mas não para o “armário alemão”.
Chegamos à casa de Lana e pedimos que a criada nos anunciasse.
- Sherlock, Doutor! Que surpresa! – recebeu-nos graciosa como sempre.
- Como vai querida? – beijei-lhe mão.
- Agora feliz. Vocês irão jantar comigo! – convidou-nos.
- Não, preciso do gato. – pediu meu amigo.
- Por que precisa do nosso gato? – perguntou ela.
- Meu gato! Aposto que ele esta dormindo ao lado da lareira, em seu quarto. Correto? – sondou ele.
- Sim. E você conhece muito bem o caminho do meu quarto. – disse ela atrevida.
Holmes nem se importou com a provocação e subiu às escadas.
- Perdoe-me minha indiscrição, Doutor, mas fico à vontade na sua presença porque o senhor sabe que eu e Sherlock temos um romance digamos, moderno. – sorriu-me encantadora.
- Muito moderno! – só pude rir da presunção de Lana, afinal para meu amigo, ela era um pesadelo.
- Sou capaz de qualquer loucura por ele. – suspirou.
Holmes retornou com Mingau nos braços.
- Não sei o que vocês dois veem nesse gato feio. – comentei.
- Mingau é muito parecido com Sherlock. É inteligente, charmoso, corajoso e arrogante. – contou-me Lana.
- As pessoas me perguntam se Holmes é excêntrico e esquisito; este gato com certeza é. – brinquei.
- Posso me despedir do nosso gato? – pediu ela.
Lana se aproximou de Holmes para acariciar Mingau e aproveitou para olhar apaixonada para meu amigo e dizer “eu te amo” em um sussurro bem baixinho.
- Adeus Lana. – despediu-se ele, mantendo sua costumeira frieza.
Beijei novamente a mão de Lana e o segui para a carruagem.
- Holmes, porque precisa do Mingau? – estranhei.
- Ontem, quando fui à biblioteca conversar com a falsa Senhorita Riley...
- Conversar... Sei! – interrompi me lembrando do agarramento dos dois.
- Eu percebi que você abriu a porta, Watson, mas isso não vem ao caso. Quando conversamos ontem, ela me contou que, um pouco antes de aparecermos em sua casa para interrogá-la sobre o cocheiro, ela havia consultado uma cigana, a qual havia lhe dito que um homem rico, da mesma idade que ela e livre, surgiria em sua vida, se apaixonaria perdidamente por ela e que logo se casariam. – contou-me.
- Uma cigana? Ela acredita em previsões? – achei graça.
- Sim, não é uma tola? Por não sermos casados, ela pensou que seria um de nós dois. E depois de ontem,  ela acredita que seja eu. – continuou.
- Então a cigana acertou? – brinquei.
- Está dormindo Watson? Alguém aqui está apaixonado e com intenção de casamento? Ela me confidenciou que hoje a noite voltaria para consultar a cigana e eu a incentivei a ir. O fato é que ela não estará em casa agora e, se foi visitar uma colônia de ciganos, com certeza levou “o armário alemão” junto. A casa estará vazia e os cachorros soltos. – concluiu.
- E os cachorros pareciam bravos. Como vamos passar... é por isso o gato! Você vai usar o seu gato como isca para os cachorros! Como pode fazer isso com o Mingau? – fiquei horrorizado.
Se Lana descobrisse que Holmes pegou o gato para usá-lo como distração para cachorros, iria matar nós dois.
- E desde quando você se importa com o Mingau? E não precisa se preocupar! Mingau foi muito bem treinado para escapar facilmente de qualquer cachorro. Você precisa vê-lo correndo, é incrível. – elogiou.
- Você já usou o seu gato como isca antes? – assustei-me.
- Elementar, meu caro. – respondeu-me com naturalidade.
Holmes havia levado Mingau para casa na época em que me casei com Mary. Eu não imaginava que ele usava o gato em suas investigações e muito menos que colocava o pobre bicho para fugir de cães.
- Que horror! Que espécie de dono é você? - disse-lhe chocado.
- Não me olhe como se eu fosse um monstro, Watson. Você sabe muito bem que criei este gato a sardinhas. Este animal tem uma vida mil vezes melhor que a maioria das famílias desta cidade.
Meu amigo escondeu a carruagem um pouco distante da casa da Senhorita, e fomos a pé até o portão, levando o gato, minha maleta de médico e uma lanterna de vela. 
Como Holmes havia previsto, os cachorros estavam soltos e a casa estava toda escura; sinal de que não havia ninguém.
Meu amigo colocou o gato sobre o muro e como era o esperado, os cães ficaram afoitos com a presença do animal. Mingau parecia gostar da brincadeira, passeando tranquilamente pelo muro até o outro lado da casa, fazendo com que os cachorros o seguissem.
Eu e Holmes também subimos no muro e, de onde estávamos, era possível ver o gato, sentado no muro do outro lado, balançando o rabo e até miando bravo para provocar os cães, que pulavam desesperado para tentar pegá-lo.
Meu amigo e eu descemos para dentro do quintal da casa e seguimos em direção à pedra de mármore que, embora um pouco pesada, não ofereceu muita dificuldade para ser arrastada por nós dois. Conclui que Holmes tinha razão ao dizer que a Senhorita da casa não teria forças para arrastar a pedra, mas a criada alemã sim.
Também fiquei impressionado com a inteligência do gato; ele parecia saber o que estava fazendo porque toda vez que um dos cachorros se virara em nossa direção, se levantava e miava para provocar.
Colocamos nossos lenços sobre o nariz, amarrando na nuca para evitar o mau cheiro, caso realmente houvesse corpos ali, e nos ajoelhamos no local em que íamos cavar. Peguei em minha maleta dois pares de luvas e entreguei um par a meu amigo, que já havia acendido a vela da lanterna.
Cavamos com as próprias mãos e não foi preciso muito tempo para acharmos, em meio a terra, um lençol branco que estava enrolado em algo apodrecido. O mau cheiro era terrível.
Estávamos no fundo do quintal da casa e toda hora eu me levantava para dar uma olhada no portão. Precisava ficar atento à chegada da dona da casa. Teríamos pouco tempo para voltar a pedra no lugar e nos escondermos.
Com minha tesoura de médico, cortei o pano e em baixo encontramos o esqueleto de uma mão disposto sobre os ossos do dorso. Pela disposição da parte que encontramos, foi possível calcularmos onde encontraríamos a parte do crânio.
Nossa primeira intenção era somente descobrir se havia um cadáver ali para chamarmos a policia, mas a confirmação do corpo fez com que Holmes quisesse investigar mais afundo.
Continuamos a cavar mais acima, na direção da cabeça, e logo achamos novamente o pano; Holmes prosseguiu com a escavação ao redor até achar outro lençol. Após cortamos os tecidos, encontramos o que procurávamos; os dois crânios.
Mesmo com o lenço cobrindo seu nariz e sua boca, pude ver o sorriso de meu amigo.
- Nem precisaremos da autópsia para descobrir como morreram! – disse ele, apontando para um furo no centro da testa de um dos crânios.
Havia o mesmo furo nos dois crânios, sendo que em um deles, também havia outro furo na parte superior. Eles foram mortos com tiros nas cabeças.
Sem nos preocuparmos em arrumar os panos, jogamos a terra de volta no lugar e puxamos a pedra em cima, na posição que estava anteriormente.
Pulamos o muro para o lado de fora, pegamos Mingau do outro lado da casa e seguimos para a carruagem.
Coloquei as luvas e a tesoura em um saco para jogar fora. Holmes sentou-se na carruagem com o gato no colo.
- Bom trabalho, Mingau. – agradeceu ao gato.
- Vamos chamar a policia? – perguntei.
- Ainda não. Sabe Watson, quando encontramos os esqueletos, eu cheguei a pensar que talvez os crânios não estivessem ali. Pensei que eles pudessem ter sido decapitados. Isto ligaria a falsa Senhorita Riley e o “armário alemão” aos crimes dos "sem cabeças", mas não, os crânios estavam normalmente nos esqueletos e o assassinato se deu com tiros. – comentou.
- E o que pretende fazer? – fiquei curioso.
- Quando me despedi da nossa assassina ontem, disse-lhe que em breve a levaria para jantar. Preciso de um pouco mais de tempo para descobrir se ela tem ou não relação com os assassinatos dos "sem cabeças" e qual é verdadeira relação entre ela e a criada. – contou-me.
Reparei no gato e ele estava respirando pela boca.
- Precisamos de banho. – me dei conta que o mau cheiro dos cadáveres parecia estar impregnado em mim e no meu amigo.
- E urgente! – concordou meu amigo.

Capitulo 18 - O ataque

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